A coisa chama-se “Alentejo Blue” e sai da pena de uma escritora inglesa, de ascendência do Bangladesh, de seu nome Mónica Ali. A dita senhora parece que escreveu um primeiro livro muito bom e muito premiado e coiso e tal, e vai daí zás, mete a mão no Alentejo, e faz este seu segundo.
Ora, o Alentejo que está ali pela mão da Ali, não é o Alentejo. É uma coisa em forma de assim, que irrita o mais incauto e crente dos leitores. Eu já tinha visto a coisa na Fnac em edição inglesa e fiquei curioso. Agora saiu a edição portuguesa. O Expresso elogiou como “uma surpresa” e o Público, no Mil Folhas fez mais uma daquelas recensões a dizer bem, em tom de atenção à editora. E ao que parece o New York Times elegeu como um dos 100 livros do ano. E eu, burro, comprei, e li, biburro!
A boa da Mónica até parece que passou pelo Alentejo numas férias e a convite de uns amigos que ali vivem e que lhe contaram umas histórias. E parece que leu uns livros de viagens pelo Alentejo. Mais do que isto e sobre o além-tejo, não há no livro. Há sim, os estereótipos kitsch do “lavradores pitorescos” – não, não estou a inventar, está lá mesmo assim -, os latifundiários en passant que se faz tarde, e as velhas e esgotadas anedotas da malandrice alentejana. E lá está também, o gordo e seboso tasqueiro que é um porco sujo. Nenhum dos lugares comuns escapou à Mónica. Isto tudo, bem regado por uma adjectivação tal, que chega a enjoar de tão intensa e tão banal. Até as breves descrições de paisagens, não passam do eterno cartaz turístico sobre as planícies ondulantes. Adivinha-se que as não viu com olhos de ver e que sobretudo, as não sentiu!
E muito menos sentiu as gentes. Que é a coisa que mais me irrita por ali. É que o romance pretende descer ao Alentejo profundo e pretende que as personagens tenham a cor local, e há até referências a Salazar e a Cunhal, aos suicídios masculinos e ao surto de hotéis na costa, mas depois tudo isto é embrulhado em papel baratucho e sem profundidade. As personagens da Mónica, não têm qualquer espessura e debitam uns bitaites de inanidades baratas e inconsequentes. Os meandros mentais em que se movem podiam muito bem estar na cabeça de um chinês, desde que burro e imberbe.
O que a Mónica pretendia era dar-nos uma ideia de uma certa vivência alentejana, de um certo estado de espírito de abandono, fuga, irrealidade, miséria e fim do mundo. Não consegue. O que perpassa ali, além dos estereótipos e de uns insultos estapafúrdios aos portugueses em geral e aos alentejanos em particular, é uma sucessão de inglesices que não encaixam e se podiam muito bem passar na Cornualha ou no Bangla. Que, com a Mónica, também, Desh!
Ora, o Alentejo que está ali pela mão da Ali, não é o Alentejo. É uma coisa em forma de assim, que irrita o mais incauto e crente dos leitores. Eu já tinha visto a coisa na Fnac em edição inglesa e fiquei curioso. Agora saiu a edição portuguesa. O Expresso elogiou como “uma surpresa” e o Público, no Mil Folhas fez mais uma daquelas recensões a dizer bem, em tom de atenção à editora. E ao que parece o New York Times elegeu como um dos 100 livros do ano. E eu, burro, comprei, e li, biburro!
A boa da Mónica até parece que passou pelo Alentejo numas férias e a convite de uns amigos que ali vivem e que lhe contaram umas histórias. E parece que leu uns livros de viagens pelo Alentejo. Mais do que isto e sobre o além-tejo, não há no livro. Há sim, os estereótipos kitsch do “lavradores pitorescos” – não, não estou a inventar, está lá mesmo assim -, os latifundiários en passant que se faz tarde, e as velhas e esgotadas anedotas da malandrice alentejana. E lá está também, o gordo e seboso tasqueiro que é um porco sujo. Nenhum dos lugares comuns escapou à Mónica. Isto tudo, bem regado por uma adjectivação tal, que chega a enjoar de tão intensa e tão banal. Até as breves descrições de paisagens, não passam do eterno cartaz turístico sobre as planícies ondulantes. Adivinha-se que as não viu com olhos de ver e que sobretudo, as não sentiu!
E muito menos sentiu as gentes. Que é a coisa que mais me irrita por ali. É que o romance pretende descer ao Alentejo profundo e pretende que as personagens tenham a cor local, e há até referências a Salazar e a Cunhal, aos suicídios masculinos e ao surto de hotéis na costa, mas depois tudo isto é embrulhado em papel baratucho e sem profundidade. As personagens da Mónica, não têm qualquer espessura e debitam uns bitaites de inanidades baratas e inconsequentes. Os meandros mentais em que se movem podiam muito bem estar na cabeça de um chinês, desde que burro e imberbe.
O que a Mónica pretendia era dar-nos uma ideia de uma certa vivência alentejana, de um certo estado de espírito de abandono, fuga, irrealidade, miséria e fim do mundo. Não consegue. O que perpassa ali, além dos estereótipos e de uns insultos estapafúrdios aos portugueses em geral e aos alentejanos em particular, é uma sucessão de inglesices que não encaixam e se podiam muito bem passar na Cornualha ou no Bangla. Que, com a Mónica, também, Desh!
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