Pum! Explodiu, súbita, a retórica das T.I.Cs. Não sabem o que é? Sabem mas estão fartos de acrónimos ininteligíveis? Acham que nas escolas e no ministério da educação se fala um dialecto tribal? Em verdade vos digo que não há visão salvífica da educação em Portugal que as não contemple, não há demagogo/pedagogo que não faça a sua apologia, não há discurso redentor de ministro que não fale delas, não há lei de bases em que não seja o mote, não há projecto educativo que não glose o mote. Em França, o acrónimo é mais extenso - N.T.I.C - e suscitou as reacções habituais:o infognosticismo crédulo, também habitual, de quem julga ter encontrado o antídoto para a ignorância generalizada dos alunos e para decénios de orientações educativas erradas; o cepticismo prudente, mais pontual, de quem compreende o poder encantatório das TI.Cs mas, previdentemente, desconfia da omnipotência das suas virtudes pedagógicas.
Jean-Marc Lévy-Leblond, fisico e epistemólogo francês, homem avisado, muito distante do intelectual pronto-a-pensar, considera que o desafio das TI.Cs nas escolas não é tanto e só o da formação técnica (como fazer?), mas sim o domínio dos seus usos sociais(para quê fazer?). Assim, por exemplo, explorar a Internet na aula seria também uma excelente oportunidade para a desmistificar, mostrando que nela não se encontram as maravilhas anunciadas e a solução dos problemas do acesso ao trabalho e à cultura.
Mais recentemente, Umberto Eco,filósofo e homem atento aos sinais, veio dizer-nos que a conjugação compulsiva do verbo googlar está a imbecilizar meteoricamente os adolescentes; só que o étimo baculus (bastão), do qual deriva a palavra imbecil, já não é o instrumento de ajuda à mobilidade do bambo de perna ou mole de miolo, mas é sim o rato que aponta o cursor à infoesfera. Quase sempre ao vácuo e à vacuidade.
(com a devida vénia, picado - com autorização, claro - daqui: http://dromofilo.blogspot.com/. ò Administrapor, já agora linka lá este nos favoritos do Tapor...)
3 comentários:
Na mouche! As TIC não são mais que a versão moderna do velho mito tecnocrático da construção do homem novo. Isto não é muito diferente dos sonhos que tiveram início no século XIX quando se pensava que a ciência e a tecnologia iriam trazer a felicidade ao homem em forma de electricidade, frigoríficos, telefones e automóveis... Não veio claro, mas este «modernismo» é tão velho como a máquina a vapor.
Doninho
qjue raio de caralho éum tic. que post imbecil
este último anónimo é giro. Porque parte do reconhecimento da própria ignorância ( o que é tic? Daah...) para deduzir dela a pretensa imbecilidade do post. Isto sim, meus amigos, é inteligência!
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