25/09/06

Filhos da Região de Turismo do Oeste: guião para um episódio de uma série juvenil, por Manoel Bacoco

[A acção começa à porta principal da Escola Básica do 2º e 3º Ciclos numa cidade da região Oeste, nos arredores de Lisboa. Personagens: Professora de Biologia, Marta, João, Bernardo e Carolina. As duas raparigas saem do portão escola. Espera-as o Bernardo]

CENA 1

Carolina (para a Marta): Olha, não é o Bernardo?

Marta: Sim, parece. O que é que está ali a fazer? Será que faltou às aulas?

[Aproximam-se do Bernardo]

Carolina e Marta: Olá, Bernardo!

Bernardo (com um ar triste, o capacete debaixo do braço, encostado à mota. Veste roupa de marca. Fala com uma voz baixa]: Olá, Carolina, olá Marta…

Carolina: Passa-se alguma coisa?

Bernardo: Não, nada...

Marta: Faltaste às aulas.

Bernardo: ….

Carolina: E logo hoje que tivemos uma aula muito fixe de Biologia. Estivemos a estudar como se deve prevenir a SIDA.

Marta: Pois foi. A professora de Biologia é muito fixe. Hoje aprendi muita coisa.

Carolina: Deixa lá isso. Ó Bernardo, desculpa lá mas estás com um ar um bocado esquisito. O que é que se passa?

Bernardo: Nada, nada. Olha, tenho que me ir embora. Xau!

[Bernardo sai de cena, de mota. A câmara filma o Bernardo a desaparecer ao fundo da estrada]

Carolina [para a Marta]: Não achaste o Bernardo muito…

Marta: (responde afirmativamente com um aceno de cabeça) Isto é muito estranho…

CENA 2:

[No Centro Comercial, depois de almoço]

Marta: Olha, Carolina, aquele não é o João? É muito giro, não achas?

Carolina: Deixa-te de disparates, Marta, agora não é a altura ideal para esse tipo de comentários. ‘Bora falar com ele. Ele é a pessoa ideal para nos ajudar a descobrir o que anda a atormentar o Bernardo.

Marta: Pois é. João, João, aqui, somos nós…

João: Oi, olá miúdas, que surpresa. Estão porreiras?

Marta e Carolina: Nós estamos, e tu.

João: Eu estou óptimo, vim agora do treino de judo, vou almoçar com o meu pai e depois vou para as aulas de violino.

Marta: Sempre o mesmo João, muito atarefado, de um lado para o outro. Mas, será que nos podias dar um momento?

João: Porquê? Há algum problema?

Carolina: Não…

Marta (interrompendo): Há… pode ser que não, mas achamos que algo se passa com o Bernardo.

João: O Quê? O Bernardo? O que é que lhe aconteceu? Ele é um gajo bué de fixe… Digam-me, por favor, aconteceu alguma coisa?

Marta: Não sei, mas ele estava esquisito hoje ao fim da manhã. Queríamos falar contigo por causa disso.

João: Claro. Deixa-me só dar um toque ao meu pai. (Tira o telemóvel do bolso): ‘tou, pai, olha, passou-se agora aqui uma cena, não vou poder ir almoçar contigo, desculpa lá… eu sei pai… eu sei. Não te importas? De certeza? Pronto, obrigado, és um porreiro.

Carolina: O teu pai é mesmo fixe, quem me dera ter uma relação assim com o meu pai.

Marta: Estas relações constroem-se com base no diálogo e na confiança, Carolina.

João: Vá, meninas, deixem lá a psicologia agora. O que é que se passa com o Bernardo?

CENA 3:

[Na esplanada do Centro Comercial. Marta e Carolina colocam João a par da situação. João baixa a cabeça pensativo à medida que se vai inteirando da situação. De repente, avistam a professora de Biologia]

João: Olha, aquela não é a setôra de Biologia?

Marta: É.

Carolina: A setôra é bué de fixe. Fala connosco sobre todos os problemas que nos afligem. Olha, tive uma ideia, vocês não acham que é a pessoa ideal para nos ajudar a resolver o problema do Bernardo?

João e Marta: Isso, excelente ideia, Carolina. Setôra, setôra…!

Professora de Biologia: Olá, meninos, por aqui? Mas que agradável surpresa… Passa-se alguma coisa?

João: Bom…

Professora de Biologia: Vá, andem lá, já sabem que comigo podem contar sempre.

Marta: É o Bernardo, setôra…

Professora de Biologia: Pois é, então vocês também repararam que ele anda esquisito.

Carolina: Pois foi, setôra. Será que a setôra podia ver o que é que se passa?

Professora de Biologia: Vou tentar, deixem comigo.

CENA 4:

[No outro dia, à entrada da escola]

Bernardo: Olá, Marta. Olá Carolina, olá João.

Marta, Carolina e João: Olá, Bernardo. Estás muito mais alegre do que ontem. O que é que se passou.

Bernardo: Eh pá, vocês nem imaginam. Vocês são mesmo uns amigões. Tenho que vos agradecer.

Carolina: Então? Conta, não nos deixes assim… Vá lá.

Bernardo: Ontem, a professora de Biologia foi a minha casa falar comigo. Ela contou-me tudo. perguntou-me o que é que eu tinha, disse que eu andava estranho e que vocês tinham reparado.

Marta: pois foi…

Bernardo: Fui um palerma.

João: Anda lá, pá, conta

Bernardo: Vocês conhecem o Tó Jó, aquele tipo estranho do 9º H?

Todos: Sim, claro, o gajo é completamente passado.

Bernardo: Pois, ontem o gajo desafiou-me para faltar à aula de Biologia. Eu fui burro e aceitei. Depois fomos para o salão de jogos…

Carolina: Uiii… isso é cá um ambiente

Bernardo: E o Tó Jó desafiou-me a fumar um charro. Eu primeiro disse que não, mas depois…

Marta: Ah! Por isso é que tu estavas com aquele ar meio esquisito?

Bernardo: Pois foi. Mas a professora de Biologia já me explicou os malefícios da droga. E disse-me que eu tinha muita sorte em ter amigos como vocês.

João: Lá isso é verdade.

Bernardo (abraçando todos): Obrigado, meus amigos, vocês são os melhores amigos do Mundo.

João: Tens que vir para o judo comigo, para te manteres afastado desses perigos.

FIM

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