A pedido de várias famílias, aqui vai alguma da livralhada com que me cocei em 2008.
Janeiro
A coisa arrancou bem: Viagens com a Minha Tia, do grande Graham Greene, e Single & Single, do John le Carré. Fiz um stop nos Ingleses e fui ler poesia alemã traduzida pelo Professor Paulo Quintela: Poemas de Wolfgang Bächler (gajo que esteve em Coimbra, julgo que em 1977). Depois, voltei às leituras inglesas (de um volume excelentíssimo de Horror Stories: assim me chegaram os contos Mr. Pemberton’s Commission, de Freeman Wills Crofts), Who Killed Castelvetri, de Gilbert Frankau, e The Aluminium Dagger, de R. Austin Freeman. No meio disto, tempo ainda para Derrubar Árvores – uma imitação, do maluco do Thomas Bernhard. Janeiro passou-se assim.
Fevereiro
Foi um mês fixe também: The Glyston Sander, de Herbert Jenkins, Caramulo – crónica romanceada, de A. Passos Coelho (familiar do gajo do PSD que perdeu o PSD para a Nela Ferreira Leite), Fumo de Verão, peça do grande-grande Tennessee Williams, O Crocodilo que Voa, do Luiz Pacheco, e O Azul do Céu, do senhor Georges Bataille.
Março
Ora deixa cá ver alguma coisita de março-marçagão: A Honra de Israel Gow, de G. K. Chesterton, Vida Irónica, do Fialho de Almeida, Arsène Lupin in Prison, de Maurice Leblanc. E ainda uma releitura de BD que me é (sempre) preciosa: Matt Marriott em Rosas para a Irmã Eulália (história de James Edgar para o desenho insuperável de Tony Weare).
Abril
Águas mil etc. Maravilha: releituras de Ruy Belo, Aquele Grande Rio Eufrates, O Problema da Habitação – alguns aspectos, Boca Bilingue, Homem de Palavra(s), País Possível, Transporte no Tempo e A Margem da Alegria. Ainda inglesei um bocado com a Baroness Orezy: The Fenchurch Street Mistery.
Maio
Fiz 44 anos que me lixei. Mas li o gigante Henry James (O Desenho no Tapete), reli Ruy Belo (Toda a Terra e Despeço-me da Terra da Alegria), lacrimejei sem mariquices com O Mito dos Amores de Pedro-Inês no Florilégio da Poesia Europeia, de Carlos Mesquita e Melo, e fiz uma primeira leitura preparatória para um romanceco (mais um) que ando a ver se escrevo: Sãozinha, biografia da Florinha da Abrigada escrita pelo senhor Padre Oliveiros de Jesus Reis.
Junho
Peter Godfrey (A Mulher e o Dragão), F. Scott Fitzgerald (A Viagem da Velha Sucata), Waterloo (ed. Quidnovi), A Grande Leva e O Estranho Pastor (mais dois Marriott, nºs 1091 e 1082, respectivamente, do Mundo de Aventuras), e bastante inglesice: Peacock House, de Eden Philpotts, The Vanishing Diamond, de John Rode, Stanley Fleming’s Hallucination, de Ambrose Bierce, The Italian’s Story, de Catherine Crowe, The Ghost of Dorothy Dingley, de Daniel Defoe, e To Be Taken with a Grain of Salt, do senhor Charles Dickens. Nisto, Junho foi com o carago.
Julho
Pouca coisa: releitura do primeiro volume do Trabalho Poético de mestre Carlos de Oliveira, Bocage – sua Vida Histórica e Anedótica (compilação de Carlos José de Menezes), e uma tradução francesa do gajo que escreveu A Laranja Mecânica, o Anthony Burgess: Rome sous la Pluie.
Agosto
Do mês pimba, recordo a releitura do segundo volume do Trabalho Poético de mestre Carlos de Oliveira. Isso e A Saca de Orelhas, do maluco do Alexandre O’Neill.
Setembro
Maravilha: li finalmente 62/Modelo para Armar, do maravilhoso Julio Cortázar, reli uma BD muito bem esgalhada, A Ilha Misteriosa (F. Caprioli a partir de Jules Verne), e ainda The Phantom Coach, de Amelia B. Edwards, e Madame Crowe’s Ghost, de Sheridan Le Fanu, entre outras coisitas.
Outubro
Tudo nisto: um livro fabuloso do fabuloso António Osório, Casa das Sementes.
Novembro
Andei a ler devagarinho uma colectânea portuguesa organizada e anotada pelo Professor Rodrigues Lapa: Poetas do Século XVIII. Li uma velharia de propaganda colonialista (Angola, 1961) cá do quintal: Labaredas de Ódio, de Pedro Pires. Reli muito o meu Eça. E pouco mais.
Dezembro
O mês do filho-da-puta do pai-natal deu para reler o malogrado poeta Luís Miguel Nava (Películas), a Fotobiografia (Impossível) de Francisco Rodrigues Lobo, de Carlos Ascenso André, e as maravilhosas Jornadas em Portugal, de Antero de Figueiredo (tenho um exemplar de 1918 – e gosto muito de o ter).
Acabei o ano com o nº 198 da lindíssima Colecção Vampiro: Mundo de Paixões (versão portuguesa de End of Chapter, obra de Nicholas Blake, pseudónimo do poeta Cecil Day-Lewis, que foi em vida pai do actor Daniel Day-Lewis).
Não foi um ano mau. Este ano de 2008, comecei com Manuel de Seabra e António Osório. Mas disso falamos depois. Ão, ão.
21 comentários:
A Cão. Há que tempos que ando com vontade de reler Arséne Lupin, a quem as duquesaa praticamente ofereciam as tiaras e os colares. À baronesa Orcy tentei reler, mas não consegui. Essa acbou. Este vosso blog diverte-me. Theresa S. de Cº Bº
A Theresa é muito bem-vinda aqui. Queira perdoar antecipadamente alguns dislates, já que temos gajos formados em Direito.
A lista do Cão é um mundo. Como é que descobres tantos autores que, já te conheço, são, certamente, bons autores? Vou procurar alguns dos que citas nas livrarias de coimbra. Há disso na Fnac? E o G., esse sim, a minha verdadeira Fnac? Terá alguns lá perdidos na imensidão dos seus milhares de livros?
Lembras bem a BD, Dog. Na minha lista esqueci-me por completo da BD e li em 2008 muita coisa boa. Assim, de memória, lembro-me do Stratos do galego Miguel Anxo Prado (um dia destes faço um post sobre o homem), do Orchydea do Cosey; e dos eternos clássicos do Super Man, das Tales from the Cript, de uma preciosidade do Arqueiro Verde, tudo rapaziada da DC Comics. Como é que um gajo se pode esquecer da BD?
Adérito
engraçado, que em Novembro tamb´+em li o Viagens com a minha tia do Graham Greene. delicioso. a seguir vai a minha listinha.
ass: alquimista dorido
venham listas. a bd é leitura fundamental, claro que sim. os contos ingleses vieram de uma colectânea de great horror stories. também há uma de ghosts. a fnac deve ter, por certo.
A bd, pois claro! Este ano foi fraco nesse aspecto, mas deu para repassar os olhos nuns Malteses da estante. Este ano relembro que deve estrear a adaptação cinematográfica da graphic Watchmen, que é outra pérola a redescobrir.
Mas grandes referências, sim senhor. Isto das listas foi uma excelente ideia, foi sim senhor. Até deu para descobrir uma ilustre nova leitora que se diverte com o tapor!
parece-me que a senhora em questão é de facto senhora e deveras ilustre. toca mazé a ter cuidado com o asneiredo.
Só uma coisa, ó cão: quem é a menina do pic? Não me digas que é a santa sãozinha?
Adérito
Confirmo. É a Sãozinha. Fui eu que postei e o pic que o cão mandou chamava-se isso mesmo: a sãozinha
Esta sãozinha é um mistério canino que sempre me intrigou. Vem dos tempos do liceu d. maria o fascínio do dog pela personagem, ainda me lembro de sermos putos e o dog me falar na santa da sãozinha. Não achas, amigo cão, que já está na hora de fazeres um post a explicar:
1) who the fuck é a santa sãozinha.
2) O que é que nela te interessa tanto.
Eu acho que era um bom post...
Adérito
Pois tu achas que era boa posta e o cão, pelos vistos, acha que era um bom livro... Assim não lhe doam as falanges!
A Sãozinha vem-me da infância. O meu Pai, que era comunistíssimo e ateíssimo (à excepção de temer o Diabo), vivia de ser pintor cerâmico. Pintava painéis de azulejos com santos, desses que se vêem pelas casas do nosso Portugal. Santo António, Sagrada Família, S. José, S. Sebastião, Padre Cruz - you name it. Uma das figuras pintadas era esta Sãozinha, menina martirizada aos 17anos, no início da década de 40, para livrar o Pai da serpente da Rússia e do agnosticismo. Ando a ler sobre ela há quase trinta anos, chiça. Comecei em Abril passado, finalmente, a romancear a coisa. A ver o que dá (ou não dá).
vê-se mesmo o pézito a fugir...
ah, esforço do catano, ah vã glória...
ass: Belo Zebú
A Sãozinha é boa comó milho, benzádeus. E tu lês em inglês, Cão? Em inglês? Ah, Tigre da Tasmânia!
tiroliro
ler em inglês é fácil, até porque ao zamericanos nunca passou pela cabeça impor aos ingleses (que são quem deveras sabe inglês) um qualquer acordo órtotógráfico, como os analfas dos brasucas querem impor à malta.
I mean it if you broche it, como dizem os moçambicanos quando estão práí virados.
é fácil, é fácil, mas demora um bocado mais do que ler em português, o que é aborrecido, dats de cuestion.
tiroliro
O “Cão” vai escrever um romance sobre a “Sãozinha”?! Compro e leio!
Ouvi falar da Sãozinha in illo tempore quando na minha aldeia o Joaquim Passareta organizava umas frescatas excursionárias , ali e acoli , com o nobilíssimo propósito de gulaimar, encher a mula, fosse dos enchidos de Vinhais fosse do verde de Melgaço, comidos e bebidos à compita na camioneta, e que não raras vezes findavam com turísticas carraspanas, míticas e de subidíssimo potencial narrativo e romanesco. Ora foi numa dessas excursões à Golegã, ougados pelos Cavalos, Febras e brancal de Almeirim, que o Passareta encasquetou “ir à Sãozinha” a Alenquer. Na altura eu era um fedelho ronhoso e moncoso e a expressão “ir à Sãozinha” não me soou católica, mas na verdade é que lá fomos, e sem verdade vos digo que a minha mãezinha, por ser eu um enxalmo enfermiço, até me comprou uma medalhinha votiva de entrebolso , para além de duas pagelas e três ex votos. Ainda hoje quando vejo um retrato da “São” entreouço as palavras da minha mãe a embolsar-me a medalha com desvelo digital: «Arrima-te à Sãozinha! Apega-te à Sãozinha!»
eu se calhar vou mazé escrever um romanceiro sobre o jaquim passareta. parece-me mais santo, não sei porquê.
Romanceiro não, "Cão"! O Passareta merece uma hagiografia! Na minha aldeia o homem já é beato!
e num é tigre, mas diabo da tasmânia.rigor.
ass: Corrector Hortográfico
Peço imensa desculpa ao diabo.
tiroliro
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