14/03/09

A crise dos valores, por Memelogista

«Em excelente forma intelectual, Almeida Santos procura reflectir sobre as mudanças políticas e económicas que percorrem o mundo e que, inevitavelmente, segundo o autor, provocarão reconfigurações do poder global. O autor propõe mesmo uma reflexão sobre o fim da civilização ocidental e do modelo capitalista ultraliberal, chamando à atenção para a crise de valores»

In Público, a propósito do livro “Que Nova Ordem Mundial?”, de António de Almeida Santos


O mito é uma das características mais interessante das sociedades humanas. Normalmente a mitologia é relativa ao universo religioso, mas também há mitos seculares. O biólogo e pensador britânico Richard Dawkins inventou para estes a designação feliz de “memes”. Um meme é, basicamente, uma ideia que se torna tendência e ganha foros de certeza.

O pequeno apontamento citado no início (extraído do suplemento de economia de ontem do Público) refere-se a um novo livro do pardo cardeal do PS e chamou-me à atenção, não por causa do livro em si, que nem li nem pretendo fazê-lo, mas porque expressa um dos memes mais frequentes da contemporaneidade. Refiro-me ao mito laico da “crise de valores”, que anda regra geral a par com o mito da “insegurança” ou de que “antigamente é que era bom” e que se reflecte em pormenores como o de Salazar ter hoje, em plena democracia, um índice de popularidade que provavelmente não tinha no seu tempo.

O meme é um conceito que se dissemina pela sociedade como um vírus. A certo ponto, toda a gente, com os jornalistas (a vanguarda memética) à cabeça, o aceita e propaga como se fosse indiscutível. Repare-se, por exemplo, que o autor da breve resenha citada não tem qualquer dúvida: Almeida Santos chama à atenção para a crise de valores. Já quando Almeida Santos expõe o óbvio (que as mudanças políticas e económicas que percorrem o mundo provocarão reconfigurações do poder global*), o redactor do Público sente-se na necessidade de ressalvar que é “segundo o autor”. Já em relação à “crise de valores”, apesar de ser algo que está longe ser óbvio, não é apresentada como uma tese de Almeida Santos (“segundo o autor”), mas sim como uma característica inequívoca da modernidade para a qual o autor alerta.

O meme da crise dos valores não é novo. Já vem da antiguidade e todas as gerações assumem esse discurso, de cariz saudosista. Sócrates, por exemplo, lamentava-se imenso acerca da decadência moral dos jovens da sua altura na antiga Grécia e são inúmeros os escritores ou filósofos que ao longo da História se vêem ocupando desta problemática da “crise de valores“. Como se algures para trás no tempo tenha existido um espécie de era de ouro que se perdeu. O passado (esse local mitológico) sempre foi realmente um sítio fantástico, sobretudo quando a memória é curta. Como se andássemos, de geração em geração, constantemente em busca de uma espécie de paraíso perdido que nunca existiu.

Almeida Santos e o redactor do Público não fazem mais do que perpetuar o meme, dando de barato, erradamente acho eu, que os “valores” estão em crise, sobretudo, o que é mais bizarro, na chamada civilização ocidental - onde o que a realidade concreta, presente e histórica, nos mostra é que os “valores“ nunca estiveram tão bem e nunca foram tão valorizados. Apesar de tudo.

E de que “valores” fala esta gente afinal? O discurso da crise dos valores é frequente, por exemplo, pelas religiões. A Igreja Católica e os muçulmanos  passam a vida a lamentar isso mesmo - há centenas de anos que o fazem, de resto, ou mesmo há milhares se tivermos em conta as narrativas do Velho Testamento - onde Deus, debalde, é suposto ter resolvido esse dilema com os lendários genocídios de Sodoma e Gomorra e do dilúvio. Os massacres divinos não resolveram coisa nenhuma e a “crise de valores” persiste. E isso, a lamentação dos religiosos, compreende-se, porque reflecte a eterna impossibilidade de conciliação entre a doutrina e a condição humana. Na óptica dos estritos padrões morais cristãos ou muçulmanos o mundo esteve, está e há-de estar perpetuamente mergulhado em “crise de valores”. É essa dinâmica irreconciliável, aliás, que alimenta a narrativa apocalíptica e redentora dos monoteísmos em busca de clientela. Já é mais estranho quando gente supostamente mais esclarecida e secularizada (como os almeidas santos e os jornalistas) embarca nessa lógica falaciosa, que radica, digo eu, na ignorância. Principalmente na ignorância do passado. Mas também na incapacidade de olhar para o mundo hodierno sem as palas da ideologia e da teologia.

Os almeidas santos e os jornalistas referem-se, regra geral, a outra ordem de valores, seculares e republicanos, alguns dos quais coincidem com princípios judaico-cristãos (que estão longe de serem originais, muitos séculos antes de Cristo já outras sociedades e religiões os advogavam), mas que são basicamente herança do iluminismo e do humanismo, da dinâmica cultural, social e económica que arrancou com a expansão ultramarina europeia e com a Renascença, a partir sobretudo do século XVI e que desembocou, no século XVIII (Revolução Francesa, independência dos EUA, etc.) com a republicanização das nações. Basicamente, quando a separação entre Estado e a Igreja finalmente se concretizou. Em termos simplistas, para não tornar o post mais maçudo, este processo histórico de secularização humanista da chamada “civilização ocidental”, acabou por resultar na democracia, nas liberdades cívicas e políticas, no Estado de Direito, no primado da ética e, sobretudo, no conjunto de princípios (valores) condensados na Declaração Universal dos Direitos do Homem.

A verdade, para além do histerismo mediático, é que nem é preciso conhecer muito de história para perceber, por exemplo, que nunca houve tanta preocupação com esta questão dos “valores“, principalmente a partir da Segunda Guerra Mundial. Em comparação com a miséria, a pestilência e a violência indiscriminada e quotidiana de séculos passados (incluindo a violência completamente discricionária e impune do Estado ou dos poderes religiosos e militares sobre o cidadão), das guerras constantes entre as nações e feudos europeus, da supremacia dos senhores da guerra, os tempos modernos são os mais pacíficos, prósperos e éticos de sempre. Os divertimentos públicos são um exemplo interessante: Há uns séculos atrás as famílias saiam ao fim de semana para assistir a enforcamentos, apedrejamentos e decapitações. Hoje, vamos à bola. Ou ao teatro, ou ao cinema. Ou passear no parque com os miúdos. Miúdos estes que já não se educam à estalada e ao pontapé, mas com muito amor e muito diálogo. Até há umas décadas atrás, as mulheres também eram disciplinadas à estalada e mal podiam abrir a boca. Hoje não há, e bem, quem as cale. Até há umas décadas atrás, um desastre natural era um castigo de Deus que, mal ou bem, se aceitava passivamente. Hoje, um terramoto mobiliza o apoio de milhões de pessoas, particulares, governos ou ONG’s, em movimentos de solidariedade internacional completamente impensáveis no passado.

Sendo óbvio que a explosão demográfica pós-industrial arrastou consigo inúmeros problemas e desafios, sobretudo ao nível das grandes cidades, também não é menos certo que, quer a nível estatal quer a nível associativo ou comunitário, ou mesmo online (o projecto Kiva é exemplar), se multiplicam os projectos e movimentos de solidariedade social. É também óbvio que persistem desigualdades sociais gritantes, mas a magnitude de pobreza não se compara com os níveis trágicos de antigamente, quando os únicos mecanismos de apoio aos mais desfavorecidos, às minorias ou aos deficientes, quando existiam, se limitavam à caridade das instituições religiosas. Basicamente, a miséria e a violência são fenómenos hoje em dia minoritários e não endémicos, generalizados, como eram até tempos muito recentes.

Tudo isto daria pano para muitas mangas, mas para atalhar, em apoio à minha tese, aconselharia que se ouvissem, por exemplo, estes dois senhores, que metem a “excelente forma intelectual” da eminência parda do PS num bolsito: São eles Stephen Pinker e Luc Ferry e podem ser ouvidos aqui e aqui, respectivamente. O primeiro fala do mito e da história da violência. O segundo fala da importância crescente da cultura do afecto nas famílias modernas.

* a este propósito, aconselharia (outra vez) por exemplo este documento norte-americano, que define alguns cenários para as próximas décadas

47 comentários:

Anónimo disse...

Dr.Almeida Santos. Achega sobre.
Recorte de jornal enviado à minha filha que vive em Itália
"Sexta-feira, 30 de janeiro 2006
Os recortes de jornal que lhe mando esta semana são estes:
a) o Bill Gates a ser condecorado
b) a Maria Elisa sendo despedida.
c) a declaração de uma das nossas primeiras figuras políticas sobre a escrita de história. Depois da apresentação do livro de fotografias do futuro-ex-presidente, o Dr. Almeida Santos pronunciou estas palavras fundamentais: “Fotobiografia é a melhor forma de fazer história”.
Eu reservava esta frase para um artigo sobre a escrita da história, mas cedo-a a quem decerto a saberá apreciar. Theresa S. de Castello Branco

Anónimo disse...

PENSAMENTO DO DIA EM 1867!!!!

"Os donos do capital vão estimular a classe trabalhadora a comprar bens
caros, casas e tecnologia, fazendo-os dever cada vez mais, até que se torne
insuportável. O débito não pago levará os bancos à falência, que terão que
ser nacionalizados pelo Estado"


Karl Marx, in Das Kapital, 1867

Anónimo disse...

Este texto é exemplar pela exposição e pela proposição. Tendo tese, apresenta-a com uma clareza modelar. Talvez por isso tenha, pelo menos até agora, suscitado tão poucos comentários. Até porque comer e calar nem sempre é má receita.

Anónimo disse...

que raio é o projecto kiva?

e termina-se como afecto nas famílias modernas? quo vadis?

todo o valor a partir do momento que é afirmado é ipso facto posto em crise. a crise de valores acompanha qualquer afirmação de valores. será isto um meme na definição do post? ólhe que não doutor, ólhe que não...

e é pena porque se perdeu uma belíssima oportunidade de malhar bem nessa eterna vaca sagrada que é o almeida santos, que só diz asneira, eternamente de bem com quem manda no ps, por mais capicuas que faça, passa a vida a mandar atoardas e ainda por cima escreve livros. livros meu deus, livros!

ass: Não Vá por Aí Doutor

Anónimo disse...

para conhecer o projecto Kiva, o ilustre Não Vá, se for demasiado preguiçoso para pesquisar por si, só tem de clikar no link que está na palavra Kiva.
Sim, termina-se com o afecto nas famílias. Mas era mais para os ilustres Não Vás clikarem no link e ouvirem o senhor Luc Ferry. Se o ilustre clikar, vai perceber porque é que se termina com o afecto nas famílias. E vai perceber também porque é que isto está tudo ligado e porque é que se vadis por ai.
E aqui nada se perde, tudo se transforma. Este post não invalida futuras malhações. Aliás, o meu amigo pode começar a dar ao dedo que não se perde nada.
E o cavalheiro não concorda exactamente com quê? É capaz de elaborar mais acerca do seu descontentamento?

Anónimo disse...

o que pensas do facto de, hoje por hoje, se eleger salazar como a figura? denota, ou não, uma crise de...valores? tens alguma explicação para isso?


Marquês de Pombal

Anónimo disse...

elege-se o salazar e há crise de valores? ólhe que não doutor, ólhe que não!

crise séria de valores era se se elegesse hoje o Sócretino!

ass: Isso não Corresponde à Verdade Doutor

Anónimo disse...

anda por aqui muita atoarda sem sentido nenhum. o texto é claro por si só. atoarda é atoarda.

Anónimo disse...

ó cão, que raio de forma de ganir. explica-te. responde às questões. gostava MESMO de perceber se o facto de eleger salazar nao quer dizer nada. se justificares para eu perceber, ok. assim não. é uma questão genuína e não para avacalhar.

Marquês

Anónimo disse...

ó cão, que raio de forma de ganir. explica-te. responde às questões. gostava MESMO de perceber se o facto de eleger salazar nao quer dizer nada. se justificares para eu perceber, ok. assim não. é uma questão genuína e não para avacalhar.

Marquês

Anónimo disse...

Ó marquês, quer dizer muito, precisamente por isso é que é mencionado no post. Onde ninguém diz que isto é um paraíso ético-moral. O que se afirma é que a "crise" não é uma questão eminentemente contemporânea nem conjuntural. E as "crises", como o Marquês deve saber porque é gente certamente esclarecida, são fenómenos conjunturais que sucedem a períodos de maior bonança ou abastança. O que se afirma é que, pelo contrário, nesse aspecto há hoje maior bonança e abastança. Olhe, o Tapor é um exemplo curioso de um valor que já não está em crise, que é a liberdade de expressão. Se entendermos, naturalmente, a liberdade como um valor.
E se hoje tanta gente anseia pelo botas, digo eu, é porque, entre outras coisas, se perpetua este mau hábito do meme da "crise de valores".

Anónimo disse...

Cão que é Cão é assim, morde e foge.


Caim

Anónimo disse...

É discutível se era ao Cão que competia responder, mas eu já tive um cão que era diferente: Mordia e ficava. Acho que o nosso cão também é mais do género rotweiller.

Anónimo disse...

Eh, pá, fiquei varado com esta postagem memética!
Embora tenha algumas reticências em relação à soltura analógica do conceito de meme ( o Stephen Jay Gould chamou-lhe "meaningless metaphor"), é verdade que a expressão " crise de valores" possui um poder replicador viral e é uma espécie de passepartout interpretativo.Ora o Almeida Santos, proverbial mentecapto, tinha que cair no asnal mimetismo hermenêutico e socorreu-se de um atalho do pensamento. Que se foda a burrice!
Boa posta, sim senhora!

Anónimo disse...

pás, eu não mordi e fugi. nem avacalhei. acho que percebi o texto, só isso. concordo. a liberdade é um valor com valor. a papagaiíce do almeida santos é pêéssismo de riquinho, nada mais. eleger o botas? claro, como não? atão num há gente que vai a pé a fátima porque deus tem mãe que usa brincos de ouro (está nas actas das aparições, não estou a gozar). quéquequerem mais? o Botas? claro. o Sócras? claríssimo. o alpeida santos? atão não?
agora, a metáfora, os pagaios, os jornalistas-jornaleiros, os marcelos (o da priavera e o de agora), isso tudo é escória que é nacional. e nem tudo o que é nacional é bom. é. existe. mas o Tapor também: lá está: liberdade, rotweiler e coiso. tázaver? responder a quê, méne? tá lá tudo no poste. agora a propósito: e gajas? cumé?

Anónimo disse...

gajas, como, Cão?


ass: Cuidado, Doutor, Muito Cuidado

Anónimo disse...

Eh, pá, cão-même, aí estão dois memes consabidos: "o que é nacional é bom" e o meme das "gajas boas". Este último, é claro, como diz a Susan Blackmore no The Meme Machine, explora tendências determinadas biologicamente e propaga-se mimetica e meteoricamente através, por exemplo (preferido), dos calendários oficinais a mostrarem a enormidade das glândulas mamárias e o nalgal calipígio do femeal.
Não havendo "gajas boas", seria interessante pensar, como faz a Susan Blackmore, como é que o meme "masturbation is fun" ganhou vantagem competitiva relativamente ao meme "masturbation is dirty". Aqui, penso eu, ajudou o Woody Allen, esse grande fazedor de memes. É que, em boa verdade, a masturbação, o "esgaramentar a laustríbia" é o "único acto de amor com a pessoa de quem nós realmente gostamos".No fundo, no fundo, o "esgaramentar a laustríbia" é um caso de memética.

Saudações

Anónimo disse...

Eh, pá, cão-même, aí estão dois memes consabidos: "o que é nacional é bom" e o meme das "gajas boas". Este último, é claro, como diz a Susan Blackmore no The Meme Machine, explora tendências determinadas biologicamente e propaga-se mimetica e meteoricamente através, por exemplo (preferido), dos calendários oficinais a mostrarem a enormidade das glândulas mamárias e o nalgal calipígio do femeal.
Não havendo "gajas boas", seria interessante pensar, como faz a Susan Blackmore, como é que o meme "masturbation is fun" ganhou vantagem competitiva relativamente ao meme "masturbation is dirty". Aqui, penso eu, ajudou o Woody Allen, esse grande fazedor de memes. É que, em boa verdade, a masturbação, o "esgaramantear a laustríbia" é o "único acto de amor com a pessoa de quem nós realmente gostamos".No fundo, no fundo, o "esgaramantear a laustríbia" é um caso de memética.

saudações

Anónimo disse...

este Britannicus é um erudito. é por causa de gajos assim que isto pula e avança.

ass: Muito Bem Doutor, Muito Bem

Anónimo disse...

o Britannicus agora, de facto, esgalhou-me o pessegueiro.

Anónimo disse...

ponto prévio: ó autor vai-te pôr num reco. se escreves e, depois, ficas tipo virgem ofendida, com remoques parvos (deve ser gente esclarecida)devias repensar o tapor. a questão foi e é clara e queria saber a tua opinião. pelos vistos achas que já lá está. ok, fico esclarecido quanto ao teu método argumentativo (imagino que semelhante à ironia, porque de maiêutica estamos conversados)
marquês

Anónimo disse...

é pá o gajo escreveu o post não tem mais nada a dizer. se não percebeste pergunta ao cão. ah, esse também acha que está lá tudo. olha, desenrasca-te por outro lado

voltaire

Anónimo disse...

ena, ena: ironia, maiêutica...
grande Liceu Nacional Feminino de D. Maria II que tais egrégios filhos ensinaste e doaste à Pátria.
(e sim, tá tudo no post.)

Anónimo disse...

isto sim é um post. redondo.definitivo. puro. absoluto. e os burros com dúvidas que vão zurrar para a sibéria.

tou com o Cão e o Post e o Jóta e o Almeida Santos, pôrra, desculpem é do entusiasmo, com o Almeida não. Almeida prá Sibéria. E pró Taiti, sem Memes, sem os posts absolutos e sobretudo sem o Cão.

ass: Assim Até Dá Gosto, Ó Doutor

Anónimo disse...

Ó marquês, mais alguma coisa? Já percebeste a opinião? E como é que gostas de ser tratado? À antiga? Ou com muito amor e muito diálogo? Quo vadis? Piscis fodis conas?

Anónimo disse...

já estou como o outro. o post é absoluto. sim, tá tudo dito. até o que não se disse. é melhor não saberes como gosto de ser tratado, acredita. é destes valores definitivos que eu gosto. se apanhasse estes textos quando andava pela vetusta, até chegava a bidoutor (ou daqueles com mestrado, doutoramento, pós doc e tudo)

Marquês (mas pouco)

Anónimo disse...

É pá o comment do brit vai já para post. Meme!
Mimo

Anónimo disse...

Ó marquês, de quais valores definitivos é que tu estás a falar?

Anónimo disse...

Ou és canito de morder e fugir?

Anónimo disse...

isso é mais o teu departamento. ainda não explicaste a questão que te foi colocada (rabiar é o que sabes fazer melhor)

mar quê?

Anónimo disse...

Pronto, eu explico outra vez:

«A questão é esta:
o que pensas do facto de, hoje por hoje, se eleger salazar como a figura? denota, ou não, uma crise de...valores? tens alguma explicação para isso?»

E a resposta é esta:

«Ó marquês, quer dizer muito, precisamente por isso é que é mencionado no post. Onde ninguém diz que isto é um paraíso ético-moral. O que se afirma é que a "crise" não é uma questão eminentemente contemporânea nem conjuntural. E as "crises", como o Marquês deve saber porque é gente certamente esclarecida, são fenómenos conjunturais que sucedem a períodos de maior bonança ou abastança. O que se afirma é que, pelo contrário, nesse aspecto há hoje maior bonança e abastança. Olhe, o Tapor é um exemplo curioso de um valor que já não está em crise, que é a liberdade de expressão. Se entendermos, naturalmente, a liberdade como um valor.
E se hoje tanta gente anseia pelo botas, digo eu, é porque, entre outras coisas, se perpetua este mau hábito do meme da "crise de valores".»

E o resto está no poste e também há mais pistas nos gróinks.

Mais alguma coisa?

Anónimo disse...

ó meu, inda num biste que o marquês é o maluco? já pareces o Xeco a dar-lhe com as torneiras municipalizadas, chiça.

Anónimo disse...

eu gosto dos gagos: à segunda percebe-se melhor.
portanto, não há qualquer crise. o que existe são pessoas que acham que há crise. ok. obrigados men

marquês

Anónimo disse...

Cão amigo, os malucos também merecem a nossa estima e o nosso respeito.

Ó marquês, porra, portanto nada disso! Isso é uma caricatura errada e maliciosa da tese postada. Um maniqueismo birrento, desculpa lá méne o mau jeito.

O que eu acho é estás a marrar para não dar o braço a torcer. É o que eu acho.

É claro que a questão da "crise moral" é um tema complexo. É claro que mesmo existindo valores tidos como "universais" (como os impressos na declaração dos direitos humanos), não deixam de o ser... para nós, os da tal "civilização ocidental". Ou, pelo menos, para muitos de nós. Um mullah iraniano já terá outro quadro de referencias morais. E também ele está convicto da sua razão.

Isto não quer significar que seja um relativista absoluto, não sou, prezo o relativismo na medida em que acho que é assim que as coisas são (como dizia o canis num momento zen: "é. existe."). E a aceitação dessa realidade, do mundo relativo, é o primeiro passo para o compreender melhor, e até eventualmente para o viver melhor, porque nos pode dar uam visão mais tolerante e aberta do mundo e dos outros. Mas isso não condiciona o meu comportamento, porque procuro não ser o que se poderia chamar de conformista.

A minha ética pessoal baseia-se nos mesmos princípios da referida Declaração e são esses valores, que na minha subjectividade tenho como os melhores e que na minha vida procuro praticar.

E no que respeita a estes meus valores, seculares e humanistas, afirmo eu que o discurso da "crise" é falacioso e ignorante. E digo isto porque, na minha apreciação do mundo e da história, os valores que eu tenho como bons, nunca foram tão respeitados e praticados.

Quero com isto tudo dizer que estamos perante um dilema muito mais profundo e muito mais insolúvel, que já se arrasta desde que saímos das árvores para viver em sociedades.

E que a generalidade das pessoas, que se alimenta de "sound bytes" merdiáticos, não pensa nisto com muita profundidade. Engole o discurso da "crise de valores" no seu sentido mais básico e superficial, o tal que leva ao sentimento, errado, de que "antigamente é que era bom". Como o botas, por exemplo. Além disso há que ter algum cuidado com sondagens televisivas. Se os portugueses fossem às urnas a sério e pudessem votar no regresso de uma ditadura, tenho a certeza que o botas ía com os cães, desculpa lá ó cão, por larga maioria. Burros mas não estúpidos, penso eu. Porque, de facto, houve uma grande evolução no capítulo dos valores. Se há crise a que não devemos dar demasiada atenção, é precisamente essa.

Por outro lado, se nos ativermos a pormenores, como o do deboche das gajas boas a passear seminuas pela rua - que faz levantar a tampa e outras coisas inconfessáveis aos crentes de moralidade mais rigorosa e literalista -, ou sondagens televisivas, e virmos nisso sinais inelutáveis de uma grave "crise" moral, perdemos de vista o mais importante, que é o grande quadro das tendências sociais e culturais do nosso tempo.

Posto isto, não o valorizamos, ao nosso tempo, como devemos, passamos a vida em prantos, lamentações e indignações. A olhar para trás e a ansiar por um tempo que só existe na nossa cabeça - por via dos memes. Quando nos podíamos estar a concentrar em questões bem mais importantes. Mas é claro, isto já sou eu a moralizar.

Há mais mas já estou farto de dar ao dedo e tenho coisas mais urgentes para atender, mas podemos continuar a conversar, se quiseres.

Anónimo disse...

dou de barato, a ti e ao cão, essas alarvidades. passo. quanto à pseudo argumentação,vamos lá: dizes tu, no poste, que já socrates se queixava do mesmo (há muitos anos atrás). ora, seguindo a mesma lógica, QUANDO é que houve crise? e não comeces a tergivar. responde. é que branquear e lavar mais branco, já nem o omo.

marquês

Anónimo disse...

O que é um tergivar?

Anónimo disse...

é um verbo em crise.
é uma alarvidade.
é uma vara de armandos.
é um meme mas só nosso.
é a gente ganhar qualquer coisa quando perde, como o Zebórdem.
é uma marquesada.
é uma cãolinada.
é uma espécie de Diário de Coimba só numa palavra.

Anónimo disse...

o que é Coimba?

Anónimo disse...

o que é J?

Anónimo disse...

Vá, responde, não fujas. O que é um tergivar? É um primo da maêutica?

Anónimo disse...

maêutica ou maiêutica? Não fujas, responde lá ou queres tergiversar?

Marquês

Anónimo disse...

Não fujas tu primeiro, olhó catano. Porque é que tenho de ser eu o primeiro a não fugir?

Anónimo disse...

porque tu és um zigue zague. E como gostas do magalhães

Anónimo disse...

É pá deixa lá o J. O jovem é uma espécie protegida


Gato das botas altas

Anónimo disse...

puta que os pariu!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Anónimo disse...

Eis o homem livre!

Anónimo disse...

amen