Já vai sendo tempo de vos apresentar mais um Titã aqui do Tapor e da Confraria. Esta terceira personagem nada tem a ver com o Maior Especialista Vivo em Saladas, que muitos conhecerão pelo cognome de Camus ou Venenoso, assim como nada tem a ver com esse espécime raro do Pior Estalajadeiro do Mundo, que responderá também ao nome de Granítico, Adelino, Avelino ou Asdrúbal.
Nada de confusões. Hoje falamos, nem mais nem menos, do que do Excelentíssimo Senhor Doutor Abranches Y Menezes, também conhecido por Capitão Nemo ou Octávio Malvado, aka, O Maior Especialista Vivo Em Arroz, Queijadas de Pereira & Peixinhos do Rio. Já se tratou aqui em postas anteriores das queijadas de pereira, bem como dos peixinhos do rio, mailo descascar dos morangos e o tirar do caroço à banana. São águas passadas.
Hoje vamos ao Arroz. E lembrei-me do meu amigo arrozeiro e descaroceiro da banana, precisamente porque ao atravessar a desinteressante e poluída avenida Fernão de Magalhães, dei de caras com um engarrafamento monumental à conta de uma manifestação dos arrozicultores do baixo Mondego, que ocuparam a dita cuja, com os seus mastodontes de quatro rodas mais reboques e animalejos de porte atacante.
E qual não é o meu espanto que enquanto fazia gincana em volta de uma vaca de olhar vesgo e assassino, tropeço no Dr Abranches Y Menezes, que por ali evoluía entre os seus pares. Em defesa do Arroz o Dr Abranches estava presente. E supera o medo das vacas. Abaixo o Ministro! Abaixo o Jaime Silva! Abaixo o Agulha! Vivó Carolino do Baixo Mondego!
É que o Dr Menezes é o maior defensor vivo do Arroz Carolino do Baixo Mondego. Então quando lhe servem o dito cujo, mas do talhão da família Temudo Laranjeira e Filhos, o homem derrete-se e afunda-se no banco em estado de beatitude gastronómica.
Ao invés, é homem para sacar da Montblanc subitamente transformada em arma branca de açougueiro, sempre que lhe apresentam no prato arroz agulha ou ignomínia das ignomínias e com licença da palavra: basmati. Scchhh…, leiam baixinho que o homem ainda ouve…
Em certa altura, o pessoal satânico resolveu ir comer a excelsa Lampreia em poiso diverso do Bernardes e do Boa Viagem e vai de amesendar no novel tasco Mondego, do Porto da Raiva. Apesar de todas as combinações e avisos à navegação, a encantadora e juvenil estalajadeira teve a suprema infelicidade de servir o ciclóstomo com outra coisa que não o Carolino do Mondego. Foi feio. E arrepiante:
- Ó minha senhora, então o que é isto?
- Arroz de Lampreia, pois então, não foi isto que encomendaram?
- Está a brincar, pois não é, é uma partida aqui dos animais, que foram por detrás de mim falar consigo e acertar esta palhaçada…
- Peço desculpa, mas a Lampreia não está bem?
- Ai é a sério, você quer mesmo que a gente coma esta mistela com um arrozeco em molhaca solta e desensaborida?
- Mas o arroz tem algum problema?
- Ó Minha senhora, pelo amor da santa, atão acha que isto é arroz carolino do vale do Mondego? Foi esta mistela que eu combinei consigo?
- Mas não é…?
- Não, isto é arroz agulha, de marca branca e pelo aguadilha e cor, isto é prá aí do norte de Itália, do vale do pó, que são experts em porcarias deste género. Este arroz não tem os esporos do carolino, está a ver?
- Esporos?
- Pois claro, os abundantes esporos do bago do carolino, que absorve o dobro da água do mísero agulha e ensopa e engrossa o arroz, que até o sabor é outro. Isto que aqui está é uma coisa deslavada que não tem nada a ver com o se encomendou!
A simpática serviçal já tinha a lágrima ao canto do olho e o Abranches Y Menezes continuava à desfilada a afiambrar na estalajadeira e já falava em ir tudo embora e não pagar. A moçoila choramingava e quanto mais ajoelhava, mais o Y Menezes farpeava tão dorido e belo lombo.
Acontece que a malta estava esgalgarada com fome e com carolino ou sem carolino, a Lampreia cheirava muita bem e a mocinha era coisa que embevecia e vai dai travámos o ímpeto assassino do purista arrozeiro e saltámos todos em defesa da donzela apanhada nas mandíbulas do dragão.
Mas é certo que nunca mais se lá voltou. Com arroz não se brinca e com o Abranches Y Menezes também não. O São Jorge safou-se uma vez com o Dragão, mas não é certo que se safasse segunda vez.
2 comentários:
Arroz?... Crueldade - a coisa ainda está fresca e cheira a estorricada. Para alguns, a esta hora, arroz soa como Alésia para os gauleses...
é pá, isto tá muito melhor sem textos que com esta merda de escrita: façam-se cópias da net. mil vezes plágios que um burro aos coices
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