Que vêm aqui? Será uma simples foto de bombas de gasolina numa estrada secundária, algures na América profunda (Santa Fé)?
Só aparentemente estamos perante uma imagem banal. O cenário lembra vagamente um pequeno cemitério, cujas campas seriam as bombas de gasolina. Curiosas campas, que mais parecem robôs mecânicos a imitarem homenzinhos com cabeças ocupadas a marcarem os preços e os litros da gasolina.
Ao alto, num estandarte que lembra vagamente a meta de uma corrida, a palavra-chave: Save. Perturbação irónica que mistura deliberadamente a metáfora religiosa (salvação) e económica (to save = economizar, poupar, amealhar). A sugestão da mortalidade implícita na lembrança das tumbas, cruza-se assim com a promiscuidade semântica economia/religião, materialismo/espiritualismo. Será por isso que esta imagem é um ícone da América capitalista e materialista. O dinheiro e, mais remotamente, o petróleo, são a Nossa Senhora de Fátima dos Americanos.
Hoje, quando as cruzadas parecem ter voltado e se fala cada vez mais no «choque das civilizações», esta foto de Robert Frank tem ainda mais força do que quando foi feita. Quem sabe se não foi assim que Moamed Ata viu a América na noite de 10 de Setembro de 2001 quando foi festejar num bar de de estrada o dia do juízo final… Só é pena que o Robert Frank nunca se tenha lembrado de ir tirar fotos para a Arábia Saudita.
Só aparentemente estamos perante uma imagem banal. O cenário lembra vagamente um pequeno cemitério, cujas campas seriam as bombas de gasolina. Curiosas campas, que mais parecem robôs mecânicos a imitarem homenzinhos com cabeças ocupadas a marcarem os preços e os litros da gasolina.
Ao alto, num estandarte que lembra vagamente a meta de uma corrida, a palavra-chave: Save. Perturbação irónica que mistura deliberadamente a metáfora religiosa (salvação) e económica (to save = economizar, poupar, amealhar). A sugestão da mortalidade implícita na lembrança das tumbas, cruza-se assim com a promiscuidade semântica economia/religião, materialismo/espiritualismo. Será por isso que esta imagem é um ícone da América capitalista e materialista. O dinheiro e, mais remotamente, o petróleo, são a Nossa Senhora de Fátima dos Americanos.
Hoje, quando as cruzadas parecem ter voltado e se fala cada vez mais no «choque das civilizações», esta foto de Robert Frank tem ainda mais força do que quando foi feita. Quem sabe se não foi assim que Moamed Ata viu a América na noite de 10 de Setembro de 2001 quando foi festejar num bar de de estrada o dia do juízo final… Só é pena que o Robert Frank nunca se tenha lembrado de ir tirar fotos para a Arábia Saudita.
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