02/03/10

Nos Também Temos uma Peça da Joana Vasconcelos, por Tó Minimalista

O Centro Cultural de Belém apresenta actualmente uma exposição sobre a obra da artista portuguesa Joana Vasconcelos que merece o nosso destaque. Confesso que a obra dela já me tinha chamado a atenção. Muito particularmente aquele sapato alto enorme feito de panelas que é um verdadeiro desafio às leis da gravidade e um primor de engenharia. Gostei daquela obra porque tenho um fetiche confesso por sapatos altos - a peça mais importante do arsenal de sedução feminino - e também achei aquelas panelas luzidias um objecto plasticamente muito bonito. Nunca tinha reparado como as panelas podem ter um brilho tão glamouroso, assim novinhas, ainda não conspurcadas pelas fogueiras inquisitoriais das cozinhas. as panelas são uma coisa numa cozinha e outra diferente numa sala do CCB.

Recentemente a Joana Vasconcelos chamou-me a atenção, ainda por outra razão, esta um pouco a montante das nobres e puras razões artísticas: pelo preço exorbitante que uma peça sua - uma marilyn - atingiu na Sothebys, qualquer coisa como cerca de 500 mil euros! Pois bem, os manguelas dos Lisboetas estão, uma vez mais, cheios de sorte: o Joe Berardo resolveu fazer uma retrospectiva da obra da artista no CCB.

Mas eu queria lembrar toda a gente e, especialmente, os meus conterrâneos conimbricenses que nós aqui somos pequenininhos mas também temos uma peça da artista plantada mesmo no centro do nosso recreio. Refiro-me ao campo de pitch and putt da Quinta das lágrimas, onde passamos uma boa parte do nosso tempo (para dizer a verdade já passámos mais). Pois é verdade, quem conhece o campo e até quem não conhece, pode ver uma baliza plantada lá mesmo no meio. Aquela baliza é que é a tal peça da Joana Vasconcelos! Ainda me lembro quando ela lá foi plantada, aqui há uns anos, por altura do Euro no nosso país. A artista construiu uma rede com umas flores coloridas meio psicadélicas do género das que enfeitam os carros da Queima das Fitas e chamou à escultura «Ópio do Povo». Com o tempo as flores de papel bio-degradaram-se, de maneira que, agora, já só lá resta baliza.

Não sei se a ideia era essa, ficar ali no meio do campo de golfe uma baliza de futebol, mas creio que a intervenção perdeu força. Agora quando olho para aquilo já não vejo uma referência ao futebol-alienação. Vejo apenas uma baliza que dizem ter custado 8 mil contos ao Júdice. Mas, possivelmente, o homem ainda ganhou dinheiro com isso. O berardo não pagaria o dobro para ter a nossa baliza no seu museu? Vá lá malta, organizem-se e visitem a baliza da Joana de Vasconcelos que está na Quinta das Lágrimas. Enquanto podem, que daqui a uns tempos se a quiserem ver têm que se meter no carro e fazer 200 klm até Lisboa.

Pic - Dorothy de J. Vasconcelos

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