29/03/07

O Sr Pinto De Sousa, Um Esfolador De Primeira!, por Mameluco

Sou fanático das notas económicas de rodapé dos jornais. Ninguém lê aquilo, mas eu leio e registo. Enciclopedismo de rodapé. Coleccionismo de leituras. E por essas notitas, que nunca dão parangonas de primeira página, fui sabendo da inépcia deste governo no controle da despesa pública. Que permanecia e permanece descontrolada. Isto é, não se limita a crescer, mas cresce como erva daninha por tudo quanto é sitio. E ninguém liga a isto. Apesar de todas as criticas que se fazem, as pessoas continuam a ter por assente que isto é inevitável e que estamos no bom caminho. Errado.

O Sr Pinto de Sousa veio há dias encher mais parangonas com a redução do défice do estado, para além até do previsto. Professoral e gongórico como sempre, o Sr Pinto de Sousa esqueceu-se de explicar duas coisitas simples:

Primeira: a redução do défice dá-se à conta da mais violenta e selvagem sangria dos portugueses e da economia portuguesa de que há memória. A subida exponencial das receitas assenta no mais brutal e descarado dos roubos em tudo o que é imposto e sobre tudo o que mexa. Temos o brutal aumento do IVA para 21%, o mais caro Imposto Sobre Produtos Petrolíferos de sempre, o mais caro Imposto sobre Imóveis de sempre, e as mais caras coimas e taxas sobre tudo e mais alguma coisa. Sintomática é a anedota do Imposto Sucessório, cujo fim foi prometido por Guterres e pelo Sr Pinto De Sousa. Ora, o Sr Pinto De Sousa de facto acabou com o Imposto Sucessório. Agora, sobre as heranças e as Doações as pessoas continuam a pagar Imposto e pagam muito mais do que antes, uma vez que pelo IMI os valores do imóveis foram actualizados, só que o Imposto chama-se "De Selo". Eis como se cumpre a promessa de acabar com um Imposto, na versão Pinto de Sousa.

Segunda: a redução do défice, como e muito bem chama à primeira página o Público de hoje, não se deve à redução da despesa. Essa continua descontrolada. É que o Sr Pinto De Sousa se é muito bom a esfolar os portugueses com o bisturi do seu poder de Impérium, já é muito mau a controlar a dieta do Porco Gordo que dá pelo nome de Estado. A legislação das obras públicas continua na mesma, pelo que o regabofe dos custos inflacionados em mais de 100% em tudo o que seja contratação do estado continua. O pacote anti-corrupção do Cravinho foi convenientemente despachado para a estranja com o seu autor. A doideira do endividamento camarário para construir a enésima rotunda, mailo mamarracho artístico em cima, segue de vento em popa. Os projectos faraónicos continuam a prosperar desde a central de moura, à Ota e ao TGV. A sangria das comissões de estudo, grupos de trabalho, autoridades de acompanhamento e quejandos que diariamente saem em jorro do diário da república é um fartote de riso e dinheiro. A relação da gula e engorda do Porco a que preside o Sr Pinto de Sousa, poderia continua aqui ad nauseam, mas não vale a pena.

O Sr Pinto De Sousa não sabe fazer dieta ao Porco e não sabe curá-lo das suas doenças. Sabe sim e bem, esfolá-lo e esquartejá-lo. E ainda ninguém lhe explicou que depois de matar o Porco e de o comer, deixa de haver Porco. Parece coisa simples, mas não é. E não há maneira de o Sr Pinto de Sousa a perceber.

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