Estamos na época dos exames. Numa época em que os exames são encarados de uma forma administrativa e burocrática.
Primeiro aumentou-se o tempo para cada exame (não, senhora ministra, não é um problema de tempo, mas de saber — ou da sua ausência).
Depois o menino inscreve-se (ainda sem saber se vai efectivamente fazer o dito). E, por vezes, vai lá para ver como é (não há problema porque tem mais possibilidades para o fazer). Contudo, de cada vez que o menino manifesta vontade de fazer um exame, temos: três professores a fazer o exame, dois vigilantes, dois suplentes e, claro, o secretariado de exames (mais ou menos sete professores). Portanto, é só fazer as contas…
Mas, enfim, o aluno decide fazer o exame!
Depois de toda a parafernália em movimento, temos o momento sublime do aluno na sala de aula, a fazer o seu merecido exame.
Chamada, revista para ver se o aluno não leva telemóveis, ipood, máquinas de calcular marginais, apetrechos que constam do índex… e, claro, se o aluno quiser levar uma garrafita de água, tem de ser sem rótulo, pois pode lá escrever a fórmula do etanol ou os números do euro milhões!
Eis-nos, mesmo, na sala: os vigilantes fazem todo o trabalho burocrático, ensinando o aluno a preencher toda a papelada e confirmando, e reconfirmando (não vá o aluno ser disléxico, incompetente, distraído, com alguma necessidade educativa enfim…)
Nesse tempo interminável que dura o exame, os vigilantes não podem ler, falar, fazer barulho ao andar, estar no mesmo sítio, usar minissaia (que perturbador), saltos altos (ai o barulho). Devem rodopiar silenciosamente pela sala, olhar permanente e atentamente os estudantes e, ao mesmo tempo, passar despercebidos, como se não existissem.
Ah, de vez em quando podem respirar. Mas baixinho.
E, assim, temos mais um contributo valioso e inestimável para o sucesso escolar que, sem estas avisadas medidas, estaria, evidentemente, em sério risco.
4 comentários:
Retrato fiel do surrealismo educativo que se vive neste país. E o post não fala nas brigadas da GNR que é preciso mobilizar para assegura a segurança da coisa. Uma aberração!
Tó Pê
pá... falta ainda referir as "gaffes" que os "pobres" dos alunos vao descobrir num exame que..elaborado por essa "dignissima corja" que tendo gasto meses debruçaderrimos sobre essa tarefa "dificil e responsavel...quase...quase cientifica" ainda o conseguiram fazer com um erro ou outro...(coisa pouca...claro que...isto de elaborar questoes...nao sera forçosamente igual a ... considerar evidente a sua soluçao...)
Pois é, Irish. Nessa dos erros dos exames não é só incrível que uma coisa dessas possa acontecer. É ainda mais incrível que ninguém seja punido por essa falha e os que os responsáveis políticos não assumam as suas responsabilidades.
Quim Tó
E a distinta iris sabe quem é o responsável pela elaboração dos exames? Partilhe cononosco quem é essa "corja" para podermos conversar melhor
Matraquilho
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