"O sublime pecado das tardes em silêncio, mortas de cansaço e calor, à sombra dos abetos. O barulho de fundo das águas na corrente. A ladainha das Mães Santas e os gemidos das mulatas de pele suada. A fornicarem como cadelas com cio sob os cachos de baunilha. Passávamos o tempo todo a beber blue-moons, a fazer apostas e a coleccionar conchas para os colares. Como se de um instinto de auto-preservação se tratasse. Como se as mais claras, as da cor da areia, pudessem atenuar o vermelho das feridas que nos iam na alma. A sangrar por dentro. À noite líamos textos. Chamávamos àquilo uma representação para os alcatrazes que vinham aos restos de comida. Dizíamos coisas no final. Do género, uma boa peça é um acto de agressão!, e outras frases que achávamos muito decadentes. Tentávamos assemelharmo-nos aos personagens do A Noite da Iguana com a alma do Surfista Prateado. Tentávamos olhar para cima. Cada minutos era um adeus. Aquele mundo, por vezes, era mantido por coisas que não se podiam ver."
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