Do ponto de vista literário 2010 não está a correr nada mal. Descobri dois autores que me entusiasmaram, dois Nóbeis que valem a pena (nem todos valem): V. S. Naipaul e a sueca Selma Lagerlof. Do primeiro devorei numa semana A Vida a Metade. Numa escrita depurada, quase seca, very british, Naipaul tece uma narrativa que nos conduz à África portuguesa dos anos 50-60. É um óptimo livro que nos toca ainda mais, Portugueses, por nos falar da nossa própria história recente.
Depois, andava eu à procura do aclamado A Curva do Rio, do mesmo autor, eis que me deparo com a escritora sueca, primeira mulher a receber o Nóbel da Literatura, num saldo da Fnac... Comecei e já não larguei Os Milagres do Anti Cristo, uma escrita quase oposta à depuração de Naipaul. Lagerlof é uma das grandes representantes do Romantismo literário. Gosto daquele universo esotérico, da recuperação das lendas, dos santos populares, de um certo «goticismo» que por ali se pressente. Ainda não acabei o livro, mas estou a adorar.
Mas eis que hoje recebo um sms da Fnac. A minha encomenda chegou e eu corri a levantá-la. Trata-se de Baphomet de Pierre Klossowski, o irmão mais velho do genial artista, Balthus. Vi uma escultura de Klossowski que me impressionou no museu Berardo (Mr De Max et Mlle Glissant dans les Rôles de Diane et Actéon, 1991-92, no pic) e fiquei curioso sobre o autor. Depois fiz uma pesquisa sobre ele e descobri que foi um grande escritor, para além de artista plástico. Como é mais fácil encomendar um livro que uma escultura ou até um quadro, fui à Fnac e pedi Baphomet que chegou hoje. Ainda tenho na cabeça (e no coração) os ecos de Naipaul que já li, ainda devoro Selma Lagerlof que ainda não acabei de ler e já estou ansioso com Klossowski que nem comecei a ler! A literatura é uma coisa do caraças...
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