Ora ainda bem que falaste no Archie Bunker! Mas vamos primeiro ver uma coisa: onde é que eu disse que o Warhol está próximo do realismo soviético?! eu disse precisamente o contrário! Quem está próximo deles é o outro, o Norman! Com as devidas adaptações, claro, que não quero que o bom do Norman me venha assombrar. E quanto ao sagrado, eu falava do sagrado do homem comum, o cowboy, o pioneiro, o redneck, aqueles que enrabaram os outros no "Fim de Semana Alucinante" (pronto, pronto, é a última vez...), os que quando se dirigem para os subúrbios começam a engordar e se tornam archies bunkers. Para esses o Warhol não diz grande coisa; e quando algo não diz grande coisa ao Archie, não diz grande coisa à América, se entendermos a América como aquele 99,9% por cento de território que sobra dos States quando lhe retiramos as galerias e apartamentos finos de Nova Iorque (não levar isto à letra). Quanto ao John Waine, eu até te podia dizer que ele de facto disse que não gostava do outro; que uma cunhada de uma amiga da sogra da mulher-a-dias dele me disse. E tu népias, engolias depois de estrebuchar mais um bocadinho. Mas não digo, porque o que ele terá dito não é relevante. O meu comentário está ao nível do “está bem visto”, capice? A propósito, sabes o que diria (diria, cá está!) o Archie sobre o Warhol e a malta dele? “those pinkies...”, o que traduzido dá paneleiros e comunistas, duas coisas que a religião dos archies não suporta (episódio 3345). E a religião dos archies (mas porque foste tu falar no archie?) tem os seus ícones: pinturas do Grand Canion e das great boobies das estrelas de cinema, bem dispostas e bem nutridas. Pouco a ver com o que faz o Warhol, que fez uma leitura em segundo ou terceiro grau da coisa e, portanto, bem longe do seu sentido original. E porque é que ícone é o contrário de uma paisagem? Porque quando pensas em ícones só te vem à cabeça uma pintura em madeira do São Estanislau feita pelo Rubliov? É que ícone vem do grego eikón, que significa imagem, e portanto dá para tudo, até para paisagens, desde que tenha uma carga representativa e simbólica suficiente, o que é o caso. Assim como quando falei em sagrado não estava propriamente a pensar nas homilias da catedral ortodoxa de São Basílio em Moscovo. Por exemplo, para os parolos da Lousã, sagrado é o Licor Beirão e ícones são aqueles saudosos cartazes de beira de estrada que o anunciavam. Tás a ver? E quanto a altares... pronto, imagina o resto.
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