03/12/09

As Três do Brit que afinal são só duas, por Britannicus

1º Vem Viver a Vida, Amor , José Cid.

Há merdas que se pespegam à biografia dos nossos gostos como o saburro e o cieiro ao entrecosto. A menos que peças a alguém que te esfregue a lombeira, eles ficam lá. Se a removes a esfreganço, fica a marca do esfreganço. O pudor é ocioso e pelintra: não vale a pena ocultar no sótão os cómodos que já foram da sala de estar, nem esconder o retrato com as pantalonas à boca-de-sino; haverá sempre um filho da puta que irá descobrir que tivemos uma cristaleira rococó e um cabresto fução que irá aparecer co retrato das pantalonas – “Olhem prás calças deste choninhas caralhinho!”
Está dito. Gosto do José Cid porque tive pantalonas e lá em casa havia uma cristaleira rococó.

2º Decades, Joy Division.
O MEC, em Portugal, e os cardeais da Congregação Para a Causa dos Santos Musicais já canonizaram o pontuar da percussão e a sua arritmia orgânica, as melodias insignificantes, a melancolia e tristeza irredentas do Ian Curtis. Os Joy Divison mandaram às urtigas o inssurreiccionismo dionisíaco-juvenil-hormonal de meia história da música popular do século XX(um quarto de história, vá lá!) e disseram, sem verdade, que na música e em lado algum há redenção. À semelhança da ideia de Deus na Idade Média, a banda não teria tido tanto sucesso se na altura houvesse Prozac.Na altura,um gajo sofria comó camandro.

4 comentários:

Anónimo disse...

Britt, mene, a melhor música do cid é das favas com chouriço, pela qualidade da letra. E os Joy Division têm coisas mais poderosas que Decades. A minha preferida dos gajos é Atmosphere.

britannicus disse...

3. Cemetry Gates, Smiths

“Quem é o maior ingês vivo?”
Quem era o dândi que actuava com um ramo de flores no bolso traseiro dos jeans e que enco , funeramente, às portas do cemitério. Keats e Yates, do meu lado, Wilde, do lado dele. Eu disse-lhe: hei beef, contigo nunca a canção pop esteve tão perto de ser o que sempre foi: uma espécie de parábola dos dias de hoje, um arremedo de micronarrativa errática. Nunca a canção pop foi tão boa condutora de literatura.
E não é que o gajo e o calhorda do Wilde desatam a cantar:

“dont forget the songs
that made you cry
and the songs that saved your life
yes, you're older now
and you're a clever swine
but they were the only ones who ever stood by you"

[The Smiths - Rubber Ring]

Normandus disse...

fónix, nunca suportei esse brit presunçoso e mete nojo do Morrissey. A única boa literatura original dos Smiths ainda está nas linhas de baixo do Meat is Murder. O resto é sub-Wilde, que é a escala mais baixa de literatura.

Viva a Divisão da Alegria!

Anónimo disse...

fdp do Guimara~es sa~o uns vendidos!