09/01/07

Buçaco Reserva 2001, por Abade de Barcouço

No passado dia 6 de Janeiro, a RS.T conheceu mais uma jornada épica. Golfe na Cúria a começar às 15:00 porque há quem não conheça o sentido da expressão «às 14:30 na Curia». Por causa disto não acabámos o jogo, ficaram alguns buracos por jogar. O campo estava em bom estado, o dia estava esplêndido. O Mestre Mau chegou atrasado, mas ainda a tempo, porque esteve ocupado a pôr silicone nas ranhuras da casa-de-banho e necessitou de assessoria internacional. Claro que o golfe não se troca por esta actividade extremamente relaxante, muito complexa e atraente que é esguichar silicone para as juntas da banheira!
Jantámos depois no restaurante O Pátio, no Barcouço, próximo de Santa Luzia. O Mister chegou atrasado e irado porque, segundo o próprio, combinámos mal o ponto de encontro por isso é que todos lá foram ter menos ele que ... foi ter a Mira! Fizemos um estardalhaço bestial no restaurante, a comida estava muito boa (raia grelhada, lercas de novilho, bacalhau assado e polvo à lagareiro), óptimo ambiente, simpatia e eficiência no serviço. Bom preço. Recomenda-se. Os vinhos foram óptimos. A entrar, um moscatel de Setúbal da José Maria da Fonseca. Para esquecer. É barato, mas se não comprar poupa o dinheiro. Os tintos foram soberbos. Desde um Post Scriptum 2002 o segundo vinho da casa Prats & Symington, após o Chryseia, o Três Bagos 2003 da Lavradores da Feitoria, um Merlot australiano de que não me recordo o nome, referência a um Paço dos Falcões, um lamentável Quinta de Lemos, malgrado a opinião isolada do Pilemos, um Bairrada esquisito do Sanita Dourada, até a um LBV Warre’s 1995 que é, apesar da nega do Mira Mister, o último LBV lançado pela casa Warre’s, trazido pelo nosso Xeko e denegrido pelo infame Mangas que se arriscou a não molhar os beiços na pinga, não fosse a magnanimidade do ofertante.
Mas a estrela foi um Buçaco reserva 2001 da garrafeira do Palace Hotel. Já tínhamos bebido um, levado pelo mesmo confrade, mas não me ficou tão na memória. O vinho é produzido a partir das vinhas próprias do hotel e recorrendo à produção de viticultores das regiões limítrofes do Dão e da Bairrada. Foi precisamente esta localização que fez com que o falecido José dos Santos apurasse a qualidade dos vinhos misturando lotes de uma e de outra região. A fama universal destes vinhos é o legado deste homem. Relativamente ao reserva de 1985 escreveu Jancis Robinson (Jancis Robinson Prova os Melhores Vinhos Portugueses; Lisboa; Livros Cotovia; 1999; p. 185): «Que maravilhosa excepção antiquada neste apressado mundo dos vinhos moderno em que vivemos! A cor de tijolo velho, com um bordo pálido, revela uma considerável e complexa evolução na garrafa. Tem um bouquet doce e subtil a violetas cristalizadas e um longo envelhecimento em madeira. É um vinho tão invulgar que me faz lembrar os bebedores de uma outra época, menos apressada e menos mal-disposta - uma antiga dama delicada, em oposição à legião de jovens activos que a maioria dos produtores de vinhos fazem hoje em dia. Há ainda mais prazer no perfume deste vinho do que no seu palato que se desvanece levemente e onde, dentro de poucos anos, me parece que a acidez começará a dominar a fruta então em declínio. Porém, o fim é persistente e perdura. Beba-o agora, devagar.»
Concordo com tudo (menos com o "persistente que perdura"), mesmo que o vinho agora bebido fosse de uma colheita muito mais jovem, de 2001. Talvez por isso não estava tão atijolado, não se notava excesso de acidez e a fruta estava muito viva e subtil. Por isso digo o que disse logo após a prova: se este vinho fosse um monumento, seria um mosteiro românico. Sóbrio, austero, durável, com uma personalidade vincadíssima, intemporal, espirituoso e complexo, uma estrutura sólida, sem adornos supérfluos, penetrante e avesso a qualquer estratégia consumista.

1 comentário:

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