21/03/11

Fracos Com Os Fortes, por John Deere

Já lá vai uma semana que o governo da república veio anunciar,muito contente e orgulhoso,que chegara a acordo com as associações de camionagem que ameaçavam parar o país. Os camionistas, ou melhor, os seus patrões que a greve era dos empresários e não dos trabalhadores, voltaram a pegar ao serviço e tudo acabou em bem. Ainda estava na memória de todos a anterior paralização no sector que, praticamente, meteu o país em estado de sítio. O governo respirou de alívio com o acordo, a comunicação social noticiou a feliz novidade e os comentadores de serviço concentraram-se noutras questões mais candentes. Durante uma semana esperei que alguém fizesse a pergunta óbvia: mas é justo este acordo? A cedência do governo às reivindicações das empresas de camionagem é um acto de justiça devida e equânime? Ou uma cedência do governo a um poder real e efectivo? Como ninguém se lembrou de fazer estas singelas perguntas eu trago-as aqui e respondo.

O governo cedeu. As empresas de camionagem passam a contar com descontos importantes nas scuts e nas portagens das auto-estradas e beneficiam de mais uma série de benefícios fiscais. Até posso achar que, em face da actividade de rapinagem das gasolineiras que a todos afecta, estas medidas sejam justas. Mas porquê só para as empresas de camionagem? Porque é que outras empresas ou até empresários individuais que necessitam igualmente de se deslocar de carro nas mesmas estradas não gozam dos mesmíssimos benefícios que o governo atribui às empresas de camionagem? Se eu for dono de um camião usufruo dessas vantagens, mas se for um padeiro, um carpinteiro, um advogado, um empresário de outra área qualquer, não tenho essas benesses. Isto faz sentido?


Não teve nada a ver com justiça, esta cedência governo. É fácil de perceber que o governo mais uma vez comportou-se de acordo com um padrão. Foi fraco com os fortes, como sempre ( assim como continua a ser forte com os fracos). A única e exclusiva razão para estas cedências nada tem a ver com justiça, mas com o medo. Se a gente xuxa percebe que lida com alguém que tem poder afectivo - como é o caso - cede. E quando não reconhece ao seu interlocutor esse poder, não cede e enche a boca com a firmeza e tretas que tais. Mas, de facto, a única linguagem que esta gente entende é esta: a da eficácia do poder. Tanto faz que milhares de trabalhadores se manifestem nas ruas todos os dias, que utentes do sitema de saúde se revoltem, que a geração a rasca desça à rua indignada ou que pais, alunos e professores reclamem do ataque à escola pública. nenhum deles tem - ou não sabe que tem - o poder de parar o país como as empresas de camionagem quando resolvem parar. E é isso e apenas isso que os xuxas entendem. E ficámos todos muito contentes porque o país, afinal, não parou...

12 comentários:

Supernova disse...

estavam todos numa manifestação a gritar: "queremos trabalho queremos trabalho"
Aparece um patrão que diz a um: preciso de um trabalhador para a minha empresa!
Resposta do manifestante: fodasssss tanta gente aqui e vem-me logo chatear a mim!!!!

uma fabrica na zona de tábua precisava de 250 trabalhadores. localidades proximas: penacova, mortagua, oliveira do hospital, arganil,santa comba... Sabem quantos preferiram ficar a ganhar subsídios mínimos e de desemprego?

Anónimo disse...

Super Velhinha strikes again!

Anónimo disse...

Grande piada, sim senhor. foste tu que inventaste ou alguém ta explicou? Confundir a árvore com a floresta denota alguma miopia... já que gostas de casos particulares, explica-nos o que faz um tipo de 50 anos, que foi para o desemprego e não é aceite em lado algum (e, por vezes, é a família toda, graças a esta política fantástica que leva à falência das empresas). Há lugar para ele? Onde? Ou acabamos com o subsídio e ficamos todos melhores. E, talvez, fiscalizar a sério quem merece ou não? Ora, para quê isso, se com piadolas resolvemos isto?

Confúcio

Anónimo disse...

olha o supernova, loooooooooooooooooool

Anónimo disse...

O povo num ker é trabalhar. malandros, é o keles são. o melhor é obrigálos e kom rédea kurta

Supernova disse...

não... também sei que não está nada fácil. E a taxar golfes a 6% também não ajuda.
A revolta contra os camionistas deveria ser dirigida a empresas que fazem parte de grupos grandes e que fazem serviço nacional( principalmente à noite) para atestar os seus supermercados. Que por acaso nem têm grandes problemas de dinheiro e nem pagam grandes ordenados.
O triste que tem meia dúzia de camiões e que se arrasta pela europa nem vê qualquer ajuda nestas medidas. Não generalizar , principalmente nos transportes.
Já agora quantos vocês contribuem para economia local e vão fazer compras ás lojas que sustentam uma família?
Mas até num comentário que faço a criticar o governo consegui levar pancada.... Previsível eheeh

Anónimo disse...

Em termos de previsibilidade ninguém te bate. Aconselha-me umas lojas que deem comer a famílias para eu lá ir. Sim, essa do golfe é absurda (já agora sabes porque é que ela apareceu?). Ah, os meus sentimentos: o teu governo caiu

Ramadão

Supernova disse...

Sei... foi para ser mais barato agredir os jogadores dos maiores.
O meu governo?!!! estou confuso. Como sabes em quem voto?
Fizeste-me rir.

Supernova disse...

ah... Tens uma churrasqueira em Pereira onde trabalha mãe, pai, filha e filho. Podes começar por aí. Depois podes passar no monte carmelo para um cafezinho e a seguir passa por Ança que há lá uma loja de roupa que pretence a uma mãe e filha.
Se fores de sapatilhas aproveita e vai até ao choupal dar uma corridita.
Vai para casa no fim, toma um bom banho de água quente aquecida pelo gás da Ti Maria da loja e se não te tiver apetecido lá comprar os alimentos para um bom jantar em família leva a prol a jantar fora. Pode ser no After que pertence a dois irmãos há uns bons largos anos.
Passa por um clube de vídeo e aluga um filme e desfruta-o em casa em vez de o alugares nos meos.
E sweet dreams. Don´t let the bed bugs bite.

Anónimo disse...

é pá pareces membro da confraria de cedofeita de cima! és, assim, tipo parecido com a máfia (a família e tal).
Mas pronto, agora tocaste no meu coração: também gostas do Glorioso. E pronto. Já não bato mais. Acima de tudo (até do país) o Glorioso.
Já agora essas famílias fazem desconto se eu disser que vou da tua parte? Tens comissão?

Ramadão

Supernova disse...

"Aconselha-me umas lojas que deem comer a famílias para eu lá ir" foi só por isto.
Eu nem me queria perder muito por estes caminhos, até porque não sou o melhor exemplo!
É difícil ser um dos únicos a puxar contra vocês. Ainda que algumas vezes até concorde com o que é dito dá-me algum gozo contrariar-vos.
O que vale é que a referencia aos maiores apaziguou os ânimos.

Anónimo disse...

Concordo contigo: dá-me um certo gozo acertar-te no toutiço! Mas quem tem o Glorioso como referência não pode ser mau rapaz...

Ramadão