Blog da RS.T - Real Esseponto do Tinto - Coimbra - Os Três Pastorinhos também bebiam o seu copito
23/07/11
O Verdadeiro Pasquim, por Peninha
Não li mais, não sei mais nada, mas é espantosa a adjectivação que marca uma autêntica revolução no jornalismo mundial. Possivelmente acabámos de entrar numa nova era. Se a moda pegar, vai ser bonito... Já imaginaram as capas que aí vêm, tipo: «taxista filho da puta insulta cliente cuidadoso» ou «empregado de restaurante mal cheiroso agredido por técnico de contas tinhoso» ou «advogado cabrão atira código civil a juiz ranhoso»... Vai ser lindo, vai, ganda JN.
22/07/11
E Assim se faz Portugal..., por Cácá Metenojo
O Público de ontem noticia que «Cerca de um terço dos deputados da anterior legislatura – 70 dos 230 – tinham também assento em empresas do Estado, muitas vezes com interesses cruzados com os assuntos que defendiam no Parlamento.»
Saúda-se a publicação da notícia que não a própria. Mas é pena que seja incompleta: falta agora publicar a lista desses "senhores" e os decretos lei que aprovaram para ver se houve interesses cruzados. E, se quiserem ir mais ao fundo (ir ao fundo é a imagem certa, neste caso) podiam ainda investigar - não necessariamente o Público, claro - se há participações de familiares de mais «senhores» nas tais empresas, tipo aquela coisa das esposas empresárias e das santas mãezinhas com queda («queda» hehehehe) a negócios e assim...
17/07/11
Hiper realistas avant la letre?, por Manolo
O contraste entre a compacidade do edifício e a volatilidade do céu, cria um efeito de «realidade irrealista» que é quase onírico. A velha catedral parece reinvindicar uma força ontológica especial, destacando-se pelo seu excesso de substancialidade do céu etéreo envolvente.Talvez as origens do hiper realismo contemporâneo se possam procurar nos pintores flamengos dos séculos XVI-XVII como este Saenredam.
16/07/11
Richard Estes: Alice do Outro Lado do Espelho?, por Chapeleiro Maluco
Em primeiro lugar não se trata de fotografias mas de pinturas (embora produzidas frequentemente a partir de fotos). Mas tão realistas que parecem fotos. Mais: reparando melhor estas imagens são demasiado realistas para serem reais, quer dizer, ultrapassam a realidade, criando uma certa aura de irrealidade (daí a importância do trabalho pictórico que se exerce sobre a foto inicial). Aquilo que nos parecera um retrato fiel está afinal demasiado afastado da realidade precisamente pelo seu excesso realista. Ou seja, Estes faz o contrário de movimentos como o impressionismo, o cubismo ou o expressionismo: aqueles subverteram a imagem comum do real mostrando-o de tal maneira que, muitas vezes, temos até dificuldade em discernir se são figurativos; Estes faz o inverso e subverte a realidade pelo seu excesso realista.
Anoto ainda dois tópicos de leitura acerca da obra de Estes – as referências Pop (frequentemente enquadradas por um tratamento geometrizante que contribui para aquele clima geral de criação da tal aura de irrealidade) , a sua valorização do banal e dos objectos de consumo; e a referência permanente no seu trabalho ao tema dos espelhos e das suas imagens desfocadas, cruzadas, ampliadas, invertidas. O pintor americano parece estar mais atento às perspectivas que os espelhos dão das coisas concretas que à contemplação directa dessas mesmas coisas. Como se duvidasse que as coisas fossem mais reais que as suas imagens (des)focadas nos espelhos que estão em toda a parte. Afinal, parecem gritar os quadros de Estes, o que é a realidade? Se nos concentrarmos nas imagens deformadas dos espelhos tudo parece ser tão diferente…
15/07/11
Tratado de Epistemologia Geral, por Private Joke
O pic é de um quadro de Michael Andrews, mais uma descoberta na última visita ao Thyssen.
14/07/11
Ainda o Thyssen: o Galo de Chagall, por Pepone
13/07/11
Crónicas de madrid 5, por Pata Negra
11/07/11
Crónicas de Madrid 4, por Valderrama
Foi há uns anos, eu estava sentado a observá-lo e eis que uma jovem e um casal dos seus 60 anos se aproximam. Inicialmente foi a rapariga que ficou a olhar o quadro com uma expressão feliz. Depois fica muito comovida e chama o casal, dizem qualquer coisa numa língua incompreensível e ficam os três durante uns momentos defronte da Cidade Velha de Schiele. Via-se que estavam claramente emocionados. Chegaram a chorar mas foram lágrimas que não me pareceram desesperadas, foi mais uma coisa nostálgica, como quando recordamos alguém, um amigo ou um familiar que perdemos.
Estamos habituados a emocionarmo-nos (até às lágrimas, por vezes) com uma música, um filme ou um romance. Mas não é tão comum que alguém chegue ao pé de um quadro e fique primeiro numa espécie de estado de contentamento que depois se resolve em lágrimas.Ainda hoje não posso ver A Cidade Velha sem me lembrar do poder que esta pintura exerceu sobre aquelas pessoas, quase como se o quadro fosse um reencontro ou uma porta da qual só eles possuíam a chave. É um dos meus preferidos do Thyssen e voltei outra vez a ficar fascinado a olhar para ele e a pensar naquela misteriosa família (os avós e a neta? Porque choravam? Por quem choravam? Porquê diante do quadro de Schiele?).