17/12/08

Política de Retrete, por Sanita Jalomé

Zita Seabra é um dos exemplos mais claros do estado de aviltamento a que chegou a política em Portugal. Politicamente a Zita é um híbrido, um cruzamento entre a volatilidade da enguia e a resistência da barata. Um espécime artificial que se caracteriza pelo facto de sobreviver nas mais adversas condições, deslizando com agilidade de habitat político para habitat político, até encontrar aquele que mais a favorece. Assim foi quando resvalou do PC para o PSD, verdadeiro salto mortal da coerência; assim foi quando, não fazendo a mínima ideia do que é o distrito de Coimbra, aceitou ser candidata a deputada por este círculo eleitoral; e assim foi, agora, quando trocou a sala nobre pela casa de banho do Parlamento.

Refiro-me ao caso que agitou o país na semana passada (quer dizer, não agitou tanto quanto devia, agitou à medida da amostra do país apático que é o nosso) das faltas dos deputados à sessão parlamentar de sexta feira passada, véspera de fim de semana prolongado. Zita, soube-se então, veio esclarecer, muito indignada, que no seu caso não faltara à sessão parlamentar em que se votava a proposta do CDS de suspensão do modelo de avaliação dos professores. Não, nada disso: ela não é desses que vão de fim de semana à sexta à tarde ao arepio dos seus deveres de deputados! Ela até assinou o ponto e tudo...

O que se passou foi outra coisa, explicou: como não está de acordo com o voto da sua bancada que subscrevia a moção do CDS e não quis infringir a disciplina partidária, o que resolveu a zita fazer? Assumir corajosa a frontalmente a sua convicção e votar, em coerência, de acordo com os seus príncipios, em desacordo com a orientação do seu partido? Fazer uma declaração de voto na referida sessão em que justificasse a sua posição, o que não seria, aliás, mais que cumprir o dever de qualquer deputado da nação? Não! Não, nada disso - a zita resolveu sair no momento da votação para ir à casa de banho!
Uma pessoa ouve esta merda e nem quer acreditar... É mau de mais, é chocante! Não é só a atitude, já de si, medíocre, é, ainda por cima, a total ausência de discernimento e, já agora, de vergonha, em vir assumir uma cobardia deste calibre como se fosse motivo de orgulho!

Talvez o termo zitice passe a entrar no léxico da língua portuguesa para designar este tipo de atitude menor. Por exemplo, quando uma pessoa falar mal de outra nas costas desta, agora sempre podemos dizer simplesmente para essa pessoa se deixar de zitices. Ou quando, num restaurante, chegar a hora de pagar a conta e se reparar que há um alguém que ficou com uma vontade estratégica de ir à casa de banho, sempre podemos dizer: ó manel, pá, deixa-te lá de zitices e paga, ao menos, um euro prá gorja. E por aí adiante, são muitas as ocasiões que o quotidiano nos oferece para praticarmos zitices.

Ficamos então a saber que segundo a ideia que a dona zita tem da nobre missão da política, quando um deputado tiver convicções incómodas, o que deve fazer não é defendê-las com frontalidade. Não: as convicções contra a corrente têm, segudo a senhora, o seu espaço próprio, precisamente, o WC. Se a moda pega qualquer dia as sessões parlamentares passam a decorrer na casa de banho em vez de decorrerem na sala nobre. A sanita e o bidé em vez da cadeira nobre do parlamento! - eis uma boa imagem da degradação a que chegou a política em Portugal. Com deputados como a zita, meus amigos, a política já se transformou em portugal numa grande, infecta e malcheirosa sanita de uma vulgar casa de banho.

39 comentários:

Anónimo disse...

Acho bem o resto todo, porra para os deputados, mas esta conversa da "coerência" já mete nojo. De cada vez que falam do Cunhal, por exemplo, é para louvar a sua "coerência". Toda a gente à esquerda e à direita se verga perante a sua coerência". Podia ser merdoso mais as suas ideias de merda, mas era "coerente"! Ora bardamerda para os coerentes. No que toca a sabedoria popular prefiro o que diz que só não mudam aos burros. Posto isto, acho que a senhora (independentemente de estar a mais, ou de menos, na política) e outros como o Vital Moreira fizeram muito bem em mudar de rumo. Evoluiram.

Pata Negra disse...

Evoluiram?! É assim que o país evolui, de vital em vital, de zita em zita até à merda que se tornou a política. Pois bem, não me choca que alguns deputados tenham tido outros afazeres, quer tenham sido no âmbito das suas funções, quer tenham sido na satisfação das suas vidas particulares. Não me choca a Zita porque não tem impacto para isso, choca-me sim o descaramento com que a sua conduta foi entendida como normal - por alguns críticos das outras faltas - quando não passa do espelho em que se tornou a caricatura desta democracia entronada na disciplina de voto. Disciplina de voto? O que é isso?
Um abraço desparlamentado de todo

Anónimo disse...

Sim, evoluíram. E não são nem causa nem espelho dos problemas do sistema político-partidário.
E não percebo o "Pois bem": Não me lembro de ver ou ler em lado nenhum esse "descaramento com que a sua conduta foi entendida como normal". A esmagadora maioria das reacções, dos média e da sociedade civil e de muita sociedade política, foi crítica e veemente. Não vi ninguém a achar aquilo "normal" e prevejo que dificilmente se repetirá. E isso só por si, essa condenação unânime e aberta, já é um excelente sinal de maturidade democrática neste país democraticamente imberbe.
Ainda estamos a aprender a andar nisto, mas infelizmente este é um país de poucas zitas e poucos vitais, avesso à mudança e adepto da "coerência". Não é por acaso que o Salazar ainda é tão amado.

Anónimo disse...

Incoerente não tás a ser radical? Uma coisa é um gajo evoluir, o que está muito bem. Outra é a zita que muda e ainda por cima muda demais e de formas completamente estapafúrdias que só a necessidade de sobrevivência a todo o custo justificam. Entre o imobilismo salazarento e a inconsistência da zita há um meio termo.

Anónimo disse...

O que é que significa "mudar demais" e "de formas completamente estapafúrdias"?

Anónimo disse...

caro incoerente:
MUDA PÁ, para ver se consegues Evoluir



Ass. Evolução Radical

Anónimo disse...

E batatas fritas?

Anónimo disse...

e foda-se?

Anónimo disse...

isso, e foda-se?

Kruzes Kanhoto disse...

Eu também sou muito coerente. Estou sempre contra.

Anónimo disse...

foda-se o incoerente. ainda somos imberbes nisto? quantos anos precisamos caralho? esta merda é evolução? andar atrás de quem dá mais? cavalgar a onda? a merda anda sempre à tona. que ideias ou ideologia tem essa senhora? que obra fez? nem incoerente é, é uma atrasada que se vende a quem dá mais.
sacerdote

Anónimo disse...

O sacerdote devia tomar um cházinho para os nervos. Não quero saber da senhora para nada, só lhe admiro a incoerência.
Precisamos dos anos que forem precisos, sei lá. Os cámones e os ingleses andam nisto há centenas de anos e ainda estão a evoluir e a fazer merda no processo, porque também é assim que se aprende. Nós temos uma vintena de anos disto da democracia e achamos que somos peritos. Está certo.
Quanto às ideias da senhora já lhe li algumas interessantes, por sinal, sobretudo no livro (uma obra!) O Nome das Coisas: Reflexão em tempo de mudança.
Ideologia? ainda bem que já não tem, digo eu, que sou mais bardamerda para ideologias e religiões e clubismos.
Já em relação à "obra" em geral, não lhe conheço pontes nem viadutos mas conheço-lhe melhor a actividade de edição, na Bertrand mas sobretudo à frente da Aletheia, que é só uma das melhores do país e foi por ela fundada. Mas há-de ter feito mais coisas, sei lá. Pelo menos teve o mérito de perceber que estava enganada e de corrigir a trajectória. Não é como muitos que eu conheço, que insistem na asneira em nome da sacrossanta "coerência".
Mas já que mal pergunte, "atrasada" porquê?

Anónimo disse...

o sei lá é sinónimo de coerência ou incoerência? na vida política portuguesa, que é ond ela se insere, o que fez? quem ajudou? que contributo? mudar do pc para o psd...evolução, involução? SEI LÁ. mas se é para elogiar a incoerência, tens modelos para todos os gostos: casa pia, banca, apito dourado (os mais mediáticos, claro). Chá, gosto. Quando mudar para tinto podes elogiar a incoerência
Sacerdote

Anónimo disse...

ah, ir à casa de banho na altura da votação é uma boa incoerência. ou não

sacerdote

Anónimo disse...

O sacerdote, apesar do chá e à falta de melhor argumento, prefere desconversar.
Onde é que senhora se insere? Insere onde lhe apetecer, agora parece que está inserida no PSD. O que fez? Já respondi em parte. Quem ajudou? talvez alguns pobrezinhos na rua, a família e alguns amigos, como todos nós, e ajudou-me a mim que não a conheço de lado nenhum porque editou alguns livros de que gostei muito. Se queres pontes e viadutos, tens o caso de grandes estadistas como o Alberto João, a senhora que fugiu para o Brasil, ou o Avelino, esses sim, são coerentes. E obram! E sim, ir do PC para o PSD é um processo de evolução, mesmo que o PSD seja uma merda, há diferentes graus de merdosidade e o PSD é uma merda melhor.
Quanto aos exemplos dados, estás enganado, são exemplos de coerência. No caso, da coerência merdosa do nosso merdoso sistema judicial. Mas quanto a isso tens para aí muitos causídicos no blog que explicam melhor.
Tirando isso, não admiro particularmente a carreira político-partidária da D. Zita, só não apreciei algumas pinceladas do retrato. Só isso.

Anónimo disse...

ah, isto é conversar: pronto estou esclarecido. parece que estamos de acordo nas premisssas quanto à senhora; a conclusão é que é diferente. isto é, a senhora vale o que ficou descrito mas aplauda-se a sua incoerência. Viva a boçalidade do jardim. Loas aos vigaristas da banca. Aplausos para os pedófilos. Já os palhaços que se demitem porque foi colocada em causa a sua integridade, porque valorizam a sua palavra e não admitem ser reviralhos, esses era fodê-los a todos...
Sacerdote

Anónimo disse...

sempre achei piada aos gajos que, quando se fala em obras, se lembram do betão, pontes, viadutos, auto-estradas. sim senhor, vistas largas e grande sabedoria.


infante santo

Anónimo disse...

E foda-se?

Anónimo disse...

Por acaso não era pontes, era livros, mas pronto, mais um a desconversar. Deve ser o mesmo.

Anónimo disse...

olha o chá. ajuda-te a conversar. e a não perder a perspectiva.

sacerdote

Anónimo disse...

Caro sacerdote, o facto é que eu apresento dados objectivos, e vocência introduz adjectivos e excitações avulsas. Daí o e foda-se? Como quem diz: e batatas fritas?

Anónimo disse...

dados objectivos? lol. A zita é incoerente: viva a incoerência. ok. o albero joão é um boçal: viva a boçalidade. O cruz é um pedófilio: viva a pedofilia. Dados objectivos? hum
Venham as batatas fritas. e o foda-se. Isto são adjectivos ou excitações avulsas?

Sacerdote

Anónimo disse...

A coerência pode ser boa como princípio, mas nunca o é como princípio absoluto. É bom sermos fiéis a determinados valores, humanistas, por exemplo, digo eu sem querer impor nada a ninguém. Mas também é bom mantermos sempre em aberto a possibilidade de mudança.
Os exemplos humorísticos do Alberto João e do Cruz são disparatados porque, como tudo na vida, cada caso é um caso, e, no caso, é do caso particular de Zita Seabra que se trata, é esse o tema do post. Não sei se o senhor Cruz é pedófilo, o Tribunal ainda não se pronunciou, mas a coerência boçal do Alberto é coisa má, por exemplo - ainda que haja quem aprecie, eu acho que ele devia ser incoerente e tentar ser um bocado mais civilizado, mesmo que seja por uma mera questão estética. No caso vertente, concordei com o tom geral de indignação do post em relação ao comportamento da deputada e de muitos outros deputados nesse dia em particular no parlamento. Discordei das considerações em torno da "incoerência" estrutural da deputada. Como se ter passado do PCP para o PSD fosse uma nódoa de opróbio irremediável na sua vida, um anátema em forma de "salto mortal". Na minha forma de ver as coisas, pior seria ter-se mantido coerente com a ortodoxia comunista, sobretudo na altura em que saiu, quando o comunismo (ou o marxismo-leninisno, ou seja o que for) fracassou e muitos outros dentro do PC começaram a reclamar maior abertura ideológica e inovação programática. E ou foram afastados ou se afastaram, mas seja como for evoluíram.
A forma de pensar reflectida no post é generalizada no nosso país. Os casos de Cunhal e Salazar demonstram-no. Gente que se manteve coerente às suas ideologias e dogmas até ao fim dos seus dias, indiferente ao mundo que muda lá fora. Neste caso particular de Zita Seabra e de muitos outros como ela, sim, viva a incoerência. A mudança, de que toda a vida é feita.
Também achei injusto vê-la retratada como uma parasita inútil. Sobretudo alguém que não fez "obra", seja lá o que isso for. Simplesmente chamei à atenção para algum trabalho e pensamento da senhora.
Sim, tem os defeitos da generalidade dos nossos políticos medíocres e realmente reflecte alguns dos problemas graves do sistema político-partidário (como concorrer para o Parlamento por um distrito, que por sinal foi onde nasceu, e cagar nesse mesmo distrito quando lá chega, por exemplo) mas há pontos no teu post e na tua argumentação que são discutíveis, é só isso.

Anónimo disse...

não sou o autor do post. as minhas afirmações não têm tanto a ver com a coerência/incoerência, mas mais com a incoerência e cobardia expressa por essa senhora que, na hora da votação, decide, cobardemente, ir à casa de banho. Os exemplos que tu dizes disparatados foram para responder aos teus comentários despropositados. Não gosto da zita, mas ela é insignificante demais para ser paradigma de qualquer coisa, seja ela qual for. Se elogiamos a incoerência, a propósito de uma zita qualquer, porque não elogiar a boçalidade do outro? Ou é só quando dá jeito? O disparate não tem exclusividade.

Sacerdote

Anónimo disse...

Elogio a incoerência da zita (a tal "atrasada que se vende a quem dá mais") no aspecto já referido e remoido. E elogio a incoerência como princípio que devemos deixar em aberto. E é óbvio que isso não implica nem se relaciona de forma nenhuma com a boçalidade de ninguém. Porque não elogiar a boçalidade do outro? É simples, porque não tem nada para elogiar.
Paradigma de alguma coisa?! Pois, concordo.
Quais comentários despropositados? Dá-me um exemplo. Até para eu perceber as referências aos pedófilos, aos vigaristas da banca e aos palhaços que se demitem (quais palhaços?).
E os teus comentários vão para além da "hora da votação". Se não, nem fazia sentido estarmos aqui às marradas, porque nesse particular estamos de acordo.

Anónimo disse...

não concordo contigo relativamente ao elogio da incoerência, mas são perspectivas. cada um pensa a partir dos seus pressupostos. quanto ao caso da zita, parece que estamos de acordo quanto ao "abandono estratégico". Só que eu acho que o tal abandono é um sintoma dessa incoerência. e da má formação.tu achas que não há nada para elogiar na boçalidade (e eu concordo). e eu acho que não há nada para elogiar na incoerência.

Sacerdote

Anónimo disse...

não concordo contigo relativamente ao elogio da incoerência, mas são perspectivas. cada um pensa a partir dos seus pressupostos. quanto ao caso da zita, parece que estamos de acordo quanto ao "abandono estratégico". Só que eu acho que o tal abandono é um sintoma dessa incoerência. e da má formação.tu achas que não há nada para elogiar na boçalidade (e eu concordo). e eu acho que não há nada para elogiar na incoerência.

Sacerdote

Anónimo disse...

Deduzo então que, para ti, a sra. Zita seria digna de respeito se permanecesse militante do PCP até ao fim dos seus dias. Isto é, coerente com a ideologia que abraçou na adolescência. É isso?

Anónimo disse...

estás a esforçar-te demais: obviamente não. se se levantasse para ir à casa de banho... o que eu disse foi que essa atitude bate certo com a sua incoerência.

Sacerdote

Anónimo disse...

Não é esforço nenhum, é um prazer, a conversa está interessante. Mas a atitude bate certo com que outra sua incoerência?

Anónimo disse...

Estás a ser incoerente. Por um lado condenas a incoerência (não me acompanhas no elogio), da atitude ou em geral, por outro concordas comigo que é coisa boa a zita ter mudado de ideias em relação ao comunismo. Em que ficamos?

Anónimo disse...

agora elogias-me! nunca disse que era coisa boa ela ter mudado em relação ao comunismo. é uma opção dela. pronto (embora estranha, do comunismo para o psd...não revela grande clareza de ideias)- isto é para te dar tema...
ideologicamente: achas que quem é de esquerda muda para a direita, sem qualquer rebuço? Uma destas opções não estva bem pensada, não te parece? são conceitos diferentes, deixou de se acreditar? acredita-se noutra coisa? a anterior perdeu validade? a nova apareceu de repente?

Sacerdote

Anónimo disse...

Elogio? está bem, pode ser, tudo para te elevar a auto-estima. Mas portanto, para ti é então coisa má ela ter mudado em relação ao comunismo. É então esse, como desconfiava, o pecado original da senhora, a mãe de todas as incoerências que se seguiram. Muito bem.
Sem rebuço não sei, cada um fala por si, a mudança pode ser um processo fácil ou não, pode ser rápido, tipo epifania, ou pode ser lento, aos poucos vamos percebendo o que está mal com a nossa crença, vamos deixando de ser gente de livro único, começamos a ler outros livros, a ter consciência da nossa liberdade individual de mudar, a abrir os olhos e acontece.
A vida não, nem deve ser, digo eu, essa rigidez da tua lógica. Imutáveis são os burros.
É discutível que o PSD seja um partido de direita, mas adiante, isso também não é o mais importante.
O mais importante é realmente que a mudança acontece. E é natural que aconteça, já o Luiz Vaz sabia disso.
Mais radical, diria eu, é um católico passar a ser ateu ao fim de muitos anos a rezar ao Espírito santo. E acontece - tal como acontece vice-versa. E não é necessariamente coisa má.
É esse o meu ponto desde o início e o que defendo, no fundo, é que deixe de se estigmatizar a mudança. Sobretudo com essa noção moralista de "coerência".
No fundo, acho eu, cometes o mesmo erro de base dos comunistas, que não percebem (nem aceitam) a vida e o homem na sua complexidade. É tudo muito simples, regra e esquadro: Científico. Tem de ser assim e não deve ser de outra maneira, eles com a sociedade sem classes e tu com a coerência. A tender para a dispensabilidade das variáveis e das contingências.
As pessoas evoluem, amadurecem e mudam de ideias muitas vezes ao longo da vida, são paradoxais e incoerentes, e isso é, sim, coisa boa. É evidente que não defendo que se passe a vida a mudar, dia sim dia não, de opinião acerca de um modelo de sociedade ou de religião. Também vejo com maus olhos alguém passar a ser nazi. Sou pela moderação e pelo equilíbrio (agora, porque nem sempre fui assim). Defendo sim que deve ser um princípio em aberto e respeitado. Esse estigma (e o sobrestimado valor social da "coerência" associado) é uma das razões porque muita gente não muda para melhor. Mantém-se inabaláveis na sua crença eventualmente imbecil porque é fantástico ser-se "coerente".
Além disso, há as variáveis relativas. Podemos ser fiéis a determinados princípios como a solidariedade, a liberdade, a igualdade, etc., durante toda a vida - ou podemos em determinada idade valorizar mais uns do que outros, ser mais nacionalistas em pequenos e ser mais internacionalistas em adultos, por exemplo - e mudar de partido a um nível mais programático. Depende.

Anónimo disse...

desconfias mal, muito mal. já vi burros não serem imutáveis. coerência não passa por essa tua definição, mas lá chegarás. para incoerente és demasiado assertivo. não te limites a ler: reflecte e interpreta. ler diferentes livros é bom e isso não tem a ver, obviamente, com a questão vertente. ao longo este "debate" continuas a ser coerente?...isso parece-me incoerente...
Sacerdote

Anónimo disse...

Já cá faltava o paternalismo do sábio vivido...
ò sacerdote, isto realmente é um debate entre aspas porque tu não debates, atiras bitaites do terceiro anel! Como quem atira cascas de amendoim ao povoléu.
"Já vi burros não serem imutáveis"? Pois, também eu, mas só os burros é que não mudam.
Se não passa por esta "definição" (qual definição?...) passa por qual? Não mandes bocas laterais da treta, responde catano! Partilha essa sabedoria!
Ler livros? reflectir? Interpretar? Diferentes? Questão vertente? Mas estás a falar de quê afinal? Mais bolas para a sereia tipo casa pia e banca e pardais ao cesto?
E achas que eu me preocupo assim tanto com esta coisa de ser ou não ser coerente? Preocupo-me sobretudo com a qualidade das ideias. Se são diferentes hoje do que eram ontem? Paciência, é da vida.

Anónimo disse...

ó pá, é preciso fazer um desenho? não entendes, que queres que faça? muito simples: achas que a incoerência é boa, por princípio. eu acho que não, tb por princípio. e agora? qual sábio paternalista, qual caralho. a questão é simples: a zita surgiu para espoletar a discussão. o resto está dito. desde que haja ideias é bom: aquilatar da sua qualidade é outra coisa. o plágio do sócrates era desnecessário, porque óbvio. tu, um arguto argumentador, que não manda bolas para a sereia, nem bitaites, pretendes explicar uma tese. a pretensão já percebi. a tese não. dizer uma coisa e fazer outra diametralmente oposta parece-te coerente? este conceito de coerência é-te mais próximo, ou o outro, de fazer perdurar as mesmas ideias ao longo da vida? não respondeste a essa pergunta (formulada de outro modo, quando questionei o conceito). já agora, confundes exemplos para ilustrar ideias com coisas laterais. o acidente não é a essência: mas, como um argumentador nato, deves saber isso. chamas paternalismo sábio, mas tu é que pretendes ter respostas dogmáticas. mais uma vez: estamos em desacordo. citando-te (tb), é a vida. a evolução ou involução das ideias, como é suposto saberes, depende de quem se é e do contexto que se vive. como dizia o outro, a traição é uma questão de datas (e a incoerência ajuda)
Sacerdote

Anónimo disse...

Sim, agora começas a fazer algum sentido, apesar de continuares armado ao cagalhão, como se tudo o que disseste

para trás fosse evidente e clarinho como a água. Para dizer a verdade não sei quem és fora deste blog, nem

interessa, interessam as ideias que aqui trazes.E isto já não é só mandar bocas, como efectivamente tens feito, já é conversar, apesar de continuares com os ataques ad hominen e insinuações irónicas um pouco disparatadas. Não percebo o sarcasmo insistente do "arguto argumentador" e continuo sem perceber o que é que não gostas exactamente na minha "tese", o que é compreensível, se ainda não a percebeste. Então eu faço também um desenho: Zita Seabra é geralmente criticada pela sua "incoerência". Não por ir à casa de banho quando há votações no parlamento, mas porque passou do PCP para o PSD, trocou o comunismo pela social-democracia. É esse também o tom do post e é esse o tom de alguns comentários. Concordo que na votação houve um gesto condenável (dela e de dezenas de outros deputados), não concordo com a estigmatização da senhora em relação a ter mudado de ideias e de partido. Da senhora e de todos os outros senhores e senhoras que ao longo da sua vida mudam de ideias, partidos, conjuges, clubes, religiões, etc. É este tipo de incoerência que defendo, está bem explicado lá para trás: a liberdade de mudar.É esta essencialmente a minha "tese".
Dá-me um exemplo de "dizer uma coisa e fazer outra diametralmente oposta? Onde é que me viste a defender tal coisa?
Fazer perdurar as mesmas ideias ao longo da vida pode, ou não, ser sinal de profunda imbecilidade.
Dá-me um exemplo de "exemplos para ilustrar ideias" que tenhas usado e eu tenha confundido com coisas laterais? E, já agora, a que propósito vieram os exemplos da banca, da casa pia e quejandos? Consegues explicar? Podes fazer um desenho.
E aproveita o embalo e faz também um desenho acerca desta frase enigmática: «a evolução ou involução das ideias, como é suposto saberes, depende de quem se é e do contexto que se vive. como dizia o outro, a traição é uma questão de datas (e a incoerência ajuda)».

Anónimo disse...

ó caralho, mas quem és tu para te armares em ditador, e dizeres o que é correcto ou não? armado ao cagalhão? afinal devias ter bebido chá e não aconselhares os outros. se não percebeste o que se disse é "gastar cera com ruim defunto". todos os exemplos dados não são disparatados mas ilustram o que se afirma. explicar-te o óbvio? se o fizesse ainda me acusavas de sábio paternalista. a ironia prende-se com as tuas verdades lapalassianas: "fazer perdurar as mesmas ideias pode, ou não, ser um sinal de imbecilidade". ora sim senhor, aqui está uma tese interessante, isto é, uma coisa e o seu contrário podem ser verdadeiras. não conheço quem possa dizer melhor. o que tu defendes e o que eu defendo já ficou, há muito, esclarecido. a tua forma superior de apresentar os argumentos é que achei fora de tom e despropositada. o "geralmente é considerada" não me interessa: o que penso é que, para mim, vale e não a abstracção. posso dizer-te quem sou e o que faço, embora não te deva interessar particularmene. ser um espírito livre e pensar por si próprio parece-me evidente que não é questionável. se tb achas condenável o que a zita fez, então tb pensamos da mesma maneira. só para concluir, ortega y gasset dizia que o "homem é o homem e a sua circunstância" e isso talvez explique a importância da realidade circundante e da capacidade de questionar o real e pensar livremente.
Sacerdote

Anónimo disse...

Mas quem é que te censurou a alma pá? Quero lá eu saber o que é correcto ou não... Tenho opiniões, simplesmente, lamento que te irrite a forma como as apresento, mas é assim, paciência, peço desculpa aos ofendidos. Aliás, não peço merda nenhuma.
Mas como sempre disparas ao lado, fazes a festa e apanhas os foguetes. E como sempre não respondes às minhas questões. Por outro lado, não é verdade que seja óbvia a tua opinião acerca da minha "tese".
E no meio dessa emoção toda, ainda não sei bem se a tua opinião pessoal, íntima e espero que transmissível, coincide ou não com o que é "geralmente considerado". Eu acho que sim, que coincide, e lamento que isso insulte a tua individualidade, a tua necessidade de te demarcares do "geral" e de te assumires como um "espírito livre" e independente.
Ora, tu afirmas que, ao contrário da minha altaneira pessoa, admiras o valor coerência por princípio: E eu acho que nem sempre é bom ser-se coerente. Como alguém ser coerente toda a vida com o nazismo que abraçou quando skin imberbe. Isso é coerência. Mas tenho quase a certeza que já não é um tipo de coerência do teu agrado. Ou é? Pois. E é por ser tudo relativo que fazer perdurar as mesmas ideias pode, ou não, ser imbecil. Lapalisse? Está bem, pode ser.