16/01/04

O REI DE PORTUGAL, segundo A. OLAIO, por LE VICE

Há uns tempos atrás eu, o Minimal , o Groucho e Artista Anteriormente Conhecido Pelo Nome de Pilas, resolvemos passar um sábado diferente. Para variar decidimos que não íamos ficar a tarde toda a emborcar cafés e fumo no Ranhoso e fomos ver a exposição Coimbra C ao C.A.P.C.

Entre outras coisas, chamou-nos a atenção o trabalho do A. Olaio, When Did The Founder of Portugal Begin to Feel Portuguese?
O artista isola a imagem da estátua jacente de D.Afonso Henriques, cujo túmulo se encontra na Igreja do Mosteiro de Santa Cruz. Somos então convocados para uma reflexão sobre a relação identidade/nacionalidade: qual é a nacionalidade do primeiro rei de um país? O rei é simbolicamente o próprio território, mas como pode o rei ser português, se ainda não existe portugal? Estamos assim perante um curioso paradoxo: é que aquele que funda a nação é simultaneamente - suspeitamos - um apátrida (nem sequer um estrangeiro, que esse tem pátria). A pergunta impõe-se e ela é-vos dirigida (o meui filho também já disse que a vai fazer ao professor de História dele):

«Quando é que terá sido que D. Afonso Henriques se terá sentido português? Assim que o país foi reconhecido como tal, antes, ou nunca?»

E já agora: ganhará um novo sentido o facto/mania do Olaio titular os seus trabalhos em inglês? É que fazer a pergunta da nacionalidade portuguesa do rei em inglês, ganha, de repente, contornos irónicos inesperados... Como entender esta relação, entretanto criada entre dois símbolos contraditórios - a língua inglesa (símbolo da globalização, da contemporaneidade e da uniformidade americanista) e a velha imagem do corpo medievo do rei de portugal (marca de idnetidade, de diferença localista

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