27/05/08

VISEU NÃO É NA GRÉCIA, por Cão

Peço-vos perdão, mas não ando especialmente entusiasmado com o estágio da Selecção em Viseu. Ainda se o guarda-redes fosse o Vítor Damas… Agora, com estes rapazes que perderam duas vezes contra si mesmos através dos gregos, não. Acho-lhes graça, claro, hoje em dia eles até já nem falam como os polícias de antigamente. Digo-o assim: não me sinto representado por eles. É caturrice minha, eu sei, mas não, não me sinto representado por eles. Nem em Viseu, agora, nem na Suíça/Áustria. Ainda se o centro-campista fosse o Coluna…
Preocupa-me mais a escolaridade do que a “scolaridade”. Peço-vos perdão por isso.
Peço-vos perdão porque vós, como eu, não fostes convocados para nada. Nem para paraísos de hotel, nem para gloríolas pseudopátrias, nem para saúde-educação-justiça gratuitas. Eu não fui. Vós também o não fostes. Ainda se, para a linha mais avançada, tivessem convocado o Jordão e o Eusébio…
Moro como vós em Viseu. Habito, vivo, respiro, trabalho por estas viriáticas fragas. Sei os nomes dos cafés. Sei os nomes das ruas. Dou e recebo os bons-dias nos sítios costumeiros da minha rotina. Falo (e escrevo) com toda a minha escolaridade. Sou talvez feliz, entre o Largo do Pintor Gata e o Largo do Major Teles. Mas não vou à bola com toda a bola que me queiram fazer engolir em vez de pão (olha o preço do pão), em vez de arroz (olha o preço do arroz), em vez de gasóleo (olha o preço do gasóleo).
Sou, sim, apenas um dos tristes que não aceitam que lhes/nos chamem nem parvos nem alegres. Ainda se me chamassem Carlos Lopes, que nunca jogou à bola mas foi o maior desportista português de sempre e até é de Vildemoinhos…
Agora, ver-me grego é que não.
Não.
Nunca.

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