August Sander (1876-1964) foi um dos mais interessantes fotógrafos do século XX. A sua obra não é propriamente genial, mas provocou verdadeiras ondas de choque na Alemanha do seu tempo. Em 1910 , Sander iniciou um projecto (O Espelho Da Alemanha e o Rosto dos Tempos) que lhe valeu sarilhos e a posteridade. Nos seus inúmeros retratos de pessoas de todas as camadas sociais e etárias alemãs, Sander procurou obter um retrato mais ou menos exaustivo e objectivo do povo Alemão. Fotografou todos: pugilistas, camponeses, crianças, burocratas, coristas, operários, e sempre com um toque ácido de humor. De facto, é apenas por esse lado irónico que se pressente nos seus retratos, que não alinho em considerá-lo um fotógrafo inteiramente realista. Estas são três das suas fotos, respectivamente, Boxeurs, Young Peasants e Railway Officers.
Mas este projecto, pretensamente realista, de retratar os alemães como são e não como devem ser motivou a ira dos nazis. Nos anos 30, ainda o nazismo era uma criança, Sander já constava da lista negra e muitas das suas fotos e negativos foram destruídos. E já em plena guerra a sua visão sistemática e crua do povo alemão é anatemizada por não se enquadrar nos estereótipos arianos do Nacional Socialismo. Sander é perseguido e, esperto!, a partir daqui dedica-se definitivamente à fotografia de paisagens.
Repito a minha pergunta: porque é que os Nazis não gostaram das fotos de Sander?
Compare-se os modelos de Sander com estes exemplos de arte nazi:www.opfergang.de/
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