Série: Novas Profissões – Parte Um
O Merdalheiro. Ora aqui está uma nova profissão tão desaproveitada pela nossa juventude. Eu próprio, postador atento às novas realidades, desconhecia até há pouco as vicissitudes e esplendores de tal profissão.
Estava eu em Braga e perante Juiz Conselheiro, para em Tribunal Arbitral julgar um processo de acidente de viação, quando se me deparou um profissional do ramo. Um acidente de merda, diga-se. A minha cliente e Seguradora, era atacada porque o seu segurado conduzindo um tractor de merda, havia salpicado e provocado riscos em jeep de yuppie. Despachado o depoimento do engravatado, o Conselheiro procedeu à identificação do nosso segurado, perguntando-lhe depois pela profissão:
“ – Merdalheiro, Xôtor Juiz.
- Como, Medalheiro?
- Não Xôtor, mesmo Merdalheiro, de merda mesmo, com licença da palavra e da casa.
- À vontade, homem, aqui é a casa da verdade e não é o cheiro que nos afasta, atão diga lá…”
Concluído o julgamento, chamei o nosso segurado a parte. “ – Ó homem, Merdalheiro? – Assim é Xôtor, e não me queixo. – Mas isso rende? – Dá muito dinheirinho Xôtor, é que num há concorrência sabe, e merda para acartar é o que num falta por aí, pena é que os mes filhos doutores num queiram seguir isto.”
E por ali fiquei a saber que o Merdalheiro pega no tractor e auto-tanque e anda por aí a esvaziar as fossas de merda deste país. Ora como por essas aldeias a fora, continua a não haver redes de esgotos e as fossas enchem com frequência, é a própria GNR, Câmaras e Delegações de Saúde e do Ambiente, que obrigam quem não quer e chamam o Merdalheiro. E sem concorrência, o Merdalheiro factura o que quer. Pega na merda, mas paga-se bem.
O homem até me explicou que o gosta é de esvaziar as merdas das indústrias lá da zona e que aí factura a doer. São merdas que rendem mais. Por outro lado não gostava das merdas mais finas das casas tipo maison dos patos e novos ricos, que enfernizavam o homem com o mau cheiro e os salpicos. O homem vinga-se na factura e não limpa os salpicos. Segundo ele a merda é deles.
Certo, certo é que o homem factura bem e queixa-se da falta de ajudantes e de concorrência. Acaba por ser merda a mais para um homem só. Mas rendosa. O homem apertou-me a mão, despediu-se e enfiou-se num reluzente jeep BMW novinho em folha. Eu, apertei o comando do meu hondazito e vociferei um sonoro: “ – Profissão de Merda!”. A minha, claro!
O Merdalheiro. Ora aqui está uma nova profissão tão desaproveitada pela nossa juventude. Eu próprio, postador atento às novas realidades, desconhecia até há pouco as vicissitudes e esplendores de tal profissão.
Estava eu em Braga e perante Juiz Conselheiro, para em Tribunal Arbitral julgar um processo de acidente de viação, quando se me deparou um profissional do ramo. Um acidente de merda, diga-se. A minha cliente e Seguradora, era atacada porque o seu segurado conduzindo um tractor de merda, havia salpicado e provocado riscos em jeep de yuppie. Despachado o depoimento do engravatado, o Conselheiro procedeu à identificação do nosso segurado, perguntando-lhe depois pela profissão:
“ – Merdalheiro, Xôtor Juiz.
- Como, Medalheiro?
- Não Xôtor, mesmo Merdalheiro, de merda mesmo, com licença da palavra e da casa.
- À vontade, homem, aqui é a casa da verdade e não é o cheiro que nos afasta, atão diga lá…”
Concluído o julgamento, chamei o nosso segurado a parte. “ – Ó homem, Merdalheiro? – Assim é Xôtor, e não me queixo. – Mas isso rende? – Dá muito dinheirinho Xôtor, é que num há concorrência sabe, e merda para acartar é o que num falta por aí, pena é que os mes filhos doutores num queiram seguir isto.”
E por ali fiquei a saber que o Merdalheiro pega no tractor e auto-tanque e anda por aí a esvaziar as fossas de merda deste país. Ora como por essas aldeias a fora, continua a não haver redes de esgotos e as fossas enchem com frequência, é a própria GNR, Câmaras e Delegações de Saúde e do Ambiente, que obrigam quem não quer e chamam o Merdalheiro. E sem concorrência, o Merdalheiro factura o que quer. Pega na merda, mas paga-se bem.
O homem até me explicou que o gosta é de esvaziar as merdas das indústrias lá da zona e que aí factura a doer. São merdas que rendem mais. Por outro lado não gostava das merdas mais finas das casas tipo maison dos patos e novos ricos, que enfernizavam o homem com o mau cheiro e os salpicos. O homem vinga-se na factura e não limpa os salpicos. Segundo ele a merda é deles.
Certo, certo é que o homem factura bem e queixa-se da falta de ajudantes e de concorrência. Acaba por ser merda a mais para um homem só. Mas rendosa. O homem apertou-me a mão, despediu-se e enfiou-se num reluzente jeep BMW novinho em folha. Eu, apertei o comando do meu hondazito e vociferei um sonoro: “ – Profissão de Merda!”. A minha, claro!
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