18/02/09

Aldra!, por Dengue

Aqui há uns tempos atrás, o governo anunciou que, durante o seu mandato, o desemprego tinha baixado uns milhares largos na classe dos professores. O socas veio logo muito contente regozijar-se para as tvs. O anúncio foi tão rídiculo e as mentiras são tantas que ninguém lhe ligou, simplesmente, porque o homem tem a credibilidade do Pinóquio e já ninguém o leva a sério. Mas vale a pena percebermos como é que o governo fez as miraculosas contas que permitiram uma conclusão tão estapafúrdia. A estatística nas mãos de gente desta dá para tudo, já sabemos...

Uma das medidas deste governo, na área da educação, foi acabar com os estágios remunerados dos professores recém formados. Antes desta legislatura um jovem que acabasse o curso era colocado numa escola e fazia o seu estágio orientado. Tinha algumas turmas a seu cargo e era, naturalmente, remunerado pelo seu trabalho. Vem a excelente equipa do ME do socas e acaba com isto. Agora os jovens recém formados que saem das universidades vão para as escolas onde são colocados, dão umas aulas sob orientação, mas deixaram de ser remunerados e deixaram de ser considerados professores. Agora são considerados alunos das faculdades e as despesas dos estágios são por conta própria (por exemplo, um jovem recém licenciado pode acabar o curso em Coimbra e ser colocado numa escola em Odemira e as despesas é lá com ele).

O governo xuxa conseguiu assim que aqueles milhares de jovens professores recém licenciados que todos os anos engrossavam a lista do desemprego docente porque não arranjavam colocação deixassem de figurar nas estatísticas. Ou seja eles continuam a contar na lista do desemprego nacional, mas já não são professores desempregados apenas porque lhes mudaram a nomenclatura: de professores estagiários passaram a ser designados por estudantes em conclusão de curso. A medida em si é de uma injustiça flagrante. Mas a jigajoga de virem anunciar que conseguiram reduzir o emprego docente em muitos milhares à custa de uma artimanha deste género é, simplesmente, abaixo de cão! É por estas e por outras - como o relatório OCDE que afinal era tipo OCDE, como aqueles queijos que não são bem serra mas «tipo» serra - que devemos ter presente que não estamos a lidar com um cenário democrático, digamos normal. O debate político actual não vai lá com salamaleques e retórica democrática. Estamos perante gente que não tem qualquer pudor em realizar operações deste tipo cuja qualificação fala por si. Isto, meus senhores, é do piorio, é um insulto aos jovens professores, aos desempregados em geral e à inteligência e à seriedade de todos nós!

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