02/03/09

A Origem do Mundo de Courbet, por Magiar


Nos últimos tempos, presume-se que devido ao incidente troliteiro de Braga, tem-se assistido a um verdadeiro recorde de entradas no Porco em busca deste texto, publicado vai para aí um ou dois anitos. Pela sua actualidade e para facilitar a vida aos súbitos interessados em pintura, aqui se posta de novo. E um obrigado à polícia de Braga que, sem querer, está a cativar o interesse das pessoas para as grandes questões da filosofia da arte.

Charles Darwin com o seu Darwinismo veio colocar a origem do homem na cloaca oceânica dos primórdios brumosos do tempo. O Criacionismo Bíblico foge às brumas e postula claramente que Deus mandou fazer luz, do barro fez homem e duma costeleta fez a mulher

Gustave Courbet, pintor francês do séc. XIX, esteve-se nas tintas prós dois Ismos e pintou a Origem do Mundo. Há assim uma terceira via, realista, para explicar a origem do homem. Courbet dizia que nunca tinha visto Deus ou Anjos e que quando os visse os pintaria. Até lá, pintava o que via. Daí que a sua pintura seja o expoente do movimento realista

Os nus, sobretudo os femininos, que até então eram pintados sob a aura mitológica de ar ausente, tornaram-se com ele, crus, carnais e sensuais. Apelidaram-no de “pintor do feio”, mas ele esteve-se nas tintas e quando em 1855 os juizes da Exposição Universal de Paris, excluíram os seus quadros da mostra, Courbet montou uma barraquita ao lado da entrada, pôs os seus quadros lá dentro e meteu um placa por cima da entrada: “Le Realisme – G. Courbet.

No “Origem do Mundo” a figura deixa o mito e a ausência para ser premente e tocável. Aquela é uma mulher real como nunca, carnuda, sensual e brutal na exposição a que se oferece. É talvez o primeiro quadro da história a suscitar a eterna polémica sobre a fronteira entre a arte e a pornografia. Mas a realidade está sempre aí, nunca foge, como Courbet provou, armando barraca."

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