No futuro, ou seja, hoje mesmo, as cidades de Portugal são aldeias. Em troca, as nossas aldeias são microcidades. Acho eu. Digo eu. Ontem (no futuro também, portanto), dei por mim numa pastelaria urbana de vila pequena a escrevinhar a prosa que se segue. Aviso já: é prosa melancólica, um tanto armada ao pingarelho literatóide. É o meu costume, enfim. O vosso beneplácito, aliás, só o tem agravado. Cá vai.
Das torres não mana já o bronze pulmonar dos sinos mas a cassete irrisória como a fé do pároco local. Prédios daninhos vegetam onde houve montes, blocos cúbicos vigiados de baixo por cubículos bancários e pastelarias com agência de apostas mútuas numa sorte que nunca há-de vir. Autocarros da modernidade carreiram de nenhures para lado algum, no bojo portando a antiguidade mal reformada dos nossos velhos, últimos que ouviram dos sinos o éreo dobre. Madonas de peitaça inchada como hematomas de leite cachorritam trelas mijonas entre lojas de trapos e pastelarias assombradas por cronistas pingarelhos. Andropausas em fato-de-treino luzem as carecas, como cus a prumo, pelos circuitos aeróbicos do parece-bem. Tasquinhas e feiras medievais, inevitáveis como o cancro, clonam-se umas às outras à pala dos orçamentos municipais geridos por imitadores de serviço. Milhares de suiniculturas geridas por porcos implicam a razão directa de um quilo de fiambre por um milhar de peixes fluviais mortos. A produção-ficção dos canais televisivos do alvará patriótico alzheimera tudo e todos, dos presídios da terceira idade às cristãs salas de chuto. O novo Código Penal é p’ra punir o bem e incentivar o mal, coisas que, aliás, nenhum Governo deixou de fazer nos últimos 864 anos. E, no futuro imediato, à porta das escolas fechadas criancinhas idem rezam para que as respectivas mães se não lembrem de ter irmãozinhos em partos de ambulância.
De modo que, por tudo isto e por todo o etc que não digo por contenção gráfica de coluna, cada vez sinto mais que, mesmo de cassete, quando os sinos dobram, é por nós que dobram.
Das torres não mana já o bronze pulmonar dos sinos mas a cassete irrisória como a fé do pároco local. Prédios daninhos vegetam onde houve montes, blocos cúbicos vigiados de baixo por cubículos bancários e pastelarias com agência de apostas mútuas numa sorte que nunca há-de vir. Autocarros da modernidade carreiram de nenhures para lado algum, no bojo portando a antiguidade mal reformada dos nossos velhos, últimos que ouviram dos sinos o éreo dobre. Madonas de peitaça inchada como hematomas de leite cachorritam trelas mijonas entre lojas de trapos e pastelarias assombradas por cronistas pingarelhos. Andropausas em fato-de-treino luzem as carecas, como cus a prumo, pelos circuitos aeróbicos do parece-bem. Tasquinhas e feiras medievais, inevitáveis como o cancro, clonam-se umas às outras à pala dos orçamentos municipais geridos por imitadores de serviço. Milhares de suiniculturas geridas por porcos implicam a razão directa de um quilo de fiambre por um milhar de peixes fluviais mortos. A produção-ficção dos canais televisivos do alvará patriótico alzheimera tudo e todos, dos presídios da terceira idade às cristãs salas de chuto. O novo Código Penal é p’ra punir o bem e incentivar o mal, coisas que, aliás, nenhum Governo deixou de fazer nos últimos 864 anos. E, no futuro imediato, à porta das escolas fechadas criancinhas idem rezam para que as respectivas mães se não lembrem de ter irmãozinhos em partos de ambulância.
De modo que, por tudo isto e por todo o etc que não digo por contenção gráfica de coluna, cada vez sinto mais que, mesmo de cassete, quando os sinos dobram, é por nós que dobram.
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