14/05/09

Eu, Europeu, por Cão

Sou pela profissionalização dos peregrinos a Fátima. Também sou pela obrigatoriedade da certificação da qualidade dos carros-vassoura de apoio aos peregrinos e aos ciclistas da Volta a Portugal. Sou pela informatização das bancas de cereja, nêspera, pêssego e laranja de beira-estrada. Sou pelo policiamento da alma e pela cardealpatriarcação do sexo e pela pasteurização dos sonhos e pela dobragem em brasilês da corrupção angolana. Alinho na transcrição dos telejornais para livros de texto da escolaridade mínima com vista a uma ignorância máxima. Subscrevo a beatificação em vida de Manoel de Oliveira e de José Hermano Saraiva. Fervo de sossegada indignação quanto ao que for preciso, como o pilhão, perdão, milhão-de-votos do Manuel Alegre, o empate técnico Caso Maddie – Casa Pia, as gémeas Salgado, o rabo-de-cavalo da porta-voz da PSP para os telejornais, as nóvòportunidades, o Vital Zita Seabra Moreira, a Baixa Geral de Depósitos, o Cancro Português de Negócios, o Cancro Privado Português, o Jorge Jesus no Benfica, a profissionalização das grávidas, a hermanjosénização do Gato Fedorento, a gatofedorentização da Assembleia da República, o Poder Local em geral e o local em particular, o 10 de Junho em Santarém e o day-after no resto do País, coisas assim.
Acho que aquilo no Bairro da Bela Vista era deixar arder. Sou pela profissionalização das noivas ciganas, mas só até aos onze anos. Também sou pela profissionalização do Bernardino Soares e dos dadores de sangue. Sou pelo casamento dos manos Portas com as gémeas Salgado. Acho que, ya!, Os Lusíadas em hip-hop era bué da Bairro da Bela Vista. Sou pela atribuição da Bandeira Azul aos cafés de não-fumadores e ao Presidente-Sombra da República, o professor Marcelo.
Sou, sou.

Rosário Breve - 103 - in O Ribatejo

1 comentário:

Anónimo disse...

sou pela tua escrita

sófocles