O Ti Armando foi convocado por nota oficial para se apresentar no prédio da PIDE-DGS, ali por trás da Praça da República, pouco tempo antes do 25 de Abril. Ao Ti Armando, calmeirão e pachola, velho rendeiro de courelas alheias, jamais passou pela cabeça em desobedecer a uma convocatória da polícia. E na data e hora marcada lá se apresentou. Confirmaram-lhe o nome e levaram-no para um dos calabouços.
Aí durante um dia e uma noite inteira levou vergalhada de cavalo marinho, dada por um meia-leca de bigodito que jamais aguentaria uma talochada do Ti Armando, quanto mais criar 8 filhos à força da enxada e farpão. Da vergalhada, o Ti Armando recordava três coisas: a primeira eram as duas costelas fendidas e a lesão permanente num tendão do calcanhar que o meteram a coxear para o resto da vida; a segunda era que só lhe falavam e perguntavam por um tal de “Regime” (diz ele que gostava de lhes agradar e responder, mas não conhecia o moço…), e a terceira era que no dia seguinte o puseram na rua, dorido e manco, explicando-lhe que não era nada, que não ligasse pois que se tratou de um engano. O Armando era outro. Era o de Vilarinho e do mesmo nome. Tinham-se enganado na terreola.
Esta história é verdadeira. Foi-me contada pelo próprio quando em 1978 com 15 anos servia de aguadeiro aos dez ou doze cavadores, que o meu velho trazia de volta dos torrões da vinha. Perante mais um dito que elogiava o bom Salazar-Que-Não-Roubava e que romanceava o antigo Regime, o Ti Armando poisou o tinto e a broa com sardinha, e mostrou as costas tisnadas do sol, mas marcadas com as vergalhadas que um miserável lhe fez em nome de um Regime que ele desconhecia existir, quanto mais ser contra.
Aí durante um dia e uma noite inteira levou vergalhada de cavalo marinho, dada por um meia-leca de bigodito que jamais aguentaria uma talochada do Ti Armando, quanto mais criar 8 filhos à força da enxada e farpão. Da vergalhada, o Ti Armando recordava três coisas: a primeira eram as duas costelas fendidas e a lesão permanente num tendão do calcanhar que o meteram a coxear para o resto da vida; a segunda era que só lhe falavam e perguntavam por um tal de “Regime” (diz ele que gostava de lhes agradar e responder, mas não conhecia o moço…), e a terceira era que no dia seguinte o puseram na rua, dorido e manco, explicando-lhe que não era nada, que não ligasse pois que se tratou de um engano. O Armando era outro. Era o de Vilarinho e do mesmo nome. Tinham-se enganado na terreola.
Esta história é verdadeira. Foi-me contada pelo próprio quando em 1978 com 15 anos servia de aguadeiro aos dez ou doze cavadores, que o meu velho trazia de volta dos torrões da vinha. Perante mais um dito que elogiava o bom Salazar-Que-Não-Roubava e que romanceava o antigo Regime, o Ti Armando poisou o tinto e a broa com sardinha, e mostrou as costas tisnadas do sol, mas marcadas com as vergalhadas que um miserável lhe fez em nome de um Regime que ele desconhecia existir, quanto mais ser contra.
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