25/02/09

E Se Os Nazis Tivessem Ganho a Guerra?, por Ultra Violeta


Ouvi falar de Fatherland de Robert Harris (1992, edição Bertrand) por causa do seu fantástico argumento e comprei o livro. Ficou por aqui esquecido durante anos e, quando desesperei de o encontrar nas estantes cá de casa, eis que dou com ele quando menos espero. É sempre assim, as coisas nunca aparecem quando queremos e eu já tinha até procurado Fatherland na Fnac. Sem sucesso, felizmente…

Agora acabei de o ler e, não sendo um mau livro, soube-me a pouco. O que me atraiu, desde logo, neste livro foi o seu argumento, uma ideia genial. O escritor Inglês, Robert Harris, parte de um pressuposto verosímel: e se os Nazis tivessem ganho a II Guerra Mundial? Como seria o nosso mundo hoje? Seria a nossa vida muito diferente do que é agora? A acção decorre no ano de 1964 deste universo paralelo em Berlim, capital do Reich, por altura da comemoração do aniversário do Fuehrer. Depois de uma guerra esgotante, Joe Keneddy, o presidente americano vai encontrar-se com Hitler para estreitar as relações entre as duas nações. O Império alemão vive em permanente sobressalto com ataques terroristas levados a cabo por resistentes polacos, checos, moldavos e outros - «O terrorismo é óptimo,defende Hitler, para manter a Nação saudável e alerta». Entretanto a guerra com os Bolcheviques prossegue na frente Leste. Mas há um segredo, descoberto pelo oficial das SS Adrian March, que pode pôr em causa a eventual aliança germano-americana. Será que o Holocausto nunca existiu?

A ideia que está na génese de Fatherland é notável e o livro enfileira ao lado de outras Utopias Negativas concebidas no século XX, como 1984 de Orwell, Farnheit…, de Bradbury ou O Admirável Mundo Novo de Huxley… Pensei que, como aqueles autores, Harris explorasse o filão que descobriu mas, infelizmente, este brilhante argumento pouco mais é do que o cenário de fundo de um policial. Com efeito, o autor concentra-se, a meu ver em excesso, nos pormenores e enredos do trama policial, esquecendo-se de explorar mais o verdadeiro tesouro que é a sua intuição original. É chato fazer uma crítica a um livro com base no que ele não é e não com base no que ele é. Mas a minha expectativa não era ler um simples thriller mais ou menos cinematográfico… Quase que diria que é um desperdício gastar assim uma ideia tão boa. Como policial, para quem gosta do género, Fatherland é excelente. Mas não correspondeu às minhas expectativas. Harris não explorou devidamente o mundo que abriu. Até porque, suspeito, se um Orwell, um Huxley ou um Bradbury voltassem agora para pegarem no argumento de Fatherland, , desconfio que chegariam a uma conclusão perturbadora: é que se Hitler tivesse ganho a guerra, talvez o nosso mundo não fosse assim tão diferente do que é hoje.

17 comentários:

Anónimo disse...

discordo. falar-se-ia alemão, a guerra fria seria entre américa e bloco germanófilo, certamente. e obviamente estaríamos todos como resistentes a assaltar caravanas germanas a partir da serra da gardunha. guerra civil e de resistência com força.

piss off

Anónimo disse...

Claro, haveria resistência, Pissof. Mas neste país, em particular, um dos mais amorfos, acríticos e conformistas da europa, a malta estava era de pantufas a ver telenovelas em alemão e apreciar o Bayern de Munique e emborcar cervejolas. E a negar o Holocausto, essa «campanha negra» inventada pelos negros e judeus da América.
UV

Anónimo disse...

ultravioleta, dizer que o mundo seria igual é um tremendo disparate, e se calhar foi por isso que o autor não foi por aí. No teu comentário já dizes que seria igual para os portugueses conformistas, que não são propriamente "o mundo", e conformistas sempre houve em qualquer ditadura. A alemanha nazi estava cheia deles, enquanto ao lado os seus vizinhos eram mandados para a morte.

ultra vermelho

Anónimo disse...

ultra vermelho: «tremendo disparate» é a tua leitura que confunde o que eu escrevi com a tua afirmação «o mundo seria igual». Não só não digo como não quis dizer nada disso.

É ainda um «tremendo disparate» dizeres que o Harris «não foi por aí». O livro não defende que o mundo seria igual como tu dizes e eu nunca disse nem o harris. mas o Harris, mesmo assim, não está muito longe da afirmação que eu faço no fim do post, para suscitar a polémica: a de que o mundo não seria, pelo menos em certos aspectos, muito diferente do que é hoje (o probelam é que não explora essa, comooutras pistas interessantes). De resto, porque é que achas que a capa oficial do livro tem duas bandeiras hasteadas no arco do triunfo em Berlim, precisamente a suástica nazi e as estrelas da UE?

Finalmente, um gajo que vem para aqui discutir cenários de ficção, em que muitas hipóteses contraditórias são perfeitamente possíveis, e que, apropósito, usa qualificativo de «tremendo disparate», revela bem a espinha dogmática que lhe atravessa a cabeça. É ficção, boy, ficção...
UV

Anónimo disse...

Muito bem, não disseste que "seria igual". Não quiseste dizer "nada disso"? give me a break. Não andaste mesmo nada longe. Disseste isto: "é que se Hitler tivesse ganho a guerra, talvez o nosso mundo não fosse assim tão diferente do que é hoje". E disseste que o autor não chegou a colocar essa hipótese, que tu achas que seria plausivel. Quem tu dizes que chegaria a essa "conclusão perturbadora" são os outros autores, lembras-te? E a essa hipótese que tu achas plausivel, continuo a achar disparate.
E não estou a discutir,obviamente,cenários de ficção,estou a discutir as tuas hipóteses,que tu achas plausiveis, de história alernativa. Não estou a discutir as maluqueiras do alice no pais das maravilhas.


ultra vermelho

Anónimo disse...

Pois, eu podia agora gastar o meu latim a explicar-te a diferença entre as duas afirmações e as suas implicações e mostrar-te mais umas coisas, mas como tou a reconhecer o estilo maluco de falar por falar, acho que não vale a pena. adiante, siga o porco, passo, para a próxima assina maluco logo à primeira para não perdermos tempo.
UV

Anónimo disse...

hehehe, desistes depressa, e logo quando tinhas tantas coisa para me dizer. paciência.

red revenger

Anónimo disse...

Umas notitas para a fogueira (salvo seja):
a) aqui ao lado, em 1939, o Franco ganhou a guerra.
b) quem no Iraque, p. ex., acha que ser morto por um nazi vencedor é diferente de ser morto por outro vencedor qualquer?
c) não foram os nazis cientistas absorvidos pela máquina cosmonáutica dos filhos do Kennedy?
d) quem mandou as bombas atómicas foram os gajos os da V-2 ou não foram os gajos os da V-2?
e) se a Alemanha não tivesse perdido a guerra, talvez o escândalo de 1949 (fundação artificiosa do Estado de Israel) não tivesse redundado nesta sangreira diária da Palestina.

Anónimo disse...

Bom livro e bom post. Li o "Fatherland" há largos anos e que retive de mais impressionante é a descrição arquitectónica de Berlim de acordo com os planos de Albert Speer
JNAS

Anónimo disse...

Bem observado, Anotador. E acrescento mais um facto engraçado:
- A União Europeia dominada pelo poder económico alemão. Há quem diga que a economia e os burocratas conseguiram realizar pela acçãp política o que Hitler não conseguiu pelas armas.
Ultramontano

Anónimo disse...

JNAS: é em relação a aspectos como esse que acho que o livro falha. I mean, também foi das partes de que mais gostei, essa da Berlim de Speer. Mas porque é que o gajo não explorou mais isso?
UV

Anónimo disse...

pensar que os alemães podiam ter ganho a guerra é atroz. só o simples enunciar desse princípio. as barbaridades cometidas são excessivas. demasiado. tenho dificuldade em vislumbrar esse cenário. mas, isso sim, estou contente por não a terem ganho.

zeca

Anónimo disse...

ó zeca, porra, ninguém disse que nem era mau os alemães terem ganho a guerra. a questão é um livro, uma ficção, uma imaginação especulativa com base no "e se?".
porra, zeca, ó judeu, tu tem lá calma, man, ninguém te tira nem o hambúrguer nem o boletim errado do euromilhões nem o sócrates, pá, porra.

Anónimo disse...

tem calma lá, ó zeca, os alemães que ganham a guerra são todos do bayern e é só ós 5 a ó de cada vez, ah leão, porra, zeca, ó judeu.
ó zeca,ó judas, já agora, tens mota? se tens, dá-lhe gás...
eheheheheheheeheheheh

Anónimo disse...

ó cão admito quase tudo: agora associares-me a socrates, essa merda é que não. não te admito, nem ao de leve.
já o sportem ter levado 5, tá bem. na segunda volta podem ser 6.
explica-me uma coisa: essa do gás, chegaste lá sozinho ou alguém te explicou? lol. força aí, porrada nesses xuxalistas.
afonso

Anónimo disse...

ó cão admito quase tudo: agora associares-me a socrates, essa merda é que não. não te admito, nem ao de leve.
já o sportem ter levado 5, tá bem. na segunda volta podem ser 6.
explica-me uma coisa: essa do gás, chegaste lá sozinho ou alguém te explicou? lol. força aí, porrada nesses xuxalistas.
afonso

Anónimo disse...

ó cão admito quase tudo: agora associares-me a socrates, essa merda é que não. não te admito, nem ao de leve.
já o sportem ter levado 5, tá bem. na segunda volta podem ser 6.
explica-me uma coisa: essa do gás, chegaste lá sozinho ou alguém te explicou? lol. força aí, porrada nesses xuxalistas.
afonso