«Vi uma manifestação de pais, alunos e professores de uma escola pública, onde, dizem eles, chove em alguns locais e faz frio porque não há aquecimento na escola».
m.s. tavares, Expresso, 5/2/11
Tudo nesta frase é abjecto, sinuoso, manhoso...Isto vem escrito no último número do Expresso, um jornal que, estranhamente, continua a pagar principescamente a este indivíduo para debitar porcarias destas. Estranha-se que um jornal de referência não reflicta um pouco mais sobre os escrevinhadores que anda a sustentar.
Mas a dita frase tem um mérito, por acaso, pedagógico - ela pode ser utilizada como um bom exemplo de como as palavras podem ser traiçoeiras e manipuladoras. Sublinhei algumas partes desta jóia peçanhenta. Repare-se: o tavares não diz que chove e faz frio numa escola pública. Não. Isso não é , para ele, um facto - simplesmente «dizem eles». Nesta chico-espertice o tavares deixa assim sub-entendido que isto pode ser uma inventona movida sabe-se lá porque ínvios interesses dos alunos, pais e professores. «Dizem eles», sabe-se lá se chove e se faz frio naquela escola...
E o que «dizem eles»? Que «chove em alguns locais» (da escola, presume-se). Outro artifício de ratazana - obviamente os pais, alunos e professores não se queixam de chover «nalguns locais». Queixam-se porque, certamente, chove no interior da escola, possivelmente, nalgumas salas de aula e no ginásio, como se vê tantas vezes por esse país fora. Mas esta parte o tavares omite - deixa quase a entender que estamos perante um bando de maluquinhos que se queixam de que «chove nalguns locais», no pátio talvez ou no parque de estacionamento ao ar livre...
O resto do artigo (?) consiste num delírio que insulta a inteligência de qualquer burro. A argumentação do tavares, para rebater a pertinência destes protestos consiste nisto: no tempo dele, o tavares estudou no Marão e numa escola de Lisboa e nem numa nem noutra escola havia aquecimento para tornar o frio suportável e nesse tempo ele apanhava muita chuva e muito frio e também ia a pé para a escola e não tinha canetas nem giz nem lousa, etc, etc. Aqui já estamos no grau zero da argumentação: a linha de raciocínio é digna de um indivíduo que já não está na posse das suas inteiras faculdades lógicas. O tavares quer dizer que se no tempo dele era assim, então agora, em 2011, os pais e alunos e professores do ensino público deviam agradecer o muito que já têm e não andarem a fazer birrinhas.
Mesmo vindo isto do tavares, temos alguma dificuldade em acreditar. Mas é mesmo esta lógica que ele desenvolve, o que permite conclusões na mesma linha de raciocínio do género: no meu tempo os professores batiam nos alunos e agora estes queixam-se quando apanham um simples bofetão ou outros delírios do género, no meu tempo comíamos uma sardinha assada a dividir por três e agora queixam-se de que a carne de vaca da cantina é má, etc, etc. Em suma: inacreditável! E o Expresso acha isto normal? E paga-lhe?
O tavares conclui com chave de lata o seu miserável escrito, recomendando aos alunos que se «há uma escola onde falta o aquecimento e chove em alguns lugares» (sic) a solução é que os meninos se «agasalhem e levem guarda-chuvas». Guarda chuvas acho que deviam levar, sim. Para quando o tavares passar um dia nessa escola. Se forem dos bons, daqueles resistentes como no meu tempo, os guarda-chuvas ainda podem ser muito úteis. Ah pois podem...
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