"Um Amor em África", é o título que não entendi adaptado para Português de um filme com o título original Country of My Skull (também apelidado de In My Country), realizado por John Boorman, em 2004, baseado na obra do escritor Sul Africano Antjie Krog.
Mas entendi algo que me impressionou profundamente: a presença e actuação dentro do conceito africano UNOBUNTU – designando a pessoa generosa e compassiva, a compaixão e o perdão, dentro da justiça africana, termo ligado ao termo UBUNTU – a significar que estamos todos ligados, o que afecta um afecta o outro e a toda a gente.
Mais claramente como diz Archibishop Desmond Tutu:
"A person with ubuntu is welcoming, hospitable, warm and generous, willing to share. Such people are open and available to others, willing to be vulnerable, affirming of others, do not feel threatened that others are able and good, for they have a proper self-assurance that comes from knowing that they belong in a greater whole. They know that they are humiliated, diminished when others are oppressed, diminished when others are treated as if they were less than who they are. The quality of ubuntu gives people resilience, enabling them to survive and emerge still human despite all efforts to dehumanize them.
You know when ubuntu is there, and it is obvious when it is absent. It has to do with what it means to be truly human, to know that you are bound up with others in the bundle of life...When we Africans want to give high praise to someone, we say, 'Yu, unobuntu': 'Hey, so-and-so has ubuntu.' A person is a person because he recognizes others as persons."
Conceitos extremados na temática desse filme de forma extremamente tocante e inspiradora, face a situações trágicas, fenómenos de perversão e mediocridade humana (quase) incompreensíveis. O frente a frente de vítimas ou familiares de vítimas falecidas do Apartheid, com o seu vitimador, numa confissão detalhada do horror vivido na 1ª pessoa e do horror perpetrado também na 1ª pessoa, na presença da Truth and Reconciliation Commission, permite ao protagonista do horror ser amnistiado, assim como diminuir ou aliviar raivas e culpas. Isto manifesta-nos de facto um nível humano elevado e louvável, que aconteceu e nos ensina muito sobre o perdão, sobre a capacidade de aceitar o outro limitado e sobre o acreditar na mudança. Obviamente que este entusiasmo não nos torna assim tão ingénuos ao ponto de pensar que todos os frente a frente ocorridos foram autênticos no seu pretenso arrependimento e não só no desejo de perdão legalizado, mas decerto que alguns o foram e que alguns foram surpreendidos pelo efeito do confronto e de serem perdoados pelas suas vitimas. Para além disso há o efeito e ensinamento que nos abalroa enquanto público, espectador e aparentemente inofensivos europeus com a nossa degradação e desrespeito de vida urbana aparentemente civilizada.
Estereótipos à parte, situações e interpretações cinematográficas utilizadas para funcionar enquanto filme mais comercializável postas de lado, aqui interessa-nos essencialmente a temática pós-mandeliana, com intervenções a repetir incansavelmente, o que o torna num filme a ver,, especificamente pela inspiração UNOBUNTU.
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