18/06/08

Todos ao Chiado!, por Adepto do Daniel

Atenção, muita atenção!

Lançamento de novo romance de Daniel Abrunheiro e Relançamento da Portugália Editora

24 de Junho de 2008 às 18h30 na Livraria Sá da Costa em Lisboa

– Rua Garrett 100 102| Chiado –


Confesso que não tenho lido nos últimos anos muita nova literatura portuguesa. Vou lendo sobretudo uns excertos, na net, em jornais ou revistas ou em visitas mais prolongadas às livrarias e não muito mais. Tive também uma recente experiência de cerca de ano e meio na gestão de uma livraria e muitas vezes, nas horas mais mortas, que eram bastantes, tentava entrar nos novos autores que lá arribavam. Raramente passava das primeiras páginas - esta experiência serviu, entre outras virtudes, para perceber a gigantesca avalanche de mediocridade que se publica todos os dias neste país...

Seja como for, também sou uma tentativa de escritor e tento andar atento às novidades, às entrevistas e às críticas.

Tenho andado entretido com outras leituras ("so many books, so little time"...), mas só para situar um pouco estilisticamente, também, não apreciei por aí além algumas incursões a novos valores como o José Luís Peixoto, e muito menos dos best-sellers Rodrigues dos Santos ou Sousa Tavares (este último, no entanto, melhor que o penúltimo. Mas pior que o primeiro). Gosto mais de Pedro Paixão, ou de Pedro Rosa Mendes, por exemplo, e nos menos novos prefiro o universo pessoal e criativo (e a escrita) do Lobo Antunes ao Saramago.

Dos que eu vou conhecendo, no entanto, há um novo escritor português que me cativa. É o Daniel Abrunheiro e também é por sermos amigos. Distantes, mas de longa data. A amizade, neste caso, conta apenas por ter sido a porta de entrada para a sua obra e para a sua escrita. Confesso que se não fosse um amigo provavelmente não me teria dado ao trabalho de conhecer mais e melhor. Teria perdido uma pérola. Mas o facto é que nunca fomos amigos chegados, daqueles com quem se troca confidências ou meras conversas de café. Geografias, afectos, obrigações e outras determinantes da vida afastaram-nos de um contacto mais chegado. Conheço-lhe a intimidade sobretudo pela escrita, dos livros, da poesia, dos blogues, dos jornais.

A circunstância de ser um amigo, como tal, não me torna mais parcial o julgamento em relação à criação. E o que eu acho é que é uma leitura cativante, enriquecedora e, principalmente, um universo literário, uma poética, original, que é das coisas mais raras e preciosas de se encontrar num escritor.

É uso e costume nestas coisas traçar paralelos e esmiuçar referências. Na criação literária do Daniel, por exemplo - além de nomes entretanto esquecidos como Altino do Tojal ou algum do "realismo mágico" português encarnado em certa escrita de Gomes Ferreira, por exemplo - leio Lobo Antunes nas entrelinhas. Sobretudo o fabuloso Lobo Antunes das crónicas. Pelo domínio das palavras, uma escrita rica, livre e criativa que ganha uma vida muito original nas páginas dos dois autores, mas acima de tudo pela paixão das pequenas coisas e gestos, pelo olhar compassivo sobre as pessoas reais e quotidianas, pela atenção dedicada à espuma dos dias, à vanguarda da vida onde tudo se esgota em turbilhão num momento.

Os budistas creio que acreditam que esse momento em que coisas acontecem, essa espuma fugaz dos dias, o pequeno gesto, é na verdade a essência da vida e da realidade, e que tudo o resto, passado e presente, é construção da nossa mente. E escritores de quotidianos como Daniel Abrunheiro ou Lobo Antunes navegam em águas profundas mas estão lá, na crista, atentos e respeitosos ao gesto e ao momento, atentos ao que passa e é mais importante, atentos e sensíveis às emoções e aos dias dos outros. É essa, em meu entender, a essencialidade e a importância da sua obra.

O Daniel Abrunheiro vem agora ao caso porque vai lançar um novo livro. E ainda por cima um romance, obra de fôlego que o autor vai parir em Lisboa depois dos livros de curtas e da poesia digital (talvez a faceta literária mais exaltante do amigo autor, digo-o eu que infelizmente nem sou muito dedicado à poesia). É e vai ser assim, segundo Abrunheiro no seu blog:

«Sob a égide do Grupo Editorial e Livreiro da Fundação Agostinho Fernandes, renasce publicamente em Lisboa, no próximo dia 24 de Junho (às 18h30, na Livraria Sá da Costa em Lisboa, na Rua Garrett 100-102, ao Chiado), a Portugália Editora. À Portugália, surgem associados dois outros nomes de importância maior no panorama da edição em língua portuguesa: Livraria Sá da Costa Editora e Buchholz. Deram-me estes senhores a honra de integrar o catálogo por eles chancelado. Entre 24 de Novembro de 2006 e 8 de Abril de 2008, escrevi uma coisa chamada Terminação do Anjo. É um romance, talvez.»

Sem ter a ver com amizades, mas apenas com a expectativa de um aficionado perante o nascituro e com as qualidades artísticas do pai, é com prazer e honra que aconselho vivamente a presença no renascimento da Portugália e no parto da “Terminação do Anjo”, que já ganha como um dos melhores títulos do ano. Um acontecimento literário a não perder!

Ps.: Entretanto descobri um excerto do novo livro noutro blog da vizinhança e roubei-o porque fazia aqui falta:

"Um estremeção mudo tirou o homem de entre os vivos.
Camilo Ardenas, no assento da coxia, soube de imediato que à janela tinha passado a viajar um morto.
O expresso da noite continuou a rolar com suavidade. Dentro, as luzes de presença aureolavam a galeria de cabeças adormecidas. Fora, a fronteira de chapa da auto-estrada exilava do País as matas e os casais. Os postes intermitentes alinhados ao longo das margens da via permitiram a Camilo confirmar o estupor congelado na cara do defunto: acima do protesto inutilizado na boca, os olhos muito abertos e o cabelo já quebradiço e desumano.
Agiu com rapidez. Cerrou as pálpebras ao cadáver. Fê-lo com uma espécie de carinho frio. Esperou um pouco. Verificou o alheamento dos outros passageiros. Então, inclinado para o morto como um pássaro carnívoro, soergueu-lhe a lapela e retirou a carteira do bolso interior. Havia muito dinheiro na carteira. Guardou as notas, separando duas de vinte e uma de cinquenta. Devolveu as noventa coroas ao morto para que ele não amanhecesse sem recursos. Antes de repor a carteira no bolso do defunto, consultou-lhe a identidade terminada".

24 comentários:

Anónimo disse...

Que fique lavrado em gróink que na última sondagem ficou estabelecido que Fernando campos, por dois votos contra um, é mais antigo que Lobo Antunes.
Entretanto, a pedido do cão, que merece porque vai ser pai de mais um livro, foi activada uma sondagem com gajas.

Anónimo disse...

e de surpresa em surpresa....assim se mudam "pre...conceitos" e...avaliaçoes feitas em local improprio!!

Gosto...tb...de "cheirar" os livros e procurar aqueles que, ao contrario de alguns "antigos" que refere conseguem de forma simples chegar a quem os lê...

Nao será para isso mesmo que serve a escrita??...

detesto...os que soberbamente escrevem num acto de vaidade manifestando absoluta iincapacidade para...comunicar!!

Saramago...(salvam.se perolas como "As intermitencias da morte"...ou ate o Ensaio....)...Lobo Antunes...(já reparou na forma como difere a escrita deste na sua fase "antes da doença que quase lhe deu passagem só de ida" e...a actual?)....enfim....meros escritores e..."beras"....como comunicadores...

Vou..."cheirar"...este que sugere!

(e tire.me este cao daqui pá....)

Anónimo disse...

"Meros escritores"? "Comunicadores"? Elá!... comunicador é o Fernando Mendes, mas prontos, lá esperamos por si no Chiado, o cão e os porcos. Vá pelo livro do Daniel que não se vai arrepender. Comunica muito bem, o rapaz.

Anónimo disse...

isto de os livros "chegarem de forma simples a quem os lê" é giro.
este tipo de comentários chega-me sempre de forma simples.
esta pessoa deve ser uma forma simples.
e gira.

Anónimo disse...

Depois do Grande Eça a "literatura Portuguesa" é um grande deserto. Leiam autores Americanos, Ingleses e da América do Sul e verão a diferença.
...
Seja como for vou espreitar esse Daniel Abrunheiro. Já agora o dito tem blog ???
JNAS

Anónimo disse...

Essa da literatura portuguesa desértica pós-Eça é uma bombarda linda e vistosa mas um bocado exagerada, não?...
E, já agora, também há escritores asiáticos a africanos muito interessantes. E também haverá australianos interessantes, mas reconheço que não conheço. E na Europa, claro, também há muita gente boa a escrever, até aqui ao lado em Espanha. Quer dizer, digo eu, se calhar estou enganado e ando a ler lixo, mas enfim.
Mas afinal, quais «autores Americanos, Ingleses e da América do Sul». Todos?
E o Daniel tem blog, sim senhor, vem no post.

Anónimo disse...

O blog do daniel tá aqui linkado à nossa esquerda nas pocilgas de luxo e vem depois do Cocanha e antes do Do Portugal Profundo. Chamámos-lhe Cão, nome de guerra pré-históricas.

JNAS, pá. tb acho exagerada a tua afirmação. Atão Lobo Antunes, Fernando Campos, o próprio Saramago de que eu não gosto não são grandes refrerências? E o Pessoa e o Mário de sá Carneiro, o Almada, a Sofia (não o filho que só escreve parvoíces analfabetas), o Eugénio de Andrade, o Cesariny, a Agustina são o quê? E, dentro da sua condição mortal, a escrita do Pedro Rosa Mendes é fraca? É pá eu não acabava mais, mas acho que Portugal é péssimo sim na qualidade dos políticos. Na dos escritores não nos podemos queixar, muito pelo contrário.
Seleccionador Nacional

Anónimo disse...

"À esquerda"? "Condição mortal"? "Muito pelo contrário"?

Anónimo disse...

este cao �....giro!!!

..e....simples...aposto!

hei.de ver...lá no sitio dele até onde...de forma simples...consegue "comunicar"!

Anónimo disse...

Muito giro.Eu diria mais: Giríssimo!

Anónimo disse...

esta irish tá-se a meter a frio debaixo de ferro quente.
gosto destas menopausazitas assim.
gosto, gosto.
cada vez que as como, vomito-as.
mas como.
merda por merda, como.

Anónimo disse...

vês, irishzita (coitadita) como é fácil "comunicar"? sabes que significa, até etimologicamente, "comunicar". comungar. significa comungar. isto é, pôr em comum. pe'cebeste, rica?
olha lá, madalena, pakeke te metes com litr'atura?
pa keke fazes isso, rapariga?
falta-te só a bola: totó já és.
simples enough to you?
queres lobantunes para pôir na sala? já ouviste falar, digamos, em ferreira de castro?
e em alves redol?
e em martim codax?
e em sá de miranda?
e em garcía lorca?
e em dieu de la rochellle?

simples?
giro?
não te metas com cães a quem não possas,s equer, inquietar a pulga.
ou então vai para a irlanda.
ou o caralho.

Anónimo disse...

ena ena...cao!!

Relaxe senhor...use qui�a uma benzodiazepina em horario fisiologico adequado e..quem sabe..isso amacia! :)

Lamento que nao tenha entendido o meu comentario mas...no problem :)...riscos...que se correm qd o problema � educacional! (o meu senhor...o meu..antes que verbalize de novo o que lhe vai na alma e que s� leio de quem quero)

Adepto...depois desta "incursao" e de tao "pro.lixos" comentarios do reino "nao Plantae"...retiro.me!

Continuarei a le.lo...e at� aos "senhores" do painel fixo na tentativa de...sei l�..aprender a conviver com a chamada diversidade!!

See you :)

Anónimo disse...

Mas olhe que ele é giro, lá isso é. E os senhores do painel fixo também, são uns giraços e comunicam muito bem.
Não ligue, é azia da derrota com a Alemanha.

Anónimo disse...

ok Adepto...fixe para si!

Anónimo disse...

... reticências...lol...laughing out loud... nu genereixane....irish....lol....simples. comunciar.joão loureiro....
irish...bi uelcóme...literatura....joaquim paço dárcos....pinheiro do alto de monte sintra...lol....simples.....sms...msn.sms...msn...irish...lol.
lê livros, rapariga.
e cresce.
e não apareças.

Anónimo disse...

ou atão vaitapornumporco

Anónimo disse...

cao...v�..ajude.me l�....livros...rosa...verde alface ou...azul cobalto hem?

vc ajude.me homem...contribua para a minha des.analfabetiza�ao ok?

"� merdinha"...escreve.se assim...certo?

Anónimo disse...

Terça feira terá então um final de tarde auspicioso.

Cão gangster de palavras e Irish arrebitada, vcs fazem-me lembrar o Sean Thornton e a Mary Kate Danaher do The Quiet Man do Ford. AHAH. A Mary Kate era ruiva, a Irish é ver(melha)de; o "Dog", permite trocar o G pelo D; veio a tempestade e o descabelamento, agora aguardamos a famosa sequência do beijo - o mais grandiloquente da história do cinema k um dia me vai merecer post aqui. Até lá, não fiques (im)pressionada Irish e, como já percebeste o registo do Porco, amanha-te e rebola-te.

Anónimo disse...

Concordo com o mangas. É amor fordiano, sem dúvida nenhuma. Mas acho que a Irish, tal como a Mary, não é de rebolar...
A coisa promete.

A Marilyn empatada com a Ana Malhoa na dianteira da sondagem melhor fêmea, é outro caso bizarro...

Anónimo disse...

Pois eu digo o contrário do Cão: aparece Irish que és bem vinda. O Cão é assim, sempre foi assim desde que o conheço, não há nada a fazer e não vou ser eu que me vou pôr aqui a julgá-lo. Só quero dizer à irish que se o cão te acha mal vinda eu acho-te bem vinda e que um blog colectivo é mesmo assim. Há gajos pra tudo, até pra votarem na madre teresa na sondagem ali ao lado pra mulher ideal.
Gajo Pra Tudo

Anónimo disse...

Epá, ó gajo, eferreá. Mas ó Irish, tire-me só aqui uma dúvida comichosa. Esqueça o cão e concentre-se:
Afirma a nossa amiga, a certo ponto do seu precioso argumentário, que gosta de procurar aqueles livros ou escritores que, «ao contrario de alguns "antigos" que refere conseguem de forma simples chegar a quem os lê...».
Ora a minha dúvida é: Quais? Dos antigos que citei quais é que não conseguem chegar aos leitores de forma simples?
E quais são, só por curiosidade que não é obrigada a satisfazer, os que o conseguem fazer? Isto é, de quais é que gosta?

Anónimo disse...

A Irish deve de estar a falar dos livros do Paulo Coelho e dos da Margarida Rebelo Pinto, sei lá. Esses são verdadeiramente simples e os autores "comunicam" muito. Ou então, está a falar dos livros do José Rodrigues dos Santos, que é um ganda comunicador da tb.

Gosto de livros "antigos". Porquê, não posso?

Anónimo disse...

Podes e deves.