01/08/07

Berardo em Belém

Joe Berardo conquistou a imortalidade possível. A partir do momento em que a sua colecção de arte contemporânea ocupou o Centro de Exposições do Centro Cultural de Belém, é possível visitar a Praça do Império em Lisboa sem ir aos Jerónimos e sem ver o túmulo de Camões. Assim fiz. Berardo entrou directamente e emvida para o coração simbólico da lusitanidade. Tal é o poder da arte, não só, ou nem tanto, de quem a produz, mas de quem a detém e exibe. A única coisa que eu lamento é que o Estado português não tenha entendido a importância de construir uma colecção de arte contemporânea. Devemos ser o único país ocidental que não curou dessa tarefa fundamental, pelo que ficamos agora reféns de Berardo. Serralves, e agora a colecção Berardo, são de iniciativa de fundações privadas, tal como o Centro Gulbenkian. A coisa mais contemporânea que o Estado português tem é o Museu do Chiado! Incrível! O Ministério da Cultura negociou assim em posição de fraqueza e necessidade. Berardo, naturalmente, avantajou-se, tirando partido da situação. Claro que, em face do sucesso, quando chegar o dia de o Estado exercer o direito de opção para a aquisição da colecção, vai ter que se sujeitar às condições impostas por Berardo.

Na foto, um óleo de Eric Fischl datado de 1984, intitulado Mather and Daughter, pertencente à colecção Berardo.

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