19/08/07

Os Esgalgarados Do Rissól, por Zé Critério


Já uma vez aqui se analisou esse animal nojento que é o Comedor de Tartexes. Mas na fauna dos tascos, há um outro animal muito mais perigoso, falo obviamente do Esgalgarado do Rissól. O Comedor de Tartexes é um simples idiota com falta de imaginação, que vai ali comer aquela merdunça pela simples razão que nunca ninguém lhe mandou um berro a dizer que naquilo não se toca. A partir daí o Comedor de Tartexes amocha e controla-se.

O Esgalgarado dos Rissóis não. Nunca. Não se vai lá com berros ou patadas na manita. É um bicho muito mais perigoso, feroz mesmo. E actua em matilha. Em manada. São como bisontes em tropel sob planície de erva fresca. À desfilada e incontroláveis. A maltosa da restauração já estudou bem este tipo de diabo da tasmânia mal-cheiroso e a primeira coisa que faz é picar o animal com travessitas de rissóis, croquetes e queijinhos. Obviamente, merdunça que nas makros se vendem em pacotes de 50 kg e que deitam a fritar em óleo seboso com plástico e tudo.

Dirão alguns, coitado do animalzinho, xi pi ti ti ti, que é tão engraçadinho e vem esgalgaradinho de fome. Qual qué!? É à mocada no toutiço. Com força e a doer. Atão um gajo vem de casa do caralho mais velho, alambazar especialidades de derreter o anacoreta mais empedernido, e vai ter que aturar e pagar os desmandos dos Esgalgarados do Rissol? Eu fico piurso, fodido mesmo! E é de zagalote em cima de tal matilha!

E da próxima não pago! Os cabrões dos rissós, croquetes, queijinhos, chamucinhas e coisas terminadas em inhas, como por exemplo uma grande caganeira que lhes desse todos e logo ali, pois essas merdunças, terão que vir discriminados numa continha à parte e a pagar só pela matilha esgalgarada.

Vem a isto a propósito da jornada alambazeira de ontem. Rumámos ao Camelo de Santa Marta de Portuzelo. Um ícone da gastronomia nacional e que faltava no nosso cadastro cobiçoso. E com seis mastigantes a salivar, há que mandar vir Arroz de Sarrabulho à moda do Minho pra dois, Pazinha de Anho no forno com batatinhas douradas, também pra dois e por fim Naco de vitela no forno, acompanhada por migas de hortaliça, e pra dois como se impunha. Com isto, e mais pudim Abade Priscos e Rabanadas à moda da casa com pinhões e nozes, cada comensal saía de lá com uma conta de 15€ cada um e com a pança cheia.

E perguntarão vocês, assim foi? Não, claro que não! Saiu-se de pança cheia, mas com uma conta idiota de 18€ cada um! E isto, porque dois ou três Esgalgarados do Rissol entenderam que não podiam esperar mais 5 minutos pela janta (rapidíssima aliás!) e logo ali e apesar da acesa refrega, lançaram as manápulas sujas ao encontro do rissol, do croquete e da chamuça. Rissol a preço de caviar!

E termino com chave de ouro. Eu não toquei na rissolada e enchi a pança de anho, sarrabulho e vitela. Tudo muito bem feito. Os outros esgalgarados também. Encheram o bandulho até quererem. Mas acontece que faltou espaço estomacal e no final cresceu comida como é evidente. Na mesa, ficou quase metade da caçoila de arroz de sarrabulho, boa parte das carnes da matança acompanhantes, metade do excelente arroz da vitela e um bom naco de anho em estado de perfeição. Ah, mas a rissolada levou uma abada que até as migalhas foram rapadas. Malditos! Gajos que deixam de comer anho para comerem rissol. Era só cum pau, mas tinha que ter um prego na ponta!

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