Basta ser proibido, para o bicho ser simpático. De facto, não é só pelo gosto, que o Porco tem o estatuto que tem. É que o Porco além do mais, é proibido pela Religião. Pela nossa, pela deles e pela dos outros. O Velho Testamento esquece o Diabo e encarniça-se contra o Porco, vá-se lá saber porquê. A justificação do animal de casco fendido, não ruminante, não convence. Como é que pode haver um Deus e ele ser contra uns bons cascos fendidos de coentrada? Mistérios da fé! Mas só eles e os outros é que levam a sério a proibição bíblico-porcina. Nós não. Nós, entre Deus e o Porco, preferimos o Porco, sabe melhor. E grelha-se.
Woody Allen, um dos outros, simpatiza com o Porco, e nunca se coibiu de o defender, dizendo que o sexo é Porco, pelo menos quando é bem feito. E mesmo quando elas dizem: “Oh, que ganda Porco!”, o que elas querem dizer é “Não pares Porco, que estás a ir bem!”. Sim porque um Porco pode ser uma besta aporcalhada, mas nunca engana ninguém. Maria Schneider quando gritava “Ganda Porco” pró Marlon Brando, tinha absoluta razão, mas sabia ao que ia, à manteiga de Porco e nunca ao engano.
Um Porco nunca se engana e raramente tem dúvidas. Não é por caso que o animal usado para farejar e fuçar as Trufas é o Porco. Qual Cão, qual faro, cheiradeira gourmet é coisa de Porco. Os Romanos, gourmets por excelência elegiam a vulva de Porco como petisco supremo. Os nuestros hermanos ao invés não são esquisitos com o bicho, e dele dizem que lhe comem tudo menos o Groink. Nós, aqui no Tapor, nem o Groink nos escapa.
Orwell sabia da importância do Porco e é claro meteu-o a reger a Criação. Qual Rei Leão, qual carapuça, The Pig Rules. Ou é por acaso que o Porco é a reserva moral da Nação? Na hora dos aflitos é a morcela e a salgadeira que valem ao povão. Na crise, mata-se o Porco e na abastança também. E se há festança, há matança, e mesmo o bandalho do Capador nunca deixa de dizer: Se queres ver como és, abre um Porco e olha-o por dentro! Verdade porcina e cientifica.
Ser Porco é ser muito. Quase tudo. O dito tapornumporco, não é por isso ofensivo. É tapor em nós. É um dito carinhoso, ternurento. Humilde. Prontos filha, vem cá, tapornumporco. Vá não te aleijes, vai com cuidado. Isso. Coiso. Porco!
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