Se há uma coisa que detesto é o desporto motorizado! Este é um ódio de estimação que me vem de pequeno, dos Rallyes de Portugal, em que me obrigavam a subir a penantes a Serra da Lousã. Duas horas de Automotora nojenta, quatro horas de penantes Serra acima, pra ver a Michelle Mouton a curvar a 100 à hora durante precisamente meio segundo.
Mas há ainda pior que isto, na pessoa dos fanáticos dos carros e motores. Gajos que falam e discutem as bielas, os platinados, os carters, os segmentos e as barras de direcção. Temos por cá dois desses espécimes na Confraria, o que até nem é muito em 17 porcos imundos, mas temos a sorte de se calarem com as bielas e os platinados logo à primeira arrochada.
Mas ainda pior que tudo isto, é a Fórmula 1. Meu Deus! Que coisa atroz. Mas qual é o interesse de ver uma série de carros todos iguais, que fazem no mesmo sitio 100 voltas em redondo. A grande emoção, é que, às vezes, numa das cem voltas, um deles ultrapassa outro. Parece que tal acontece umas duas ou três vezes, por corrida.
Daí que, quando aqui há uns anos dei por mim a parar num artigo sobre Formula 1, quando en passant passava os olhos pelo Público, estranhei! É que, não obstante a tradicional carripana de F1 na foto cimeira, as gordas falavam era de marisco! Bogavantes? Langostinos? Eh lá, destes bólides de F1, já eu gosto!
E vai de ler a coisa em pormenor. Em pormenor e com direito a imediato recorte e religiosa guarda, que com estas coisas não se brinca. Foi a primeira vez que ouvi falar do Romerijo. E a coisa resume-se em três penadas. O artigo era sobre o Grande Prémio de Espanha de F1, que pela primeira vez se disputava no novel Autódromo de Jerez de La Frontera. O Jornalista enviado à última da hora pelo “Público”, além de não conseguir já qualquer acreditação para o tourel, onde não pôs sequer os pés, só veio a conseguir alojamento numa pensão manhosa de Puerto de Santa Maria, cerca de 20 km a sul. E como não pôde falar de F1, a não ser dos resultados que viu na televisão, falou em pormenor do que descobriu na desembocadura do Rio Guadalete: a Ribera del Marisco e o Romerijo.
Aí, no maior porto marisqueiro de Espanha e da Europa, encontra-se o Romerijo. Que é nem mais nem menos que o maior mayorista y minorista de marisco y pescados de España, e que ali na Ribera del Marisco, alimenta diariamente, com frescura, cozedura e fritura inigualáveis, dois estabelecimentos tamanho-gigante, que frente a frente na rua e mano a mano na lide, alimentam a horda insaciável.
De um lado da rua, temos o Cocedero e do outro, a Freiduria, sendo que pelo meio, em esplanadas, arcadas, jardins, pérgolas e salas intermináveis, se abanca na Cervecería.
O mastigante depois de passar pela caça à mesa (a pior critica que fazem ao Romerijo, com sites de discussão na net) vai de Cocedero e dali traz para a mesa a preços catitas em cartuchos de papel, raciones de gramas ou kilos, de tudo quanto seja marisco cozido, inteiro ou partido, grande ou pequeno, raro ou comum, às cores ou às riscas.
Ali me apresentei eu às Galeras de Peníscola, às Nécoras Galegas, aos Percebes Gigantes da Mujía, aos menos gigantes de Marrocos, às Patitas de Santola, às Coñetas, aos Canaíllas, às Patas Rusas e aos Bigaros. Ali travei cerrados duelos florais com Bueys de Mar, Cigalas Gordas, Bocas Chicas, e Quisquillas. Ali prestei honras aos Langostinos, Bogavantes, Langostas e Camarões Tigres como Bengalas. Ali confraternizei com Camarões de toda a áfrica de Madagáscar aos Camarões. Ali se me embaciaram de comoção estes olhos gulosos, perante tantos tamanhos e proveniências de búzios, burriés, ameijoas e ostras, conquilhas e caranguejos, gambas e cabra-cegas. De certeza que metia dó olhar para a beiçaria gulosa deste lambão. E nem digo mais, que a alembradura é dolorosa.
Logo que abastecido de cocidos, o mastigante atravessa a rua e vai à Freiduria. Ah, a Freiduria! Um regalo, de sabor e de preços. Abastecimento completo: Chipirones, Puntillitas, Ovas Adobadas, Huevas de Atún, Acedias, Gambas Rebozadas, Sardinhas tamanho petinga, Cazón, Merluza, Calamares, Pijotas, Rabas, etc, etc, tudo fritinho e quentinho. As Puntillitas que estalam na boca, as Gambas crestantes de sabor adocicado, o Cazón exquisito que corta o adocicado. Tudo à bruta e à fartazana. Fresco que até doi. Bem frito, num polme inigualável como só os nuestros hermanos sabem fazer.
Prá mesa traz-se tudo em cartuchos de papel. De pratiduras, só os copos da cervejola Cruzcampo, que garçãos atenciosos trazem a toda a hora. Como o pessoal que ali vai não facilita e abanca e afinfa como se aquela fosse a última ceia, a garçonage traz também para a mesa um Balde, grande, tamanho-famelga, destinado a servir de caixote de lixo. Talheres não há e Guaranás, por mais que peçam, também não. E convém não insistir, que os garçãos aturam tudo, mas há limites!
No mais, resta avisar a trupe ecologista de que é melhor nem se aproximar da Ribera del Marisco ou do Romerijo. Até a mim, alambazante empedernido, aquilo por vezes dói. E o mais engraçado, é que quanto mais me dói no cérebro, melhor me sabe no estômago. Imagino que ali, um defensor de bichinhos, pura e simplesmente, cai pró lado fulminado. É que muito do que por ali se come é do tamanho com que o espécime saiu da gravidez materna. Ilegal, portantos. Criminoso, mesmo. Em qualquer mesa de Portugal ia logo tudo pá Esquadra. Mas em España, essa coisa dos tamanhos são pormenores, minudências legais de Bruxelas, que não afectam a mastigação e só melhoram o sabor apimentado da bicharada.
Perdoai-lhes Senhor, porque eles sabem o que fazem!
Mas há ainda pior que isto, na pessoa dos fanáticos dos carros e motores. Gajos que falam e discutem as bielas, os platinados, os carters, os segmentos e as barras de direcção. Temos por cá dois desses espécimes na Confraria, o que até nem é muito em 17 porcos imundos, mas temos a sorte de se calarem com as bielas e os platinados logo à primeira arrochada.
Mas ainda pior que tudo isto, é a Fórmula 1. Meu Deus! Que coisa atroz. Mas qual é o interesse de ver uma série de carros todos iguais, que fazem no mesmo sitio 100 voltas em redondo. A grande emoção, é que, às vezes, numa das cem voltas, um deles ultrapassa outro. Parece que tal acontece umas duas ou três vezes, por corrida.
Daí que, quando aqui há uns anos dei por mim a parar num artigo sobre Formula 1, quando en passant passava os olhos pelo Público, estranhei! É que, não obstante a tradicional carripana de F1 na foto cimeira, as gordas falavam era de marisco! Bogavantes? Langostinos? Eh lá, destes bólides de F1, já eu gosto!
E vai de ler a coisa em pormenor. Em pormenor e com direito a imediato recorte e religiosa guarda, que com estas coisas não se brinca. Foi a primeira vez que ouvi falar do Romerijo. E a coisa resume-se em três penadas. O artigo era sobre o Grande Prémio de Espanha de F1, que pela primeira vez se disputava no novel Autódromo de Jerez de La Frontera. O Jornalista enviado à última da hora pelo “Público”, além de não conseguir já qualquer acreditação para o tourel, onde não pôs sequer os pés, só veio a conseguir alojamento numa pensão manhosa de Puerto de Santa Maria, cerca de 20 km a sul. E como não pôde falar de F1, a não ser dos resultados que viu na televisão, falou em pormenor do que descobriu na desembocadura do Rio Guadalete: a Ribera del Marisco e o Romerijo.
Aí, no maior porto marisqueiro de Espanha e da Europa, encontra-se o Romerijo. Que é nem mais nem menos que o maior mayorista y minorista de marisco y pescados de España, e que ali na Ribera del Marisco, alimenta diariamente, com frescura, cozedura e fritura inigualáveis, dois estabelecimentos tamanho-gigante, que frente a frente na rua e mano a mano na lide, alimentam a horda insaciável.
De um lado da rua, temos o Cocedero e do outro, a Freiduria, sendo que pelo meio, em esplanadas, arcadas, jardins, pérgolas e salas intermináveis, se abanca na Cervecería.
O mastigante depois de passar pela caça à mesa (a pior critica que fazem ao Romerijo, com sites de discussão na net) vai de Cocedero e dali traz para a mesa a preços catitas em cartuchos de papel, raciones de gramas ou kilos, de tudo quanto seja marisco cozido, inteiro ou partido, grande ou pequeno, raro ou comum, às cores ou às riscas.
Ali me apresentei eu às Galeras de Peníscola, às Nécoras Galegas, aos Percebes Gigantes da Mujía, aos menos gigantes de Marrocos, às Patitas de Santola, às Coñetas, aos Canaíllas, às Patas Rusas e aos Bigaros. Ali travei cerrados duelos florais com Bueys de Mar, Cigalas Gordas, Bocas Chicas, e Quisquillas. Ali prestei honras aos Langostinos, Bogavantes, Langostas e Camarões Tigres como Bengalas. Ali confraternizei com Camarões de toda a áfrica de Madagáscar aos Camarões. Ali se me embaciaram de comoção estes olhos gulosos, perante tantos tamanhos e proveniências de búzios, burriés, ameijoas e ostras, conquilhas e caranguejos, gambas e cabra-cegas. De certeza que metia dó olhar para a beiçaria gulosa deste lambão. E nem digo mais, que a alembradura é dolorosa.
Logo que abastecido de cocidos, o mastigante atravessa a rua e vai à Freiduria. Ah, a Freiduria! Um regalo, de sabor e de preços. Abastecimento completo: Chipirones, Puntillitas, Ovas Adobadas, Huevas de Atún, Acedias, Gambas Rebozadas, Sardinhas tamanho petinga, Cazón, Merluza, Calamares, Pijotas, Rabas, etc, etc, tudo fritinho e quentinho. As Puntillitas que estalam na boca, as Gambas crestantes de sabor adocicado, o Cazón exquisito que corta o adocicado. Tudo à bruta e à fartazana. Fresco que até doi. Bem frito, num polme inigualável como só os nuestros hermanos sabem fazer.
Prá mesa traz-se tudo em cartuchos de papel. De pratiduras, só os copos da cervejola Cruzcampo, que garçãos atenciosos trazem a toda a hora. Como o pessoal que ali vai não facilita e abanca e afinfa como se aquela fosse a última ceia, a garçonage traz também para a mesa um Balde, grande, tamanho-famelga, destinado a servir de caixote de lixo. Talheres não há e Guaranás, por mais que peçam, também não. E convém não insistir, que os garçãos aturam tudo, mas há limites!
No mais, resta avisar a trupe ecologista de que é melhor nem se aproximar da Ribera del Marisco ou do Romerijo. Até a mim, alambazante empedernido, aquilo por vezes dói. E o mais engraçado, é que quanto mais me dói no cérebro, melhor me sabe no estômago. Imagino que ali, um defensor de bichinhos, pura e simplesmente, cai pró lado fulminado. É que muito do que por ali se come é do tamanho com que o espécime saiu da gravidez materna. Ilegal, portantos. Criminoso, mesmo. Em qualquer mesa de Portugal ia logo tudo pá Esquadra. Mas em España, essa coisa dos tamanhos são pormenores, minudências legais de Bruxelas, que não afectam a mastigação e só melhoram o sabor apimentado da bicharada.
Perdoai-lhes Senhor, porque eles sabem o que fazem!
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