25/05/09

Saudades de Mr. Spock, por Franck Da Vinci


O que é mais interessante em Star Trek é o facto da série se basear na inteligência pura e simples dos seu autores. Star Trek tem a ambição de nos transportar para o futuro das viagens siderais com meios muito parcos. A série debateu-se desde o início com orçamentos apertados. Não podia viver de arrojados efeitos especiais, de mega-cenários e big bangs endinheirados. Neste aspecto a série de Gene Roddenberry é o contrário da saga Star Wars da dupla made in Hollywood Spielberg/Lukas. Enquanto esta vive de um orçamento fabuloso e rebenta com os óscars em matéria de efeitos especiais, a série original de Star Trek sempre preferiu ou foi obrigada a preferir a imaginação. Digamos que esta é, em princípio, muito mais barata.

Note-se que quando me refiro a Star Trek penso na série original, na primeira geração de mr Spock, do capitão Kirk, do dr. Mccoy e de mr. Sulu e não nos seus sucedâneos (Next Generation) que nunca aconsegui ver e, muito menos, nos filmes já marcados pelo estilo mega-produção. Considero até algo chocante, para um purista, ver como Star Trek cedeu à logica dos special effects. Não, não foi por aí que o capitão Kirk e a nave Enterprise conquistaram a sua fama.

Por exemplo, ainda há pouco tempo revi dois dos primeiros episódios - Charlie X e The Man Trap - e voltei a admirar-me com aquilo. Inteligência em estado puro! O cenário é o mais minimalista possível, o guarda roupa é lacónico e até um pouco ridículo, mas os pormenores - por exemplo, em 1966 a série antecipa o uso de telemóveis - são fantásticos. Charlie X é quase uma peça de teatro com 6 ou 7 personagens que nunca saem de um único cenário: o interior da nave Enterprise. A quem é que passa pela cabeça fazer um episódio de ficção científica sobre viagens siderais, completamente passado a bordo da nave? Charlie ataca a tripulação da Enterprise com simples força da energia mental e não é necessária nenhuma super maquinaria nem armas especias nem explosõs diabólicas... Onde os outros aproveitariam para cenas de 20 minutos de lutas galácticas, Roddenberry limita-se a comunicar-nos que uma nave inimiga foi destruída. E no entanto a qualidade do argumento e a imaginação prodigiosa chegam para nos transportarem para o ano 2025 algures numa galáxia longínqua.

Ao contrário do que pensam aqueles que apenas conhecem de Star Trek a cedência à lógica hollywoodesca dos filmes e das sequência híbridas, a grandeza da série não está nos meios. Está sim, na inteligência pura: é ela que nos transporta autenticamente para outros mundo situados a anos luz do nosso. The Next generation? The Movie? Não me lixem... Quando penso em Star Trek penso na naividade da saga inicial e na fabulosas encarnações de Leonard Nimoy e de William Shattner. Devolvam-nos o nosso Spok, é o que me apetece dizer...

24 comentários:

Cão disse...

Acho que se estão a meter com o Grão.

Anónimo disse...

Dog, mafrende, eu tinha apostado que tu ias ser o primeiro a comentar o post. E que ias mandar a boquita ao grão... Acertei em cheio ;)

E, já agora, gostavas da série?
Franck

Anónimo disse...

Gostava, claro, como gosto deste post: havia mais imaginação nos argumentos, melhor definição das personagens. Também gostei de ser novo quando isto para o ar.

Cão disse...

Carago, saiu-me anónima a resposta. Dog.

Anónimo disse...

Pá, ó dog, mas tu quando eras novo era no tempo em que o grão ainda era o nosso nimoy. Ou estou errado? Por acaso agora ando a rever a série e já me perguntei a mim mesmo o seguinte: mas porque é que a malta chamava aquilo ao gajo? É que não tem nada a ver... Não há qualquer semelhança. Só se for por causa da espantosa capacidade lógica dos dois. Mas de resro não tou a ver...
Franck

Anónimo disse...

Eu sou muito mais da mística do Espaço 1999, de que já ninguém se lembra. Mas é verdade que o Star Trek sempre teve mais marketing e uma legião maior de fãs. Agora também toda a gente diz que o seu preferido 007 era o Sean Connery. Para mim o 007 ainda é e será sempre o canastrão do Roger Moore...
Quem pôs o nome de spock ao grão foi o cão, ele é que saberá porquê. De vez em quando os corredores do dona maria até abanavam com o sapoooooook! dele. Eu acho que era das orelhas e da infinita sabedoria e justeza do grão. Mais das infinitas orelhas. E do Enterprise dele, aquele peugeot mágico.

Sulu

Anónimo disse...

a verdadeira enterprise era a peugeot 404 verde. to the stars and behind..., full speed ahead mister sulu!

ass: mister spock

PS: obviamente que não tinha nada a ver com as orelhas mas sim a pantagruélica memória, fina inteligência e infinita sabedoria. para já não falar na elegância e na esbeldade. enfim o mais bonito e cool do liceu. a coisa só era estragada pelo cabrão do Cão a berrar a plenos pulmões do fundo do kilométrico corredor: Saaaaapóóóóókkkkk...... ainda hoje acordo com suores frios e safo-me com o xanax à mão. o Cão estragou-me o liceu. excepto quando entrava na peugeot: ful speed ahead mister zulu

Anónimo disse...

william shafner, carago, william shafner, é o nome do captaina kirk que era o tipico canastrão, mas que agora faz um papel admirável no Boston Legal, umas melhores coisa que hoje passa na Fox

ass: Vulcano, que não esquentador

Anónimo disse...

Vulcano: desculpa lá mas não é nada william shafner. é william shatner, ólarila...
Franck

Anónimo disse...

Eu não sou de apreciar homens, mas confirmo que o grão era o rapaz mais lindo do liceu. Enfim, um dos dois ou três mais bonitos… Ainda é muito vistoso, se bem que já se está ali a salientar uma ligeira barriguita, tu tem cuidado… bom de modos que, as coisas são mesmo assim, o cão ficava invejoso do êxito dele com as miúdas e quando o grão estava rodeado de garinas babosas no corredor, o gajo lançava o sapooook bem alto só para lixar o grão. Tu não digas que não, cão! Um dos momentos mais altos do liceu todos os dias era quando o grão entrava no seu peugeot pra ir para casa e as miúdas todas a querer boleia, em cima da capota e o caneco, só visto.

sulu

Anónimo disse...

Por acaso o Espaço 1999 também tinha a sua piada. É a série percursora de space trek, são da mesma família... E ainda à uns tempos alguém lembrou aqui uma personagem que aparece na segunda ou na terceira série do Espaço, uma Maya, que tinha o poder de se transformar no ser vivo que quisesse. Assim a modos que Scarlett ao pequeno almoço, Soraia Chaves ao almoço e Isabella Rossellini ao jantar. E se pelo meio se pudesse transformar num leiao assado no forno... Era lindo era...
Moon Soldier

Anónimo disse...

O star trek é mais uma cena de gadgets. De resto, andam ali pra trás e prá a frente em serviço de função pública de patrulha do espaço, tipo gnr, com a única diferença de que têm que lidar com uns delinquentes mais marados e de que um dos sargentos tem as orelhas em bico. O Espaço1999 tem um projecto filosófico bem mais interessante: o que acontece quando a lua, com uma base com gente, se separa da órbita da terra. Um dos meus maiores tesouros é a colecção de cromos quase completa da série. Há quem seja um treker, eu sou um spacer!

sulu

Anónimo disse...

Isso isso, comecem com essas merdas da escolha e elogio do gajo mais bonito e vão ver a confusão que vão arranjar. Da outra vez deu no que deu e quem acabou a comer o salpicão do prémio foi o raio do gordo que nem em décimo ficou.

ódelino

Anónimo disse...

Fónix, ó sulu ainda me hás-de explicar bem qual é a superioridade «filosófica» (sic!) do space relativamente ao trek. Então uns gajos que acampam na lua a ver se chove é «filosoficamente» ao nobre projecto da viagens inter-galácticas. As vigens espaciais representadas pela enterprise são as dignas sucessores da saga iniciada connosco mesmo, os portugas, que galágámos mares e dobrámos adamastores para «dar novos mundos ao mundo». Eu acho filosoficamente muito mais pertinente que ir acampar para a Lua, planeta com o seu quê de romântico, é certo, mas que não passa de uma humilde Chelas espacial, aqui mesmo ao lado na raia suburbana da Terra. Treker forever!

Cão disse...

Bomecês já repararam que grão é girão sem i?
Ora aí está: num tem nada a ver. Não sei se fui eu quem chamou Spock ao nosso Grão, não sei não. Eu nem sou muito de alcunhas, tá aí o Pilas e o Mancamulas e o Batenabó e o Abominável Armando das Neves e o Xeco-Abutre que num me deixam mentir.
Quanto ao Space 1999, eu curtia aquela cena também. E sim, aquela Maya que se transformava, não era nada má, nem era como esta pindérica da "astrologia" da SIC.

Mangas disse...

hehe. Genial! Quer dizer, vcs estão sempre dentro, eu apareço de vez em quando, logo, tenho a neutralidade da observação e espanto-me mais. Esta troca de comments, no seguimento do post e do tema - do melhor. O Grão vejo-o mais como o Mr. Scott da sala das máquinas, redondo, com bigodinho à senhor Silva e sotaque irascível - o poder supremo do teletransporte e mandar-nos para as bordas de um vulcão no planeta hostil, ou puxar-nos das garras de um monstro k o Kirk abanava para dar luta. Atenção k só o genérico da Star Treck e aquelas frases lendárias... "Spaceeee.... The final frontier....." são uma pedrada k capta logo a atenção, nunca se tinha feito nada igual, a do Espaço-1999 era muito RAI co-produção europeia... Dois ícones e um vulcano de peugeot verde, bem visto!

Anónimo disse...

Bem, eu já aqui defendi que o space não é o contrário do trek. São da mesma família. Mas há coisa muito diferente: o sapce é mais sisudo, os personagesn são mais sérios. Pelo contrário os bonecos do star trek são muito mais descontraídos, riem e contam piadas, são um bocado infantis e, como tal, naifs. Os spacers não riem, têm sempre aquele ar de quem está ocupado a salvar o mundo de uma grande ameaça. Os trekers são o contrário: reagem às maiores ameaças com um sorriso nos lábios. Há um episódio em que o teletransportador avaria acomeça a duplicar as pessoas que transporta de um planeta. Mas o duplo que a avaria cria é um duplo mau, um negativo do personagem. Por isso o mr sulu e mais uns gajos ficam no planeta até que se resolva o problema do teletransportador transformado em duplicador. O problema é que se cai a noite naquele planeta a temperatura desce a 120 graus negativos. Pois bem, mesmo nessa situaçao, praticamente a morrer de frio, mr sulu continua a mandar bocas do estilo «mandem-me um cafezinho cá abaixo que tá a começar a época de ski». Se fossem os spacers tavam é borradinhos de medo...
Franck

Anónimo disse...

Tu decide-te, ó treker: ora bem que são bonecos patetas, ora bem que são figuras do padrão dos descobrimentos! (hhmmm, pensando bem...).

O Space tinha um certo pathos, aquela angústia da deriva e da perda. Não tinham tantos motivos para a galhofa, não é verdade? naves espaciais há muitas, luas à deriva no espaço, em direcção ao desconhecido é infinitamente mais interessante. Os trekas tinham era muito marketing, umas frases catitas do estilo "beam me up, scoty", tudo muito infantil. O médico careca e a outra gaja quarentona de que já não me alembra o nome, tinham uma gravitas perfeitamente adequada à situação. E havia ET's e aventura mais do que suficiente. Spacers, vamos a eles!

sulu

Anónimo disse...

Tou com o Sulu. Prefiro o Space 1999 e a Lua à deriva. Basta uma personagem como a May para desequilibrar a coisa. Qual Scotty qual carapuça!

ass: Grão

Anónimo disse...

Obrigado, grão, sempre foste o mais inteligente e mais razoável do grupo, de longe, para além do mais bonito. Já agora, sabes-me dizer se os gajos voltaram á Terra? Já não me lembro e preocupa-me que eles ainda andem à deriva e comece a falhar o sistema de fornecimento de oxigénio.

Sulu

Anónimo disse...

Se me lembro os homes dão com a terra num dos últimos episódios a partir de uma possibilidade de visita naquelas alucinações tipo buracos-de-verme ou curvatura espacio-temporal ou lá o que é e a partir do outro lado do universo visitam a terra, mas a terra já é outra até porque estava em curso a confrontação nuclear ou tinha decorrido e aquilo era uma desgraceira razão pela qual dão a visita à casa mãe por finda e ala que se faz tarde universo a fora.

isto, se bem me lembro, claro. é que já lá vão uns 30 aninhos e 1999 parecia o terceiro milénio.

ass: Grão

Anónimo disse...

o sulu e o grão...hum,hum...ainda vai dar salame

bigorna

Anónimo disse...

bigorna, o star trek é que é um icone gay, não o Space.

sulu

Anónimo disse...

ah, ok, obrigados pá, estou esclarecido

bigorna