Além disso, esse mesmo argumento da violência levaria, em coerência, estes pais extremosos a impedirem os seus filhos de lerem ou sequer de conhecerem a Bíblia antes dos 18 anos. A Bíblia é uma das obras literárias mais violentas que conheço – o sacrifício de Cristo e dos outros apóstolos, as matanças de Herodes, as chacinas do Deus do Velho Testamento, etc, etc, etc, são incrivelmente violentas e estes pais parece não terem dado por nada. E não é só a violência – a Bíblia aborda todo um manancial de vícios e perversões humanas. Devia, portanto, na lógica obscurantista desta gente, vir com bolinha no cimo da capa e ser interdita a menores de 18 anos.
Caso ainda fosse necessário, este é mais um exemplo de quão perniciosa pode ser a pressão dos pais junto das escolas. Nos Estados Unidos, onde isto foi levado a um grau extremo, o ensino da Teoria da Evolução das Espécies foi, pura e simplesmente banido, nalguns estados obscurantistas. No dia em que as matérias a leccionar forem escolhidas não pela sua relevância científica-pedagógica, mas por estes Comités de Protecção da Decência e da Moral Pública, teremos dado o último passo para fazer da escola um centro de produção de cidadãos politicamente correctos. Então, em vez de Edgar Allan Poe, talvez as nossas crianças aprendam a História da Floribela. Ao menos não é violenta e é animada por brilhantes intenções morais.
Sem comentários:
Enviar um comentário