O Ministro da Saúde, impotente para travar a falta de médicos, veio anunciar que já se fez um acordo e que vem a caminho um contingente de médicos uruguayos. Ao que parece o colosso da faculdade de Medicina de Coimbra teima em deixar entrar apenas 50 ou 60 novos caloiros por ano e as duas novas faculdades de medicina das berças, vão pró mesmo. Assim, as novas fornadas da malta do estetoscópio, nem para substituir os que se reformam dão. Daí os uruguayos. Mas porquê uruguayos?
Em primeiro, acho desde logo uma discriminação selvática em relação ao paraguayos. Será porque estes estão para lá do guayo, do rio? Tá mal. E porque não Cubanitos? Assim coma assim, são mais baratos ainda, o voo sempre demora menos e de certeza que traziam umas sacadas de puros. E se é por falarem espanhol, porque não os nuestros hermanos? Sempre se provavam umas tapas entre uma paelha e outra.
Mas, prontos tá decidido, tá decidido, venham de lá os uruguayos. Agora, importa não esquecer a falta crónica de canalizadores. E pra isso nada melhor que importar um contingente de Bolivieiros. É malta do buraco e do cano, que trabalha duro e por poucos tostões. Canalizações e sítios escuros, merdunças e gases, é lá com eles. Venham Bolivieiros. E mais, o português embora dê coça no percebe e no crico, descura por completo o mexilhão, que é bicho abundante, bom e barato e que o portuga, em regra, estraga. Para resolver este problema muito grave, nada melhor que um bom e abundante contingente de Bélgicos. Esses sim, é malta que respeita o mexilhão e sabe fazer-lhe a barba e a caçarola. Venham de lá os Bélgicos!
E por último importa não esquecer a falta crónica de bons coçadores de tomates. Um gajo quer e não tem. Tem que coçar ele mesmo, o que está mal, e não há necessidade. Contudo, e prá coçagem tomateira não é fácil escolher o contingente. Temos à partida que excluir os Arábicos quer é malta que limpa o cu com uma mão e come com a outra. Ora, a falta de higiene não combina com um tomate bem coçado. Por outro lado também temos que excluir os Africaneiros em geral. É malta do pó e da selva, e com a colhoeira todo o cuidado é pouco. Um grão de pó e uma erva urtigueira e o tomate fica com a pele irritada por uma semana. Neo Zelandeiros e Australopitecos também não. Eles não abdicam da sua ovelhita e já se sabe que a lã grossa não combina com a fina pele de um tomate rosado e delicado.
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