A antena 1 da RDP tornou-se uma não rádio, isto é, tornou-se a negação de tudo o que interessa. A estação leva à letra essa aberração legal que é a obrigação de passar uma percentagem brutal de música portuguesa. Resultado: na antena 1, com algumas excepções, só se ouve não música! Reduzida à oferta portuguesa a estação ignora olimpicamente a boa música que se faz no mundo para se tornar na estação dos andré sardets, dos abrunhosas, das mafaldas veigas e dos joões pedros pais. Pelo meio passa mais uma multidão de medíocres entre os quais se contam uns estranhos e desconhecidos fadistas de dimensão paroquial. Eu gosto de rádio e gostava de ouvir música na estação do estado. Mas não posso - para ouvir música a sério tenho que meter um cd porque, infelizmente, a rdp 1 leva a sério um preceito legislativo que parte do princípio de que mais vale a maçã reineta só porque é portuguesa que um bom camarão de moçambique porque não o é. Ora eu estou farto de ter gramar com bosta só porque tem lá o rótulo «made in portugal».
Ultimamente a rdp 1 tornou-se também numa não rádio a nível noticioso. Agora, além de fugir a passar música, também passou a fugir a dar notícias. O caso PRM é um exemplo flagrante. Desde que o jornalista foi censurado da grelha da antena 1, muita coisa se passou. Mas a rdp fez questão de o ignorar - não noticiou nem, muito menos, apresentou os desenvolvimentos deste caso que chegou à assembleia da república (soube-o pelos jornais e pela tsf, não pela 1). Foi como se não se tivesse passado nada!
Entretanto, os comentadores desta rádio, de um modo geral, continuam fazer crónicas sobre as violações dos direitos humanos na patagónia e sobre a cultura do arroz no indostão enquanto assobiam para o lado perante este caso de saneamento político do colega do lado. Filantropos com o dalai lama no tibete e indiferentes com o vizinho do lado. Até gosto de alguns comentadores da rdp 1 - mas acho espantoso como é que, nestas semanas todas, conseguiram passar ao lado deste caso (pelo menos a generalidade). Se não estão com o colega ao menos que declarem o seu apoio à administração - calados é que é intolerável!
E assim aquela que devia ser uma estação de serviço público passou a orientar-se ( não é só de agora, diga-se de passagem, isto já vem de trás) por critérios de natureza nacionalista -pacóvia e de subserviência política. E nós continuamos a sustentar estas abencerragens (junte-se-lhe a rtp) contra as próprias promessas eleitorais do governo. Privatizem-nas, já!
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