23/06/09

História em Portugal: Uma Ciência mais ou menos Exacta, por 2001


O exame da disciplina de História A do 12º ano de hoje tinha um erro (mais um!). Escrevia-se que Gorbatchev foi dirigente do PCUS e presidente da URSS de 1985 a 2001 quando na realidade foi de 1985 a 1991! O Ministério já veio justificar: não foi um erro mas uma gaffe! E não há problema «porque não prejudicou o raciocínio para responder». Além disso terá sido corrigido a tempo, antes do exame começar. Bem, eu sei que não é nada assim…

Um erro cronológico numa disciplina como História é, claramente, um erro grave. Muito mais por se tratar, precisamente, da ciência do tempo. Será que não se descontaria o erro de um aluno que escrevesse que a segunda guerra começou em 1929? Claro que sim. E, no entanto, são só dez anos a menos... Só que dez anos em História Contemporânea faz uma diferença brutal e o exame incidia, precisamente, sobre História Contemporânea. Trata-se de um erro inadmissível no contexto da disciplina e da matéria, tanto mais que não é a primeira vez que equipas nomeadas pelo MEC para prepararem exames dão estes erros. E estas equipas, valha-as Deus, não fazem mais nada durante um ano que nã seja preparar estes exames finais. ninguém se lembrou de confirmar o raio da data? Mas deviam... De qualquer modo, sempre ficamos a saber que para o MEC os erros cronológicos não importam muito desde que «não atrapalhem o raciocínio»!

Também não é verdade que o erro foi corrigido no início da prova em todas as escolas. Fora de Lisboa a correcção só chegou mais de uma hora depois da realização do exame, o que transtorna, principalmente se o aluno já estiver a elaborar a resposta.

Finalmente é brincadeira chamar a isto «gaffe» ( gaffe e não gralha. Tenho para mim que uma gaffe é ainda pior que um erro, mas enfim, é o termo usado pelo MEC). Gaffe/gralha seria se se escrevesse, por exemplo, 1992 em vez de 1991. Mas não. Os dígitos são inteiramente diferentes: 2001! Erro! Escrever «exmplo» em vez de «exemplo» é uma gaffe, ou melhor, uma gralha; mas dizer que a revolução francesa ocorreu em 1652 quando ocorreu em 1789 não é uma gaffe, mas um erro. Um erro científico grave, tanto mais,se for cometido no âmbito da disciplina de História. Parece que em Portugal se cultiva a História enquanto ciência das datas que são mais ou menos... Dez anos para trás ou para a frente, tanto faz… Não era o que Heródoto tinha em mente, mas enfim…Triste país que acha tudo isto «NORMAL»! Confere.

11 comentários:

Cão disse...

O que conta um erro de dez anos num país atrasado há 866?

brit disse...

O quadrilátero é uma gafaria, é o que é...

Anónimo disse...

Erros qualquer um dá. Mas uma coisa é um erro aqui no Porco; outra é um erro num exame nacional. Estas equipas (!!!???) dos exames, nomeadas não se sabe segundo que critérios pelo MEC, estão o ano todo a trabalhar nisto! Passam um ano a preparar este teste. Quanto a mim, um erro como este pode acontecer. Mas não num exame em que os autores têm UM ANO para o fazer. E pior ainda são as justificações do MEC a mandar para canto, isso é muito pior que erro em si.

Cão disse...

Que critérios? Ser do PS (Partido Sócrates) ou não ser.

Anónimo disse...

o pior, o alucinante mesmo, é que esta excelsa dona de casa à lá norman rockwell que dá pelo nome de maria de lurdes rodrigues criou um gabinete xpto, amplo, dotado e orçamentado à grande, que se destinou precisamente e exclusivamente a elaborar estas provas e a assegurar a inexistência de erros/gralhas/gaffes. pelo vistos não. metiam-me lá a mim, pagavam-me um centésimo e ó menos eu metia lá umas gralhas com piada. depois subcontratava o Cão que sempre ia metendo uns piretes aqui e ali e a gente sabe o que malta nova gosta de piretes. e num exame, alivia.

graúdo

Anónimo disse...

E que excelsos piretes fazia o canídeo, santo deus, até em origami.

ovideo

Cão pireteiro disse...

eu é mais piretes, de facto. descobriram-me a cãoreca.

Anónimo disse...

eram carecas, eram

ovideo

Theresa Castello Branco disse...

Se houvesse um erro deste calibre na prova de Matemática, caía Troía. Mas como é só em História. Acho pior a desculpa do que o erro. Aqueles senhores parecem não saber o que é uma gaffe. Theresa S, de Castello Branco

profs disse...

Preciso falar com o Xiita. "Joana"

joão josé cardoso disse...

Em nome do rigor histórico, essa do não é erro é gaffe, não é do ministério,é da presidenta da Associação de Profes de História. O que é ainda mais grave.