08/11/07

Desamparem-me, por X Gajo

Não tenho partido, não tenho ideologia, não tenho religião, não tenho clube. Pensando bem nem tenho pátria. Tenho afectos, tenho ideias e outras coisas, mas daquelas coisas não tenho. Também tenho poucas ilusões, sobretudo em relação aos partidos e aos políticos que temos e às elites que temos em geral. São o nosso espelho e mesmo que isso não console, são nosso merecimento, porque eles somos nós.
Sobre este Sócrates não penso muito nem dele espero muito, é só mais um igual a tantos outros dos que nos têm governado há quase mil anos. Sobretudo igual a tantos outros do bloco central que se apropriou do estado e que nos desgoverna há trinta anos. E que nos últimos quinze tem feito empenhada questão de nos devolver ao nosso justo lugar e à nossa missão histórica de cauda da Europa. Com a ajuda esforçada do nobre povo e das lideranças empresariais e outras áis que tais e o abençoado beneplácito da Virgem Padroeira.
Com efeito, a nossa condição nacional de carro-vassoura europeu só foi interrompida no século XVI por breves instantes, mas rapidamente regressámos ao nosso amado atraso fadista. Esta coisa da CEE, a acabar o século XX, trouxe de volta o fantasma do progresso e um arremedo de evolução. Vade retro! Naturalmente, também foi sol de pouca dura e já reconquistámos à Grécia e à Irlanda a gloriosa vassoura. E o facto é que temos tido sempre líderes à altura dessa gloriosa tarefa de proteger a retaguarda da Europa.
O contacto muito próximo que por razões de profissão tive com a classe política e partidária portuguesa serviu essencialmente para cimentar esta noção, da mediocridade geral consonante com a mediocridade mais geral dos portugueses em geral. A mediocridade suficiente para cumprirmos, enfim, aquela missão patriótica.
E é assim com revolta, mas rendido à evidência histórica, que sinto na pele e ao meu redor a degradação social e económica do país onde me calhou em sortes nascer e viver. Não acredito neste Governo como nunca acreditei em nenhum desde que me lembre. Também não é de admirar porque não acredito por norma em quase nada sendo que isso não interessa para nada.
Serve este discurso basicamente para deixarem de me aborrecer aqui no tapor com os pêésses e os sócrates. Não sei, não tenho nada a ver com esse assunto, não faço ideia e nem quero saber. Gosto tão pouco dos pêésses e dos Sócrates e dos coelhónes como gosto pouco dos Menezes e dos Jardins e dos outros pêéssedês. Vai tudo dar ao mesmo: “Ó Portugal, Portugal, o que é que tu estás à espera?!...” lálálá. Gostar gosto, por exemplo, do Barreto, gosto do Valente, gosto do Pacheco, gosto do Benard e gosto de alguns outros indígenas de topo, poucos. Depois gosto da minha mulher, do meu filho e de empadões e pastéis de nata. E nas eleições voto sempre caso a caso, a mor das vezes em branco. Por isso desamparem-me a loja. Xô. Foda-se.

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