Todas as quartas, mais ou menos pelas 9 45, eu ouvia religiosamente a crónica do Pedro Rosa Mendes na Antena 1. Na semana passada ouvi-o falar sobre um programa de propaganda que passou na RTP 1 subordinado ao demagógico tema do reencontro entre Portugal e Angola. O tal programa foi uma verdadeira operação de lavagem do regime angolano que contou com a conivência dos representantes do governo português. A «coisa» foi conduzida por essa inominável criatura que se diz jornalista, por esse monumento à subserviência que é a fátima não sei quê. Trata-se de uma sobrevivente, como se reconhece: sobreviveu a santana e a seis anos de socratinismo e está lançada para sobreviver a relvas.
A crónica de Pedro Rosa Mendes foi dura. Mas ele disse a verdade, disse as verdades que todos sabem mas que é melhor não serem ditas. Como é que é possível um reencontro entre portugal e angola sem a presença de Rafael Marques, por exemplo, pergunta PRM? Como é que é possível que a questão da corrupção em angola não seja, sequer, aflorada por aquela indigente «jornalista»? PRM tocou nas feridas. E mal ouvi aquela crónica, na semana passada, juro que pensei para mim: tás lixado, não vais sobreviver a isto. Não, claro, porque pensasse que PRM merecesse ser despedido, pelo contrário. Mas porque já sei do que que a casa gasta.
E assim foi. Esta semana caiu que nem uma bomba a notícia de que a crónica de PRM havia sido suspensa. Bem podem agora os responsáveis vir dizer que é só coincidência, que já estava programado. À mulher de César... Impossível acreditar que não houve aqui influência política. E assim assistimos ao primeiro gravíssimo acto de censura deste governo - vindo dos mesmos protagonistas que tanto criticaram a notória «asfixia democrática» levada a cabo pelo socratismo. Pergunta-se: qual a diferença entre isto e o caso moura guedes?
Este governo foi eleito com promessas de que ia sarar algumas doenças do regime - censurou os jobs para a boyzada xuxa; e eis que se dá o escândalo das nomeações da EDP, das Águas e não sei que mais. Censurou a asfixia democrática do socretinismo - e eis que se dá este caso PRM. Prometeu que privatizava essa extravagante monstro de propaganda que é a RTP mas prefere, antes, cortar na educação, na saúde ou nos direitos laborais. Dificilmente um governo poderá fazer pior que o ininputável sócrates e a sua rede de xuxas. Mas, pelos vistos, ainda há quem tente.
Hoje PRM leu a sua última crónica aos microfones da antena 1. Foi a melhor de todas, certeira no seu diagnóstico ao caracterizar o Portugal pseudo-democrático de hoje como uma «uma cultura mesquinha». «Quase sempre, diz PRM, não há ninguém que diga aquilo que todos sabem, mas que todos devem calar. Uma terra onde, finalmente, se instalou o medo e uma noção puramente alimentar da dignidade individual. Traduza-se: ‘está caladinho, para guardares o trabalhinho’.» Eis, em poucas palavras, o retrato fiel do portugal dos pequeninos em todo o seu esplendor!
2 comentários:
Socratismo? Agora estamos no passismo. Boys? É tudo nomeações por mérito e isso do Pedro Rosa Mendes é um mal entendido qualquer. De qualquer maneira o PRM não devia ter dito aquelas coisas, porque o governo português só quer o nosso bem e o governo angolano é decente. O Xuxa é que andava de braço dado com ditadores como o Chavez, que o nosso governo agora condena firmemente.
Não ligues à reação, que quer é achincalhar o nosso primeiro ministro e o seu esforço para salvar Portugal.
O sr. anónimo pretende, na sua ironia demasiado óbvia, branquear o socas e os xuxas corruptos atirando no passos. Precisamente o contrário do post que atira nos dois. Lê lá o post outra vez, anónimo...
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