09/07/08

As Capas dos Meus Discos: Scorpions, Animal Magnetism, por Transformer

Eu nem sequer gosto de Heavy Metal, quanto mais dos Scorpions... Mas merecem um post no Porco, pela coerência dos seus covers. Vendo bem também não se pode dizer que sejam grandes capas. Mas lá está: são coerentes, há uma tentativa sistemática de fazer passar uma imagem de marca de durões, sexistas e machistas. Do ponto de vista gráfico, os Scorpions são das bandas que levaram mais a sério aquela coisa da mulher-objecto. Dou dois exemplos: os covers de In Trance/Virgin Killer e de Animal Magnetism, que ilustram este post.


Nos dois casos a mensagem é primária, bruta, quase infantil. Em In Trance é clara a associação entre o título, a expressão orgiástica do modelo e a guitarra. A rapariga parece masturbar-se com a viola, ou pelo menos, quando se liga a ela (atente-se na ficha da corrente) e por isso vibra, num sentido explicitamente sexual. Simples e directo.

Em Animal Magnetism as alusões não são tão claras, mas ainda assim, estamos no domínio da evidência. Percebe-se que quem tem «magnetismo animal» é o homem que vemos fotografado de costas vestindo uns clássicos e másculos jeans como deve ser. A mulher, de joelhos à altura da breguilha está em pose religiosa, como se adorasse um santo ou um senhor todo poderoso. Parece indefesa, de braços inertes e à mercê do seu senhor. O tema faz lembrar a célebre série Le Clic de Milo Manara em que um homem consegue levar qualquer mulher ao descontrolo sexual mediante o manuseamento de um misterioso aparelho que basta premir, como se fosse um comando de TV. Em ambos os casos trata-se da redução total da mulher à objetidade sexual.

Em Animal Magnetism o olhar da mulher é quase suplicante: prescruta o rosto do seu superior, parecendo esperar uma ordem de cima, que não deve tardar. O cão, símbolo da fidelidade, acentua a dominância do macho. Não olha para cima, como a mulher, mas está concentrado no eixo central do «quadro», isto é, na posição em que emerge a breguilha - o mesmo eixo da face da mulher. É tudo muito óbvio e até brutal. Por fim, um toque de ironia delicioso ou de mau gosto, consoante a perspectiva: o homem segura na mão direita uma lata de cerveja, outro símbolo da indiferença machista.

O que é curioso nesta, como noutras capas da banda, é que esta peça é da autoria da mais famosa produtora Inglesa de Design - em particular de covers - a todo-poderosa e galáctica HIPGNOSIS. A HIPGNOSIS é a mesma empresa que fez as capas míticas dos intelectuais Pink Floyd (sim, o Dark side of the Moon, o Ummagumma, o Animals, o Wish You Were Here, é tudo deles), algumas dos Genesis (como The Lamb Lies...) dos Zeppellin, do Peter gabriel, dos UFO, em suma, de praticamente todas as bandas que atingiram o estatuto de Mega Stars. Experimentem digitar Hipgnosis no Google e vão ter uma surpresa: vão ver que uma boa parte dos mais famosos covers da história são deles. Mesmo quando a mensagem é simples convém que seja eficaz. Os Scorpions que, musicalmente, nunca passaram de um certo estridentismo exibicionista próprio do Heavy Metal, pelo menos, não facilitaram nas capas. E fizeram bem...

2 comentários:

Anónimo disse...

scorpions, não sei. mas em baixo, no post da bola, tratei tão mal a merda do FCP quinté me sinto orgulhoso.
scorpions? bãossapôrnumporco.

Anónimo disse...

Ó dog, fónix, lê ao menos o post até ao fim. Eu também não gramo os gajos e é isso que digo. mas as capas são outra coisa. Baitu...
Escorpião