12/02/04

LE TRICHEUR, de Georges de La Tour

O quadro do Balthus, do jogo de cartas, que o Sofista Prateado aqui veio colocar, sempre me fez lembrar de imediato um outro que me despertou as mesmas sensações, nomeadamente um quadro do La Tour. Vi-o uma vez no Louvre e de vez em quando tropeço nele numa colectânea qualquer. É das melhores coisas do La Tour, que ao que me lembro é um daqueles cultores dos efeitos dramáticos do claro-escuro. A associação entre os dois quadros parece-me que resulta evidente, e tanto quanto me lembro é uma associação minha, e se calhar é calinada prós experts, mas se repararem, temos o mesmo jogo de cartas, o mesmo acto de esconder cartas nas costas, personagens jovens também, e sobretudo a atmosfera que transborda de ambos os quadros de engano, perfídia e maldade. A coisa é mais forte no La Tour, até porque o plano e o pormenor das expressões é outro, mas a coisa é quase similar. Parece-me assim evidente que o Balthus se inspirou neste La Tour, o que não lhe retira qualquer valor, para mais quando em arte e sobretudo em pintura é tradicional a reelaboração contínua das obras. São ambos quadros geniais.
ass.S.A.R.danápalo
PS: e já agora que alguém veja o que é que quer dizer Le Tricheur.

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