O Tó da Boneca e a Boneca vivem juntos na Aldeia há já muitos anos: Não nasceram na Aldeia, mas vivem lá, junto ao café e ao largo da fonte e das festas. Por piedade para com o Tó da Boneca, a Aldeia rapidamente adoptou a Boneca e o Tó. É que a Boneca não brinca em serviço. Mais alta vinte centímetros que o Tó, abalança-se ainda a uns bons 140 kilos apneuzados e encimados por umas fuças peludas. Duas verrugas rematam a coisa. Tava-se mesmo a ver, não? Boneca? A Aldeia nestas coisas não brinca em serviço e é particularmente cruel. Mas a Aldeia admira o Tó da Boneca. Por respeito à desgraça. Até porque a Boneca, meia volta e com voltas completas, espetava grandes serapilheiradas no Tó. Era frequente o Tó da Boneca sair de escantilhão pela porta da rua e com as manápulas da Boneca marcadas no toutiço. Valia-lhe a solidariedade da Aldeia. Que sabia que o Tó sempre perdoava à Boneca e voltava. E a Aldeia valia-lhe até ele querer voltar.
O Tó da Boneca é tipo pequeno, meio rechonchudo, bigode cultivado à Hitler e andar gingão, que se prolongava pela pedaleira roda 28, único bem que a Aldeia lhe conhece e que a Boneca lhe permite.
Há dias o destino cruel abateu-se sobre o Tó da Boneca. Por falência do Armazém onde trabalhava há anos como fiel de arrumos e trastes esquecidos, o Tó da Boneca foi despedido. E perante a notícia, lá levou mais umas serapilheiradas da Boneca. Que o deixou em casa prostrado e abalou pró café. Nisto, toca o telefone e o Tó da Boneca atende.
Era a empresa Bifidis a comunicar ao Tó da Boneca que lhe tinham aprovado um crédito automático de 10.000,00€ e que bastava dizer “Sim” para lhe depositarem o valor na conta por onde recebia o ordenado. Não se sabe bem o que se passou depois. Adivinha-se que houve um “clic” no Tó e um “Sim” prá Bifidis, que salivava com os 20 anos de emprego e salário certo do Tó. Ao certo, sabe-se que o Tó da Boneca abalou e desapareceu da Aldeia e da Boneca por 15 dias e que a Boneca o andou a procurar pelos becos de mangas arregaçadas. Mas do Tó, nada. Mistério.
Mas agora o Tó da Boneca já voltou. Com um sorriso de orelha a orelha e com um bronzeado de luxo. Recuerdos e fotos não faltam e a Aldeia delicia-se com as aventuras do Tó da Boneca em terras do Brasil, com hotel de estrelas upa-upa, banhos de sol e mar, lagostada e putedo do melhorio. Numa quinzena tropical, o Tó da Boneca arrebentou com os 10.000,00€ da Bifidis, abençoada Nossa Senhora do Crédito Automático e Telefónico, que tirou o Tó das sandes de chouriço e das manitas da Boneca e o pôs de papo pró ar, caipirinha na mão a gozar os abrochanços de mulatas pagas a peso de oiro. Até de orgias e banhos de champanhe, fala o Tó da Boneca, que nisto de gostos, as telenovelas não deixam escapar ninguém e democratizam tudo.
A Aldeia delira e espoja-se com os relatos do Tó. A Boneca fechou-se na casa, onde o Tó não voltou. “ – Depois daquilo, coméque posso voltar prá Boneca?”, pergunta o Tó da dita. E não volta, mudou-se para um quartito. E muda de passeio quando vê a Boneca. E a Aldeia protege o Tó da Boneca. O gozo é infindável. E a Aldeia ainda espera o jackpot. É que a primeira prestação da Bifidis já se venceu. A Aldeia aguarda pacientemente a chegada dos credores do Tó da Boneca. Não lhes queria estar na pele. Vai haver tourada.
O Tó da Boneca é tipo pequeno, meio rechonchudo, bigode cultivado à Hitler e andar gingão, que se prolongava pela pedaleira roda 28, único bem que a Aldeia lhe conhece e que a Boneca lhe permite.
Há dias o destino cruel abateu-se sobre o Tó da Boneca. Por falência do Armazém onde trabalhava há anos como fiel de arrumos e trastes esquecidos, o Tó da Boneca foi despedido. E perante a notícia, lá levou mais umas serapilheiradas da Boneca. Que o deixou em casa prostrado e abalou pró café. Nisto, toca o telefone e o Tó da Boneca atende.
Era a empresa Bifidis a comunicar ao Tó da Boneca que lhe tinham aprovado um crédito automático de 10.000,00€ e que bastava dizer “Sim” para lhe depositarem o valor na conta por onde recebia o ordenado. Não se sabe bem o que se passou depois. Adivinha-se que houve um “clic” no Tó e um “Sim” prá Bifidis, que salivava com os 20 anos de emprego e salário certo do Tó. Ao certo, sabe-se que o Tó da Boneca abalou e desapareceu da Aldeia e da Boneca por 15 dias e que a Boneca o andou a procurar pelos becos de mangas arregaçadas. Mas do Tó, nada. Mistério.
Mas agora o Tó da Boneca já voltou. Com um sorriso de orelha a orelha e com um bronzeado de luxo. Recuerdos e fotos não faltam e a Aldeia delicia-se com as aventuras do Tó da Boneca em terras do Brasil, com hotel de estrelas upa-upa, banhos de sol e mar, lagostada e putedo do melhorio. Numa quinzena tropical, o Tó da Boneca arrebentou com os 10.000,00€ da Bifidis, abençoada Nossa Senhora do Crédito Automático e Telefónico, que tirou o Tó das sandes de chouriço e das manitas da Boneca e o pôs de papo pró ar, caipirinha na mão a gozar os abrochanços de mulatas pagas a peso de oiro. Até de orgias e banhos de champanhe, fala o Tó da Boneca, que nisto de gostos, as telenovelas não deixam escapar ninguém e democratizam tudo.
A Aldeia delira e espoja-se com os relatos do Tó. A Boneca fechou-se na casa, onde o Tó não voltou. “ – Depois daquilo, coméque posso voltar prá Boneca?”, pergunta o Tó da dita. E não volta, mudou-se para um quartito. E muda de passeio quando vê a Boneca. E a Aldeia protege o Tó da Boneca. O gozo é infindável. E a Aldeia ainda espera o jackpot. É que a primeira prestação da Bifidis já se venceu. A Aldeia aguarda pacientemente a chegada dos credores do Tó da Boneca. Não lhes queria estar na pele. Vai haver tourada.
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